Baristas da Starbucks terão até 18 semanas de licença parental paga, um benefício raro no setor de serviços nos Estados Unidos. (Joshua Trujillo/Starbucks/Divulgação)
Redator na Exame
Publicado em 17 de dezembro de 2024 às 09h37.
A Starbucks anunciou, nesta segunda-feira, 16, uma expansão significativa em sua política de licença parental remunerada para trabalhadores de suas lojas nos Estados Unidos. A mudança, que entra em vigor a partir de março, eleva de 6 para 18 semanas o período de afastamento pago a 100% do salário para pais biológicos. Já pais não biológicos, como cônjuges, adotantes ou aqueles que utilizam barrigas de aluguel, terão direito a 12 semanas de licença paga.
De acordo com a Bloomberg, o anúncio faz parte da estratégia do CEO Brian Niccol, que assumiu a liderança da companhia no início deste ano com o objetivo de impulsionar o crescimento após três trimestres consecutivos de queda nas vendas. Além de acelerar o atendimento aos clientes e melhorar a experiência nas lojas, a Starbucks busca aprimorar a satisfação de seus funcionários, uma medida que Niccol considera essencial para melhorar o desempenho geral da empresa.
CEO da Starbucks irá trabalhar a 1.600 Km de distância e não pretende se mudarNos Estados Unidos, o acesso à licença parental remunerada ainda é uma raridade, especialmente no setor de serviços. Segundo a Society for Human Resource Management, apenas 40% dos empregadores ofereceram o benefício em 2023. Dados do Bureau of Labor Statistics mostram que apenas 16% dos trabalhadores do setor de serviços tiveram acesso à licença familiar paga no mesmo período, que inclui afastamento para cuidados com recém-nascidos ou familiares doentes.
A Starbucks, que emprega milhares de baristas no país, está entre os poucos varejistas a oferecer um benefício tão robusto. Segundo dados da JUST Capital, apenas 2% das empresas do varejo com políticas divulgadas oferecem um período semelhante de licença parental paga. Na maioria dos casos, o afastamento é inferior a 12 semanas, tornando a Starbucks uma exceção dentro do setor.
Para os baristas que trabalham em média 20 horas semanais, a licença é garantida, algo incomum para trabalhadores de meio período nos Estados Unidos. Sara Kelly, vice-presidente de recursos humanos da Starbucks, destacou que o novo benefício é resultado direto do feedback dos funcionários: “Sabemos que quando investimos neles, eles entregam uma experiência excepcional para os clientes.”
O anúncio surge em meio às negociações entre a Starbucks e o Starbucks Workers United, sindicato que representa cerca de 5% dos trabalhadores da rede nos EUA. O grupo pressionava a empresa a equiparar os benefícios oferecidos aos trabalhadores das lojas com aqueles destinados aos funcionários corporativos, que anteriormente recebiam o dobro do tempo de licença parental.
“Por anos, a Starbucks ofereceu aos funcionários corporativos o dobro do tempo de licença parental em comparação com os trabalhadores das lojas,” afirmou Michelle Eisen, barista e líder sindical. “Estamos orgulhosos dessa vitória, que beneficia todos os baristas.”A política anterior concedia 6 semanas de licença remunerada para os trabalhadores das lojas, com a possibilidade de estender o período para 12 semanas sem remuneração. A nova medida reforça o compromisso da empresa em oferecer condições mais igualitárias, alinhando-se à demanda dos colaboradores.
Além da licença parental, a Starbucks costuma destacar sua gama de benefícios oferecidos aos funcionários, incluindo salários competitivos, plano de saúde, bolsas universitárias e opções de ações da empresa. O CEO Brian Niccol também reafirmou o compromisso de preencher 90% das posições de liderança nas lojas com candidatos internos, incentivando o crescimento profissional dentro da rede.
Entretanto, nem todas as notícias são positivas para os funcionários. Após resultados financeiros abaixo do esperado, os aumentos salariais programados para o próximo ano serão menores do que em 2023. Segundo a empresa, os reajustes estão vinculados à competitividade do mercado e ao desempenho do negócio. Os trabalhadores corporativos também sentirão os efeitos do desempenho financeiro: eles receberão apenas 60% dos bônus anuais.
Apesar dos desafios, a ampliação da licença parental é vista como um passo importante para a Starbucks na disputa por mão de obra qualificada em um setor com alta rotatividade. Empresas como a Chipotle, onde Niccol atuava anteriormente, também oferecem licenças remuneradas para funcionários das lojas, mas em períodos menores do que os agora oferecidos pela Starbucks.