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Os segredos de quem passa na rigorosa seleção do Google

O que querem os recrutadores da empresa dos sonhos do jovem brasileiro? Assista

Sede do Google, no Vale do Sicílio: ícone das empresas que crescem exponencialmente (Ole Spata/Corbis/Latinstock)
DR

Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2016 às 19h00.

Como já era de se esperar, não existe uma fórmula mágica. Até mesmo porque, para o Google , contratar é uma das coisas mais importantes (se não ‘a’ mais importante) do negócio. A questão é que a empresa encara o recrutamento de maneira bastante peculiar, o que pode surpreender quem não está acostumado ao processo.

O intuito de fugir ao comum já estava presente já na carta aberta dos fundadores. O Google não é uma empresa convencional. Não pretendemos nos tornar uma, escreveram Larry Page e Sergey Brin, às vésperas de sua oferta pública inicial. Doze anos depois, a empresa está constantemente no topo da lista de emprego dos sonhos dos jovens, inclusive brasileiros, e tem um dos processos seletivos mais concorridos do mundo.

Sua forte presença no país – por exemplo o Google Campus São Paulo, centro para startups sobre o qual o é possível ler mais aqui, é um de seis no mundo – também se reflete na quantidade de vagas disponíveis, concentradas na capital paulista, onde fica a maior parte da área comercial e de negócios, embora também existam vagas no centro de engenharia da empresa em Belo Horizonte (MG). Todas são postadas na página de carreiras da empresa e atualizadas com frequência.

No vídeo a seguir, veja as dicas que Monica Santos, Diretora de RH do Google, compartilhou com o Na Prática:

Os comitês
Ao se inscrever, o candidato já entra em um processo seletivo um pouco diferente dos outros. São cerca de quatro conversas que tratam de hipóteses e padrões de comportamento relacionadas ao trabalho e envolvem pessoas de diferentes áreas, incluindo o seu futuro gestor. Em seguida, um dossiê é compilado e encaminhado para um comitê (muitas vezes na sede da empresa, nos Estados Unidos) que toma a decisão final sobre a contratação.

Esse documento é chamado de ‘pasta de contratação’, e reúne todas as informações a respeito de um candidato que avançou nas entrevistas. No começo, quem dava a confirmação final para (literalmente) todas as contratações era o próprio Larry Page. Com o crescimento da empresa – que hoje já passou dos 45 mil funcionários – essa função passou a ficar com comitês. Esse comitê existe para que o processo de contratação seja coletivo e, portanto, mais baseado em dados do que em relacionamentos ou opiniões.

Da mesma forma, tirar a decisão final do gestor ou do diretor de recursos humanos local evita que alguém seja contratado simplesmente pela urgência em preencher determinada vaga, já que quem está sentindo na pele a necessidade de uma nova pessoa na equipe pode se precipitar na contratação.

Em outras palavras, só entra na empresa quem realmente tem perfil e competência para estar lá. A ideia de dedicar tanto tempo e energia para as contratações foi inspirada nas grandes universidades, que demoram muito para recrutar professores mas raramente os demitem.

Dicas durante o processo
Monica Santos destaca o quanto é importante chegar preparado. Procure conhecer a empresa e se informar o máximo possível, diz ela. Como ela ganha dinheiro? O que faz? Quais são seus produtos? Seus objetivos?

Outro ponto crucial é entregar um currículo honesto. Não minta, diz Monica. Não adianta fingir porque, ao ser contratado, não vai conseguir sustentar o papel. É algo que ecoa o apelo de Laszlo Bock, vice-presidente sênior de Operações Pessoais da empresa, quando o assunto são os erros de CV que o Google não deixa passar.

Há três grandes problemas com a mentira, escreveu ele. Primeiro, você pode ser pego facilmente. A internet, suas referências ou pessoas que trabalharam em sua empresa no passado podem revelar sua fraude. Segundo, mentiras te seguem para sempre. Em terceiro lugar… Nossas mães nos ensinaram isso. Sério.

Para facilitar as coisas, o próprio processo seletivo funciona como um pequeno período de experimentação, em que o possível novo funcionário interage com chefes, pares e colegas. Assim, fica mais fácil para todo mundo descobrir se realmente há alinhamento. Quando você está contratando os melhores do mercado, a pessoa também está escolhendo se o Google o lugar certo para ela, resume Monica.

O processo é basicamente o mesmo também em outras nações. E não importa se a vaga é para um gerente ou um estagiário, tecnologia ou marketing, há quatro atributos que são sempre fundamentais nos escritórios do Google pelo mundo. Entenda no vídeo a seguir:

Agora veja a definição desses quatro atributos dada pelos próprios Eric Schmidt e Jonathan Rosenberg (ex-CEO e Chairman da empresa, respectivamente) no livro ‘Como o Google Funciona’:

1. Liderança
Queremos saber as diferentes soluções que alguém usou em várias situações a fim de mobilizar uma equipe. Isso pode incluir assumir um papel de liderança no trabalho ou em uma organização, ou mesmo ajudar uma equipe a obter sucesso mesmo quando o entrevistado não era oficialmente o líder designado.

A capacidade de engajar pessoas, mostrar iniciativa e atingir objetivos é imprescindível em todos os níveis. Em muitos momentos, hoje você é líder de um projeto e amanhã é parte do grupo em outro, completa Monica. Procuramos pessoas que questionem o status quo e que queiram fazer as coisas acontecerem.

2. Competência técnica
Procuramos por pessoas com uma variedade de pontos fortes e paixões, não apenas talentos isolados. Também queremos garantir que os candidatos tenham a experiência e formação necessárias para o sucesso no cargo. No caso de candidatos ao setor de engenharia, por exemplo, verificamos a habilidade de programação e áreas técnicas de conhecimento.

3. Habilidade cognitiva
Estamos mais interessados em como um candidato pensa do que em notas e transcrições. Tendemos a perguntar algumas questões relacionadas ao cargo que ofereçam uma visão de como ele resolve problemas.

Em outras palavras, é a habilidade de entender um problema ou cenário, ser capaz de criar soluções e comunicá-las de forma clara. Comunicação é o ponto-chave.

4. Googliness
Queremos descobrir o que torna determinado candidato singular. Queremos também garantir que esse seja o lugar onde ele prosperará, então procuramos por sinais de sua satisfação com a ambiguidade, tendência à ação e natureza colaborativa.

Para falar de alinhamento, nada mais adequado que esse neologismo do Google. A tal googliness é a capacidade de adaptação do candidato à cultura da empresa, que envolve ética, transparência e capacidade de colaborar com outros. No vídeo abaixo, Fabio Coelho, diretor da empresa no Brasil, explica sua visão do conceito:

Clique aqui para saber quais vagas estão disponíveis hoje no Google.

* Este artigo foi originalmente publicado pelo Na Prática, portal de carreira da Fundação Estudar

São Paulo - A vivência de um estágio no Google é retratada com uma generosa dose de ironia e bom humor no filme "Os estagiários", estrelado por Vince Vaughn e Owen Wilson. Mas como é a experiência na vida real? Em depoimento exclusivo a EXAME.com, 7 brasileiros que passaram pela edição 2015 do programa de estágio da empresa contam um pouco sobre os "mimos" e surpresas que encontraram no escritório do Google em São Paulo.  Clique nas fotos a seguir para ver os depoimentos dos jovens , que foram recentemente efetivados pela multinacional. As inscrições para a edição 2016 do programa de estágio ficam abertas até o dia 24 de janeiro e podem ser feitas na página oficial de carreiras da empresa.
  • 2. Fernando Balbino, 23 anos

    2 /9(Divulgação)

  • Curso: Economia na USP (Universidade de São Paulo).

    O que faz no Google: Atendimento e consultoria dos produtos do Google para pequenas e médias empresas. Qual foi sua maior surpresa ao entrar para a equipe? "A grande surpresa foram as pessoas. Aprendi e aprendo muito com a equipe, todo mundo é super aberto e sempre disposto a oferecer ajuda, especialmente para nós, os estagiários", conta Fernando. De qual privilégio ou "mimo" do Google você gosta mais? "Poder jogar video game depois do serviço é muito bom, porque assim a gente consegue conversar e desacelerar. Também jogo muito pingue-pongue e sinuca, que estão disponíveis nas áreas de convivência". O que diria a quem sonha em trabalhar na empresa? "No Google pude me desenvolver para além daquilo que fui contratado pra desempenhar, seja através das conversas com os outros funcionários ou fazendo parte de diferentes comitês da empresa, como o comitê de funcionários negros, gays, mulheres etc. É de fato um ambiente de crescimento".
  • 3. Jessica Miwa, 21 anos

    3 /9(Divulgação)

  • Curso: Jornalismo na Fundação Cásper Líbero.

    O que faz no Google: Atendimento e consultoria dos produtos do Google para pequenas e médias empresas. Qual foi sua maior surpresa ao entrar para a equipe? "O escritório é incrível, com diversas salas e lanches que encantam qualquer um. Tem academia, sala com jogos, sala de descanso, duas pequenas cozinhas por andar. É coisa de outro mundo". De qual privilégio ou "mimo" do Google você gosta mais? "É difícil escolher! As confraternizações semanais no restaurante são ótimas para descontrair um pouco e conhecer pessoas de outras áreas". O que diria a quem sonha em trabalhar na empresa? "É muito bacana poder trabalhar em uma empresa com pessoas tão diversas e qualificadas. A troca é muito rica".
  • 4. Pedro Barino, 24 anos

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    Curso: Engenharia de produção na UFES (Universidade Federal do Espírito Santo). O que faz no Google: Estratégia de contas para pequenas e médias empresas. Qual foi sua maior surpresa ao entrar para a equipe? "Eu fiquei muito surpreso com a quantidade de oportunidades que tive em tão pouco tempo. Os estagiários recebem uma atenção muito especial. Se você entrega resultados com qualidade, cada mais oportunidades de desenvolvimento são oferecidas". De qual privilégio ou "mimo" do Google você gosta mais? "Poder jogar pingue-pongue no escritório é o meu 'mimo' favorito. Faço isso praticamente todos os dias". O que diria a quem sonha em trabalhar na empresa? "O Google é uma empresa fantástica e mudou a minha vida. Vale muito a pena participar do processo seletivo independentemente de onde você more. O fato de o processo seletivo ser online ajuda muito nesse aspecto. Eu, por exemplo, morava em Vitória, no Espírito Santo, e fiz todas as entrevistas no meu quarto".
  • 5. Cheyenne Campos, 22 anos

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    Curso: Administração no Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa).

    O que faz no Google:
    Estratégia de contas. Qual foi sua maior surpresa ao entrar para a equipe? "Fiquei muito surpresa com a facilidade com que Googlers interagem com outros Googlers, independentemente do cargo, área ou país. É algo que otimiza muito os processos". De qual privilégio ou "mimo" do Google você gosta mais? "A flexibilidade de poder trabalhar de qualquer escritório do Google, contanto que você respeite o fuso horário do Brasil". O que diria a quem sonha em trabalhar na empresa? "O estilo 'play hard, work hard' realmente é levado a sério por aqui, tanto nos relacionamentos com os outros colegas quanto com os clientes que atendemos. Trabalhamos bastante, mas também temos muitos momentos de descontração".
  • 6. Jessica Santos, 23 anos

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    Curso: Publicidade e propaganda no Mackenzie. O que faz no Google: Estratégia de contas para pequenas e médias empresas. Qual foi sua maior surpresa ao entrar para a equipe? "As pessoas no Google são muito abertas e dispostas a ensinar e trocar experiências, e não apenas as pessoas que trabalham diretamente com você". De qual privilégio ou "mimo" do Google você gosta mais? "Ter diversos grupos e aulas diferentes, como aulas de dança, yoga e violão. Isso dá a oportunidade de praticar mais os nossos hobbies e também conhecer pessoas com interesses parecidos".
  • 7. Raffaella Bignardi, 24 anos

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    Curso: Administração na FGV (Fundação Getúlio Vargas). O que faz no Google: Vendas para pequenas e médias empresas. Qual foi sua maior surpresa ao entrar para a equipe? "Fiquei surpresa com a receptividade das pessoas, e também com o tamanho da empresa". De qual privilégio ou "mimo" do Google você gosta mais? "A biblioteca incrível que fica à nossa disposição". O que diria a quem sonha em trabalhar na empresa? "O ambiente de trabalho é incrivelmente dinâmico, e de uma forma muito positiva".
  • 8. Heitor Melo, 25 anos

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    Curso: Administração de empresas na USP (Universidade de São Paulo). O que faz no Google: Suporte estratégico para pequenos e médios negócios. Qual foi sua maior surpresa ao entrar para a equipe? "O que mais me surpreendeu foi o clima organizacional totalmente voltado para nossa criatividade e bem-estar. Também é uma surpresa ver na prática que é possível se divertir durante o desenvolvimento das atividades de trabalho". De qual privilégio ou "mimo" do Google você gosta mais? "O que mais impactou minha rotina foram as aulas de Tai Chi Chuan oferecidas após o expediente. Esses exercícios me ajudaram a conciliar o último semestre da graduação de uma forma muito mais tranquila e equilibrada". O que diria a quem sonha em trabalhar na empresa? "Destacaria o apoio e cumplicidade dos gestores e colegas de trabalho. Um exemplo disso é a acessibilidade e facilidade das reuniões sobre carreira, que por vezes são online e independem do lugar onde estão os escritórios".
  • 9. Veja agora as 50 empresas com funcionários mais satisfeitos no Brasil

    9 /9(Flickr/Creative Commons/jessicahtam)

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