CBDCs e moedas privadas

Bancos centrais árabes concluem teste e entram na 'corrida das CBDCs'

Maiores potências econômicas do Oriente Médio divulgam relatório sobre primeiros testes com moeda digital emitida pelos bancos centrais dos dois países

 (Reza/Getty Images)

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GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 30 de novembro de 2020 às 17h40.

Última atualização em 30 de novembro de 2020 às 17h42.

O Banco Central Saudita (SAMA) e o Banco Central dos Emirados Árabes Unidos (CBUAE) anunciaram ter completado com sucesso o primeiro teste da moeda digital que estão desenvolvendo há quase um ano. O anúncio foi feito em comunicado oficial emitido em conjunto pelas instituições no último domingo (29).

Chamado de Projeto Aber, a CBDC dos bancos centrais da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes — as duas maiores economias do Oriente Médio — foi anunciada em janeiro de 2019 e tinha em sua primeira fase o objetivo de estudar as tecnologias DLT e blockchain.

O relatório mostra que a moeda digital possui lastro em moedas fiduciárias e conclui que uma CBDC de emissão dupla é tecnicamente viável para pagamentos transfronteiriços. O documento destaca ainda que a moeda digital representa uma grande melhoria quando comparadas aos sistemas de pagamento centralizados utilizados atualmente, particularmente por sua arquitetura resiliente.

Durante o período de testes, afirma o relatório, "todos os obstáculos e imprevistos foram superados". O documento diz ainda que a CBDC atendeu a todos os requisitos pré-estabelecidos, inclusive questões ligadas a privacidade e descentralização. Preocupações ligadas à riscos econômicos também foram superados, já que a CBDC se mostrou bem-sucedida quanto à rastreabilidade e visibilidade de sua oferta.

Na análise das instituições, os próximos passos incluem melhorias na política do ativo e desenvolvimento de pesquisas. Também sugerem a adoção de um sistema DLT para melhorar a segurança do ativo e indicam a realização de novos testes, inclusive com novos parceiros, de outras regiões, já que um dos objetivos com a CBDC é melhorar o sistema de remessas internacionais.

Países do Oriente Médio como Arábia Saudita, Kuwait, Omã e os Emirados Árabes são, há muito tempo, dependentes economicamente dass suas reservas de petróleo, tanto para impulsionar seu desenvolvimento econômico quanto para atrair profissionais para a região. A diminuição das reservas e a descoberta de novos poços de petróleo nos EUA, entretanto, levaram esses países a investir mais em setores de tecnologia e turismo, como forma de proteger sua economia.

O desenvolvimento de uma CBDC vai de encontro ao que outras grandes economias estão fazendo a fim de melhorar o processo de digitalização financeira. Atualmente, a China lidera a "corrida das CBDCs", com o seu "yuan digital" já em fase bastante avançada de testes. Reino Unido, Suécia, Brasil e o Banco Central Europeu também têm grupos de estudos e projetos em construção sobre o assunto.

O desenvolvimento de moedas digitais por bancos centrais é visto também como ponto fundamental para a alta do bitcoin em 2020. Mesmo que o criptoativo não tenha relação direta com esses projetos, a maioria deles utiliza ou se basea na tecnologia blockchain, criada com o lançamento do bitcoin, em 2008. Além disso, atrai atenção para este novo modelo econômico, totalmente digital.

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