Quem são os profissionais mais raros no Brasil (e por quê)
Carência de competências, avanços tecnológicos e situação econômica explicam escassez de talentos no país; conheça os profissionais mais difíceis de encontrar
Claudia Gasparini
Publicado em 4 de setembro de 2014 às 10h00.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 15h03.
São Paulo - Profissionais das áreas de finanças , engenharia , TI e vendas estão em falta no Brasil, segundo uma pesquisa realizada pelo ManpowerGroup. "São áreas com forte apelo técnico", comenta Márcia Almström, diretora de recursos humanos da empresa responsável pelo levantamento, cuja versão global entrevistou mais de 37 mil empregadores. Isso quer dizer que é só lidar bem com números e o emprego está garantido? Não é bem assim, segundo a executiva. Almström explica que, associadas a competências técnicas, também estão em falta as chamadas 'soft skills' ou habilidades mais 'brandas', ligadas a gestão e liderança, por exemplo. "Para se dar bem num mercado tão sedento por eles, esses profissionais raros precisam construir sua carreira além do conhecimento técnico e buscar outras qualificações", afirma. Dos 42 países focalizados pela pesquisa, o Brasil é o 4º com maior escassez de talentos, empatando com a Argentina. "Entre outros motivos para essa situação, há um grande aumento da competitividade, avanços tecnológicos e lacunas na formação profissional", explica Almström. Além dos profissionais já citados, no ranking também figuram operários, motoristas, técnicos e trabalhadores de ofício manual. A seguir, veja lista dos 10 profissionais mais buscados no Brasil:
São os profissionais que fazem qualquer tipo de trabalho braçal em diversos setores da economia, como indústria, agricultura e comércio. Por que estão em falta: "Está difícil encontrar quem tenha experiência como operário", aponta Márcia Almström, diretora de RH do Manpower Group. De acordo com ela, o mercado está esvaziado pela busca natural dos profissionais por ocupações mais qualificadas e consequente aumento de renda. Posição no ranking em 2014: 1º Posição no ranking em 2013: 5º
São profissionais formados em cursos com duração habitual de 2 anos. Exercem tanto funções gerenciais quanto operacionais em diversas áreas, como automoção, alimentos ou edificações, por exemplo. Por que estão em falta: Segundo Almström, nos últimos 30 anos, pouco se investiu em cursos para formar técnicos no Brasil. "Hoje, colhemos os frutos de privilegiar o ensino superior, e só colheremos os frutos de programas como o Pronatec daqui a alguns anos", diz. Posição no ranking em 2014: 2º Posição no ranking em 2013: 1º
São profissionais que exercem funções de apoio à administração, articulando o trabalho cotidiano do escritório e facilitando fluxos. Por que estão em falta: Novamente, faltam competências exigidas pelo mercado atual. Isso porque faz parte do passado a figura da secretária que só atendia telefonemas e anotava recados. "Hoje é preciso dominar idiomas, ter conhecimento em programas como Excel e dominar ferramentas online de teleconferência, por exemplo", explica Almström. Posição no ranking em 2014: 4º Posição no ranking em 2013: 8º
São profissionais autônomos que empregam habilidades específicas, tais como eletricistas, costureiras, sapateiros, pintores e encanadores. Por que estão em falta: A situação se deve à movimentação da força de trabalho na direção de atividades com maior qualificação. "Esses profissionais têm buscado formação para melhorar de vida, e acabam abandonando suas ocupações antigas", diz Almström. Posição no ranking em 2014: 5º Posição no ranking em 2013: 4º
São aqueles que cuidam da infraestrutura, da gestão de computadores e de todos os processos relacionados a tecnologia da informação. O profissional é disputado tanto por empresas de desenvolvimento de software quanto por bancos e companhias de telefonia celular, por exemplo. Por que estão em falta: As empresas têm apresentado demanda crescente por soluções de TI, mas não há oferta suficiente de mão de obra. "O ritmo de formação de profissionais ainda não acompanha a expectativa dos contratadores", explica a diretora de RH do Manpower Group. Posição no ranking em 2014: 6º Posição no ranking em 2013: não apareceu
São aqueles que acompanham, medem e garantem a saúde financeira da empresa. Em tempos de exigência por produtividade máxima, cuidam da gestão dos custos e da rentabilidade do negócio. Por que estão em falta: A realidade no mundo dos negócios mudou. Hoje, as empresas não precisam apenas do profissional que registra dados numéricos e faz apontamentos. "É preciso dominar o aspecto técnico das finanças, mas também ter um perfil de influenciador e consultor interno a respeito do negócio", explica Almström. Posição no ranking em 2014: 7º Posição no ranking em 2013: 3º
São profissionais que dominam o manuseio operacional de diversas máquinas na indústria e na agropecuária, por exemplo. Por que estão em falta: A falta de profissionais habilitados para suprir a demanda tem a ver com os avanços tecnológicos em maquinarias. "Hoje, os equipamentos são muito mais complexos do que há 20 anos, e faltam profissionais com competências em dia com essas atualizações", explica Almström. Posição no ranking em 2014: 8º Posição no ranking em 2013: 2º
São profissionais que podem ser empregados em praticamente qualquer tipo de indústria. Hoje fazem falta engenheiros para áreas que vão de infra-estrutura e exploração de petróleo até bancos e empresas de telecomunicações. Por que estão em falta: Almström afirma que os cursos de Exatas têm despertado pouco interesse nos jovens, o que explicaria em parte a falta de engenheiros. "Além disso, a demanda por eles cresceu muito nos últimos anos, devido à necessidade de desenvolver a economia", afirma. Posição no ranking em 2014: 9º Posição no ranking em 2013: 6º
São profissionais responsáveis pela geração de negócios, muitas vezes em escala global, combinando habilidades de gestão, conhecimentos em finanças e domínio da comunicação. Por que estão em falta: "Ter lucro ficou mais difícil com a nova forma de fazer negócios hoje", diz Almström. Gerir vendas se tornou um papel muito mais complexo do que no passado. "É preciso ser mais criativo, saber lidar com números e ter capacidade de liderar, mas poucos são os profissionais que atendem a todas essas exigências", afirma. Posição no ranking em 2014: 10º Posição no ranking em 2013: não apareceu
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