Olimpíada de Tóquio de US$ 12 bi vai ficar mais cara com atraso
É a primeira vez que os jogos são adiados desde que começaram a ser realizados no século XIX
Guilherme Dearo
Publicado em 27 de março de 2020 às 07h00.
Última atualização em 27 de março de 2020 às 07h00.
Com a decisão de adiar a Olimpíada de Tóquio para 2021, contribuintes e patrocinadores provavelmente terão que desembolsar bilhões de dólares a mais, justo quando a economia global desmorona com a pandemia de coronavírus.
O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, e o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, concordaram com um adiamento sem precedentes do evento por cerca de um ano devido ao impacto do coronavírus. É a primeira vez que os jogos são adiados desde que começaram a ser realizados no século XIX.
Agora, o governo Abe, juntamente com organizadores e a prefeitura de Tóquio, precisa começar a calcular os custos associados a essa decisão - e quem vai pagá-los.
“Quando você precisa mudar os planos em projetos como este, é como fazer um superpetroleiro dar meia-volta, e isso é muito caro”, disse Bent Flyvbjerg, professor da Said Business School, da Universidade de Oxford, autor de um estudo sobre orçamentos olímpicos estourados. “A única coisa que você pode fazer nesta fase é continuar pagando as contas.”
O comitê organizador do Japão disse em dezembro que o evento custaria 1,35 trilhão de ienes (US$ 12 bilhões), a maior parte dos quais seria coberta pelo comitê e pelo governo metropolitano de Tóquio.
O jornal Nikkei, citando o grupo, disse na quarta-feira que o atraso elevaria os custos em cerca de 300 bilhões de ienes.
Um professor da Universidade de Kansai, Katsuhiro Miyamoto, publicou recentemente uma estimativa de 422 bilhões de ienes em custos extras para um adiamento de um ano, além do impacto de 218 bilhões de ienes na economia, excluindo quaisquer efeitos da pandemia.
O comitê organizador do Japão buscará mais recursos de patrocinadores e do governo, sendo que associações esportivas devem enfrentar dificuldades financeiras, disse na quarta-feira o presidente do órgão, Yasuhiro Yamashita. Ainda não se sabe a quantidade de financiamento necessária, afirmou.
Grande parte dos custos extras deve resultar da necessidade de reter funcionários, que de outra forma seriam dispensados quando os jogos terminassem, disse Flyvbjerg. Mitigar esses gastos, colocando trabalhadores em outros projetos, provavelmente será difícil, dada a atual estagnação econômica global.
“O mundo não é mais o mesmo, então quem precisa de mais pessoas agora?” questiona Flyvbjerg.
Com a colaboração de Sohee Kim, Kana Nishizawa, Yuki Hagiwara e Ayai Tomisawa.