Carreira

Um fundo de investimento como patrão

Os gestores de private equity vão aumentar suas investidas nas empresas brasileiras. Veja o que isso significa para a sua carreira

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de junho de 2013 às 16h48.

S e você trabalha em uma empresa de pequeno ou médio porte que atua nas áreas de varejo, educação ou alimentos, que vem obtendo bom desempenho, é bem provável que sua companhia esteja na mira de um fundo de private equity.

Esses investidores adquirem empresas tidas como promissoras para, anos depois, revendê-las por um preço maior. A expectativa para este ano é que esses fundos aumentem sua participação no mercado brasileiro.

"Nos próximos três anos, as aquisições dos fundos por aqui devem ficar acima da média mundial, de 30%,  pois o mercado está muito atrativo", diz Alexandre Pierantoni, sócio da PricewaterhouseCoopers e responsável pela área de fusões e aquisições da consultoria.

Um exemplo foi a aquisição, em dezembro, da CVC pelo Carlyle, fundo que comprou 63% da operadora de turismo. Com esse cenário, a oportunidade de trabalhar em uma das empresas compradas aumenta, já que a dança das cadeiras nas companhias adquiridas é frequente.

Neste ano, os fundos têm cerca de 10 bilhões de dólares para investir aqui, sem contar os estrangeiros que estão chegando, como o gigante Warburg Pincus, que — estima-se — tem 1,5 bilhão de dólares só para o Brasil. Entram nessa conta também os fundos de venture capital, que aplicam nas empresas mais jovens e inovadoras, enquanto os de private equity preferem empresas mais maduras.

"Agronegócio, tecnologia e biotecnologia são segmentos interessantes para venture capital", diz Luiz Eugenio Figueiredo, presidente da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP).

Quando um fundo entra em uma empresa, seus gestores exigem mudanças para aumentar a rentabilidade e a participação no mercado. Isso vai preparar a companhia para ir à bolsa de valores ou ser vendida para grandes grupos.

"Se for necessário trocar toda a diretoria, eles não vão pensar duas vezes, mas essa não é a tendência geral", diz Claudio Garcia, presidente da consultoria de recolocação DBM, de São Paulo. A substituição do diretor financeiro, por exemplo, é comum.

"Vai depender se o executivo está alinhado com a profissionalização", diz Cláudio Santos, diretor da GG Investimentos, gestora de private equity de São Paulo, que tem 2 bilhões de reais em patrimônio. Na Rapidão Cometa, empresa de logística de Pernambuco, a GG sugeriu um diretor financeiro.

Na Visum, fabricante de componentes eletrônicos de Curitiba, no Paraná, ajudou a escolher um diretor de RH, cargo que não existia. Em 2008, depois de meses de due dilligence (o dinheiro sai só depois de uma análise rigorosa pelos fundos e de algumas mudanças já feitas), a GG comprou 52% da Visum por 120 milhões de reais.

A empresa tem hoje 3.000 empregados, dez vezes o que havia antes da aquisição, e seu faturamento saltou de 160 milhões de reais, há dois anos, para 460 milhões de reais no ano passado. 

Novo RH

Investir na gestão de pessoas é uma das novidades que vem com o capital extra dos fundos. E isso traz mudanças na expectativa por desempenho.

"Estabelecemos um programa de desenvolvimento para 40 gestores", diz Celso Silva, diretor de RH da Visum. A paranaense Mariana Leite, de 27 anos, foi promovida em abril do ano passado para a gerência de logística e hoje faz parte desse programa. "Temos mais processos e medição de resultados", diz Mariana. 

A remuneração variável é outra prática usada pelos fundos para estimular o cumprimento das metas ambiciosas de crescimento. No caso da Visum, foi implantada uma bonificação de até 11 salários para os executivos.

Na fabricante de sistemas para mineração Devex, de Belo Horizonte, em Minas Gerais, foi contratada uma consultoria de RH para fazer as mudanças. A Devex recebeu, em 2009, um aporte da FIR Capital, gestora de fundos de Belo Horizonte. A empresa tem 150 funcionários e faturou 17,5 milhões de reais no ano passado.

"O esperado é que o faturamento das companhias em que investimos cresça cinco vezes dentro de cinco anos", diz Marcus Regueira, diretor da FIR. Nesse ritmo, José Alfred Greathouse, de 31 anos, foi promovido a analista de negócios de vendas no ano passado. "Minha remuneração variável agora é trimestral e pode chegar a três salários a mais por ano", diz José Alfred. 

Acompanhe tudo sobre:Edição 140[]

Mais de Carreira

7 profissões para quem quer trabalhar em startups

Como se preparar para testes de raciocínio lógico em processos seletivos? Exemplos com respostas

Como usar a técnica "STAR" para mandar bem na entrevista de emprego

"Qual seu estilo de trabalho?": como responder isso entrevista de emprego

Mais na Exame