Vale a pena usar o banner “Open to Work” no LinkedIn? Ex-recrutador do Google traz um alerta
Recrutadores discordam sobre a vantagem ou não de usar a arte “aberto ao trabalho”. Independente do uso ou não do sinal, diretor do LinkedIn compartilha 3 dicas para destacar o perfil na plataforma
Repórter
Publicado em 19 de abril de 2024 às 10h45.
Última atualização em 19 de abril de 2024 às 11h23.
Você já usou o banner “Open to Work” do LinkedIn? Muitos profissionais buscam com essa arte verde na foto de perfil despertar a atenção das empresas, mas será que essa iniciativa ajuda ou atrapalha?
A ideia de criar esse banner, segundo o próprio LinkedIn, surgiu na época da pandemia, após muitas pessoas perderem seus empregos.
"O selo ‘OpenToWork’ do LinkedIn pode ser uma ferramenta extremamente prática e útil, uma vez que simplifica o processo de informar à rede sobre a busca por emprego e interesse por novas oportunidades”, diz LinkedIn Brasil em nota.
Dados da plataforma mostram que 28 milhões de membros no mundo optaram por adicionar a moldura no último ano, e ao ativar a ferramenta, o profissional dobra suas chances de receber mensagens de recrutadores - mas recrutadores divergem quanto ao benefício desse banner.
O sinal verde que pode ser uma bandeira vermelha
Para Nolan Church, ex-recrutador do Google e atual CEO da empresa de dados salariais FairComp, a tag que aparece na foto de perfil pode mais atrapalhar do que ajudar quem busca por uma recolocação no mercado de trabalho. Em entrevista à CNBC, Church afirma que há“uma crença no mercado de que as melhores pessoas não anunciariam desta forma que estão à procura de trabalho.”
A ex-recrutadora da Amazon, nos EUA, e atual treinadora de carreira, Lindsay Mustain, também concorda com Church. À CNBC, ela comenta que o recrutamento é uma dinâmica de poder.“Os recrutadores querem querer você, e não o contrário.Com esse banner ativado, “porque você precisa de algo de mim, isso significa que tenho o poder nesta conversa”, diz.
Existe uma vantagem?
Apesar de parecer uma medida de desespero para muitos recrutadores, para outros é um sinal válido de atrair a atenção no mercado de trabalho.
“Estamos habituados à premissa de que os bons profissionais já estão empregados”, diz Luciana Carvalho, CEO da Chiefs.Group, que reforça que esse pensamento fez sentido em algum momento, mas nos últimos três anos, mais de 40 milhões de pessoas foram demitidas no mundo. “Com esse número tão expressivo,não dá mais para mantermos a ideia de que apenas os bons estão empregados. Claramente, novas formas de recrutar precisarão ser consideradas, e o banner pode sim ser um dos caminhos.”
Para a executiva Maria Regina César, diretora de RH da Môre, talent tech de produtos e serviços digitais, o uso do banner “Open to Work” no LinkedIn tem várias vantagens significativas.
“Em primeiro lugar, em períodos em que o mercado está com uma alta oferta de candidatos, esse banner facilita a triagem inicial. Ele indica claramente que o profissional está disponível, o que nos permite acelerar o processo de seleção em situações em que a resposta rápida é essencial”, diz César que reforça que a tag também serve como uma informação complementar que ajuda a priorizar candidatos. “Isso se mostra particularmente útil em processos seletivos onde o tempo é um fator crítico, e precisamos de profissionais prontos para iniciar imediatamente”.
A discussão, segundo Carvalho, não deveria ser sobre o banner ser positivo ou negativo, mas sobre a mudança da mentalidade das empresas e recrutadores em entender que com a reinvenção do trabalho os talentos estão no centro e são os protagonistas de suas carreiras.“Isso significa que um profissional pode já estar contratado e estar ‘open to work’. Se ficamos ou não presos a um simples selo, perdemos oportunidades de acessar talentos ideais para a nossa necessidade”.
As 3 dicas para destacar o seu perfil no LinkedIn
Entre os recrutadores que aprovam ou não o sinal, fato é que as qualificações é que poderão chamar a atenção do recrutador para a entrevista, afirma Nathalia Ferreira, Gerente de Recrutamento e Seleção na Nestlé Brasil.
"O uso do banner não é requisito para que uma pessoa seja considerada ou desclassificada dos nossos processos seletivos”, diz. “No LinkedIn, priorizamos perfis que estejam alinhados com a cultura e propósito da empresa, que demonstrem habilidades técnicas relevantes para a vaga em questão e que expressem disposição e interesse genuíno em integrar nossa equipe. Não é o uso do banner ou a falta que determinará o sucesso ou a negativa para uma vaga."
Para destacar da melhor maneira seu perfil, Tomer Cohen, diretor de produtos do LinkedIn , destaca 3 dicas para o profissional ter um currículo de destaque na plataforma:
- Considere sua identidade profissional e como você deseja se apresentar: No seu perfil tem que ter tudo o que é profissionalmente relevante sobre você, onde você trabalhou, suas habilidades e conquistas de forma clara e profissional. E hoje, no LinkedIn, você realmente tem um produto de IA que te ajuda a fazer isso.
- Destaque suas habilidades específicas. Hoje, recrutadores se importam com habilidades. Quais habilidades você tem? O que você traz para o mundo do trabalho? Você sabe como executar campanhas e marketing? Você sabe como escrever com criatividade? Você sabe como fazer engenharia e programação? Você sabe como vender? Então, realmente anote suas habilidades para que as pessoas possam ver exatamente sua expertise.
- Compartilhe conteúdo relacionado à sua área de expertise e interaja na plataforma para construir uma rede sólida: Comece a falar sobre algo que domina, todo mundo tem um ofício sobre o qual sabe muito. Seja capaz de representar quem você é e falar sobre as coisas que você se importa na rede. Acredite, você está sendo visto.
“No final de tudo,o segredo é ser autêntico, é mostrar quem você é, além de se envolver ativamente com a sua rede. É assim que as oportunidades vêm até você”, diz Cohen.