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Homens são considerados bons chefes; mulheres têm de provar

Segundo pesquisa, pessoas de ambos os sexos acreditam que as mulheres não dispõem de qualidades emocionais consideradas essenciais para uma boa liderança


	Mulheres no comando: em virtude do gênero, as mulheres são vistas como menos competentes do que seus colegas do sexo masculino
 (Thinkstock/David De Lossy)

Mulheres no comando: em virtude do gênero, as mulheres são vistas como menos competentes do que seus colegas do sexo masculino (Thinkstock/David De Lossy)

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Da Redação

Publicado em 1 de março de 2016 às 20h59.

Estudos acadêmicos podem ser fascinantes... e totalmente confusos. Por isso, decidimos destrinchar todos os jargões científicos e explicá-los para você.

Os antecedentes

Embora algumas mulheres tenham conseguido quebrar o telhado de vidro, muitas ainda sofrem com o estereótipo de “sexo frágil” e, portanto, seriam menos aptas para cargos de liderança do que os homens.

Essa velha besteira foi resumida pela pesquisadora Virginia E. Schein que, em 1973, revelou que quando as pessoas “pensam em gerente”, “pensam em homens”.

Ou seja, em virtude do gênero, as mulheres são vistas como menos competentes do que seus colegas do sexo masculino, o que pode fazer com que sejam desconsideradas para posições de chefia — tenham elas ou não as características que supostamente fazem delas líderes terríveis e estressadas.

Em um novo estudo, pesquisadores da Universidade da Polícia Alemã queriam comprovar o quão forte era esse viés, e se as pessoas realmente consideravam as mulheres muito emotivas para serem boas líderes.

O teste

Os pesquisadores entrevistaram 1.098 mulheres e homens no mercado de trabalho. Essas pessoas receberam uma lista com 17 emoções usadas no passado para estudar gerentes de ambos os sexos e o estereótipo de gênero de emoções (ou seja, alegria, surpresa, inveja, medo e simpatia).

No estudo, as pessoas foram perguntadas quão características eram essas emoções em gerentes bem-sucedidos, homens e mulheres em geral, gerentes do sexo masculino e feminino, gerentes masculinos bem-sucedidos ou gerentes femininas bem-sucedidas.

As pessoas responderam perguntas relativas a apenas um grupo alvo — não sobre todos os sete — e classificaram o quão frequentemente essas emoções apareciam naquele grupo, numa escala de um a cinco.

As descobertas

Os pesquisadores descobriram “efeitos muito claros de estereótipos de gênero”. Tanto homens quanto mulheres tendem a acreditar que as mulheres não dispõem de qualidades emocionais consideradas essenciais para uma boa liderança.

As mulheres, em geral, foram vistas como portadoras de medo, culpa, vergonha e tristeza, quatro emoções associadas com má liderança, de acordo com o estudo.

Mas, quando as mulheres na pesquisa eram classificadas como gerentes, as pessoas atribuíram um menor número de emoções desse tipo a elas.

Por outro lado, os homens em geral foram descritos como tendo qualidades emocionais de fortes líderes, independentemente de qualquer coisa.

Ou seja: os homens são considerados bons gerentes, mas as mulheres têm de provar que são boas gerentes.

Na verdade, as únicas pessoas no estudo que descreveram homens e mulheres de forma mais ou menos semelhante foram, na verdade, gerentes do sexo feminino que participaram da pesquisa.

A conclusão

Os pesquisadores não avaliaram como as pessoas de fato se comportam em relação às mulheres, por isso é difícil ter certeza dos efeitos desse viés sexista no mundo real.

Mas os resultados do estudo sugerem que tachar mulheres como um poço de emoções pode não ser tão benigno.

Como explicam os pesquisadores, “esses estereótipos são uma forte barreira para o desenvolvimento da carreira da mulher” e “podem resultar em preconceito e depreciação de seu desempenho no trabalho”.

Ainda não estão convencidos? Confira os números: embora as mulheres respondam por 60% dos diplomas de bacharelado e mestrado, representam apenas 14,6% dos cargos executivos, ganham o equivalente a 8,1% dos maiores salários, ocupam 16,9% dos assentos nos conselhos de administração de empresas que fazem parte da lista das 500 maiores da revista Fortune e 4,6% dos cargos de presidente desse ranking.

Comparando essas estatísticas com o estudo, parece que as mulheres não só precisam se esforçar para chegar ao topo, mas também têm de convencer os céticos ao longo do caminho de que não são líderes tristes e fracas.

Se isso não for fortaleza emocional, o que é então?

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