Profissional nervoso: fatores ambientais como ruídos e até cheiros atrapalham concentração (Daniel Mihailescu/AFP)
Claudia Gasparini
Publicado em 16 de julho de 2014 às 14h44.
São Paulo - Anda difícil se concentrar no trabalho? Os motivos por trás da sua improdutividade podem ser inúmeros, de noites mal dormidas ao bate-papo animado entre os seus vizinhos de baia.
Se você acha que a sua produtividade voltará ao normal com o fim da Copa do Mundo, talvez valha o alerta de que outros fatores poderão tirar seu foco nos quatro anos até o próximo campeonato.
A começar pelos colegas tagarelas, que povoam tantos ambientes de trabalho. É o que sugere uma pesquisa da consultoria de mobilidade de talentos Lee Hecht Harrison.
Feito com 848 profissionais norte-americanos, o levantamento aponta que os “hipercomunicativos” são os principais culpados pela distração dos seus companheiros de trabalho, de acordo com 45% dos consultados.
Para Jim Greenaway, vice-presidente da consultoria, os colegas falantes tendem a não perceber seu próprio impacto sonoro para os que estão ao redor, o que agrava e perpetua o problema.
Outros elementos do meio ambiente, como odores e até o design do escritório, também são citados no levantamento. Veja a lista completa a seguir:
O que mais tira a sua concentração no trabalho? | Percentual |
---|---|
Colegas falantes | 45% |
Emails | 18% |
Cheiros | 9% |
Ligações telefônicas | 8% |
Ruído do ambiente | 6% |
Design do escritório | 5% |
Tecnologia | 4% |
Nada | 5% |
Do lado de cá
A dificuldade de se concentrar no trabalho também é motivo de preocupação no Brasil. De acordo com uma pesquisa da empresa de recrutamento Robert Half, apenas 13% dos profissionais brasileiros conseguem concluir suas tarefas.
Para 24% dos entrevistados, o baixíssimo número pode ser explicado pela carga de trabalho excessiva. A falta de profissionais permanentes é a causa do problema para 26%, ao passo que as deficiências de direção e comunicação são apontadas como justificativa por 20%.
Mas fatores externos à própria organização do trabalho também podem contribuir para a improdutividade. A própria pesquisa demonstra que 45% dos profissionais temem o potencial dispersivo das mídias sociais no trabalho. Entre os oito países participantes, o Brasil é o mais preocupado com o tema.
Mas o problema não é só nosso. A tecnologia também apareceu com destaque em outra pesquisa norte-americana sobre produtividade, divulgada pelo site CareerBuilder.
No estudo, 24% dos respondentes admitiram que, durante um dia típico de trabalho, gastam uma hora ou mais com emails pessoais, ligações ou mensagens de texto.
Algumas soluções
Com tantas forças em ação para tirar o seu foco, o que fazer? De acordo com Fábio Saad, gerente sênior da Robert Half, algumas atitudes individuais podem ajudar a reduzir o problema.
No caso das distrações online, a dica é delimitar faixas de horário durante o expediente para acessar notícias e entretenimento. Se você usa redes sociais para se divertir, faça isso só nos seus horários de lazer - ou certamente vai se distrair e perder tempo. “É como se você levasse a televisão para o trabalho e ligasse de vez em quando”, compara Saad.
Outra dica para se manter nos trilhos é estabelecer prioridades. “Faça o mais fácil primeiro e aprenda a dizer ‘não’ às vezes”, diz o executivo. Segundo ele, garantir a entrega do “importante” reduz a frequência do “urgente”.
Saad também menciona a qualidade do sono. “Se você dorme pouco ou mal, sua memória de curto prazo está sempre lotada, o que dificulta o raciocínio e embota os sentidos”, explica. Com as suas funções cognitivas e sensoriais afetadas, é muito mais difícil se fixar numa tarefa.
Por fim, um dia produtivo depende de cuidados com a alimentação. Logo depois de comer, seu fluxo sanguíneo se concentra na área digestiva e seu cérebro fica menos oxigenado - dificultando a sua concentração.
Por isso, passar longos períodos de jejum e comer muito em uma ou duas grandes refeições é uma má ideia. “Melhor é parcelar suas refeições ao longo do dia, ingerindo menos quantidade de alimento em cada uma delas“, aconselha.