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Mulher que ganha mais se sente menos saudável, diz estudo

Pesquisa sugere que, para as mulheres, salário e sensação de bem-estar vão nas direções opostas; entenda

Mulher: quanto maior a remuneração, menor a percepção de saúde entre as executivas (Thinkstock/Poike)

Claudia Gasparini

Publicado em 30 de janeiro de 2016 às 05h00.

São Paulo - Conciliar trabalho e qualidade de vida é um desafio quase universal. No caso da mulher , ter tempo para cuidar de si mesma é especialmente difícil - sobretudo porque a divisão das tarefas domésticas entre os gêneros ainda está longe de ser equilibrada.

Uma nova pesquisa conduzida por Meghan FitzGerald, professora de saúde pública na Columbia University, mostra uma tendência estranha entre as executivas: quanto mais alto o seu salário , menos saudáveis elas se sentem.

A estudiosa ouviu 369 mulheres norte-americanas de diversos níveis hierárquicos e faixas de remuneração, a maioria empregada por uma das Fortune 500, o seleto grupo das 500 maiores empresas dos Estados Unidos.

De modo geral, quanto maior a renda e a escolaridade, melhores os indicadores gerais de saúde das entrevistadas. As entrevistadas com os menores níveis de obesidade, abuso alcoólico e falta de sono também eram as mais ricas e qualificadas.

No entanto, a mesma pesquisa identificou um paradoxo: quando questionadas sobre o quão saudáveis se sentiam, as executivas com remuneração mais alta davam as respostas mais negativas.

Numa escala de 1 a 5, a nota atribuída ao seu próprio bem-estar pelas mulheres com renda entre 20 mil e 50 mil dólares anuais foi de 2,5. Já aquelas que ganham mais de 1 milhão de dólares por ano se deram a pontuação 1,9.

Por quê?
De acordo com FitzGerald, uma possível interpretação para o resultado está no fato de, embora tenham mais dinheiro para consultas e exames médicos, as executivas mais ricas continuam desprovidas de um recurso essencial: tempo.

Na verdade, quanto mais elas ganham, mais apertadas são as suas agendas. Metade das entrevistadas diz que suas jornadas no escritório excedem 50 horas por semana, e que levar trabalho para casa é rotina. As mais bem pagas chegam a passar até 70 horas por semana na empresa.

Limitadas por essa pesada carga horária, 48% delas dizem que não têm tempo para procurar um médico. O tempo também falta para as atividades físicas: 50% se exercitam apenas duas vezes por semana, ou menos que isso, enquanto 25% não fizeram sequer um exercício no último mês.

Em artigo para a revista Harvard Business Review, a professora sustenta ainda outra explicação para os resultados de sua pesquisa: as mulheres mais ricas e escolarizadas podem ser mais críticas consigo mesmas por não corresponderem às expectativas da sociedade.

Outra possibilidade é a de que, quanto maior o acesso à educação, maior a consciência sobre os riscos de ser sedentária ou dormir pouco. Pode ser ainda porque as executivas com salários mais altos dispõem de mais tempo e energia mental para se preocuparem com sua saúde - já que as contas do fim do mês estão garantidas.

De qualquer modo, diz a professora da Columbia University, uma conclusão parece clara: não importa quanto ganhem, as mulheres estão preocupadas com sua saúde.

“Todas nós estamos trabalhando sete dias por semana, e algumas cuidam de filhos ou de pais idosos até quando moram longe”, escreve ela na HBR. “Com tantas exigências sobre o nosso tempo, não surpreende que tantas mulheres coloquem o seu bem-estar em último lugar, e que até as mais ricas ainda tenham motivos válidos para se preocupar com a própria saúde”.

São Paulo - Acumular experiência profissional tem um efeito estranho sobre as mulheres : sua confiança com a carreira cai pela metade. No caso dos homens, ela permanece praticamente a mesma. A conclusão é de um estudo recente da consultoria global Bain & Company, que entrevistou mais de mil profissionais de ambos os gêneros, em diversos níveis hierárquicos, nos Estados Unidos . Os entrevistados foram questionados sobre seu interesse em ocupar, no futuro, um cargo de gestão. Entre os recém-chegados ao mercado de trabalho , há pouca diferença entre ambições masculinas e femininas: 28% deles e 27% delas estão confiantes de que podem se tornar chefes . Após dois anos ou mais de trabalho, 25% dos homens ainda estão certos de que vão ascender. Entre as mulheres, apenas 13% preservam a mesma expectativa. Razões
É comum atribuir os efeitos do casamento e da maternidade a essa “perda de fôlego” feminina, mas a Bain & Company sugere outra interpretação para o fenômeno. “Nossa análise sugere que o status conjugal ou parental não é diferente entre mulheres com aspirações ou sem aspirações”, diz a consultoria em coluna na Forbes. “O resultado dessa trajetória é a bem documentada falta de mulheres em cargos de alta gestão nos Estados Unidos”. No Brasil, a situação não é diferente. Segundo uma pesquisa da FGV (Fundação Getúlio Vargas), apenas 8 em cada 100 profissionais de alto escalão nas empresas nacionais são do sexo feminino, Mas por que as mulheres se desmotivam? Segundo a empresa, as razões são duas: a escassez de modelos femininos no topo das empresas e a falta de apoio dos supervisores a elas. Outro motivo é a percepção de que as mulheres teriam mais dificuldade, por natureza, em encarnar o estereótipo do “profissional ideal”: aquele que se oferece para projetos de grande destaque, vive conectado ao trabalho e está sempre disposto a fazer horas extras. Esta galeria traz 12 números, extraídos do estudo, que comprovam o declínio da confiança feminina com o passar do tempo, em contraste com a realidade masculina. Clique nas fotos para vê-los.
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