John F. Kennedy: "Foi tudo muito rápido, imediatamente a espingarda entrou no interior (do edifício)", contou uma testemunha do acidente (Darren McCollester/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 22 de novembro de 2013 às 15h40.
Dallas - Rickey Chism, um morador de Dallas, sempre lembrará o dia em que estava na escola e se viu fotografado em um livro de história.
Ninguém o achou, mas ao chegar a casa explicaram que efetivamente era ele: sua família tinha presenciado na primeira fila o assassinato do presidente John F. Kennedy.
Rickey, tinha só três anos em 22 de novembro de 1963, e foi um dos muitos habitantes de Dallas que se tornou testemunha direta da história, como o médico Ronald Jones, que tentou reanimar Kennedy, e Eugene Boone, que descobriu o arma do assassinato.
Quando os pais de Rickey contaram pela primeira vez do assassinato que presenciaram, entendeu o porquê de seu recorrente pesadelo, no qual matava alguém que passava em um carro. "Nunca tinha sabido por que sonhava", confessou.
Seu pai foi detido durante algumas horas como suspeito nesse trágico evento e sua mãe, que sempre dizia que Kennedy era "o homem mais bonito do mundo", nunca se tinha atrevido a contar essa história a ele por "medo".
Aos 53 anos, é um dos cidadãos de Dallas que contaram sua história no 50º aniversário da morte do presidente americano.
Enquanto a família Chism era levada para a delegacia, o chefe de cirurgia na emergência do hospital Parkland Memorial, Ronald Jones, enfrentava outro imprevisto: "Quando te chamam porque o presidente dos Estados Unidos foi atingido por tiros, evidentemente há tensão", lembrou.
"O presidente não se movimentava e tinha os olhos abertos", mas os vários minutos de esforços não bastaram para uma pessoa que sangrava muito, tinha perdido massa encefálica e tinha buracos de bala na cabeça e no pescoço. "Provavelmente estava morto desde o princípio".
Jones lembra a ordem dentro do caos na sala de operações, cheia de gente, com talvez 20 pessoas em uma sala de cirurgia.
O fotógrafo Bob Jackson, que cobria a visita presidencial para o jornal "Dallas Times Herald", também foi para o hospital, embora talvez já com o remorso de ter perdido a melhor imagem de sua carreira.
Ele estava sete carros atrás do casal Kennedy na comitiva e viu à distância a espingarda no sexto andar do edifício do Texas School Book Depository, mas nesse momento não tinha a câmera à mão.
"Foi tudo muito rápido, imediatamente a espingarda entrou no interior (do edifício)". Tinha perdido a imagem.
O que não intuiu Jackson naquele 22 de novembro é que dois dias mais tarde tiraria outra foto - desta vez a foto - com a qual ganharia um prêmio Pulitzer: a imagem de Jack Ruby atirando em Lee Harvey Oswald, preso pelos disparos ao presidente.
Naquelas horas sufocantes da história de Dallas, na época uma cidade de 680 mil habitantes, com reputação extremista, as histórias se cruzaram da forma mais caprichosa.
É o caso também de Eugene Boone, então vice-prefeito de Dallas, que encontrou a espingarda com o qual Lee Oswald teria assassinado o presidente naquele sexto andar, que se lembra, estava bagunçado, sujo e caótico.
Só viu a espingarda: "Nunca toquei na arma", repete Boone cinco vezes durante sua fala à imprensa.
Depois de dois dias, Boone recebeu um telefonema de sua esposa, que acabava de ver na televisão que tinham atirado em Lee Oswald e que tinha sido Ruby. "Não podia ser Jack", disse a si mesmo.
"Mas era". Boone tinha tido como cliente em um trabalho anterior que matou o assassino de Kennedy e a quem se refere como alguém com "algum tipo de complexo" e uma personalidade "muito emocional".
Exatamente Jack Ruby, empresário da noite, tinha sido detido por uma briga W.E. "Gene" Barnett, e esse mesmo policial estava na esquina das ruas Elm e Houston de Dallas, a poucos metros do lugar do assassinato.
"Dentro do edifício!", gritaram ao policial. Foi dali que saíram as três balas daquele 22 de novembro de 1963.