Dividendos: Taesa assume a liderança das recomendações em outubro, após ter ficado em segundo lugar em setembro (Tomwang112/Thinkstock)
Camila Pati
Publicado em 19 de junho de 2018 às 08h15.
Última atualização em 20 de janeiro de 2020 às 12h02.
São Paulo – De sentinela exclusivo da contabilidade e do orçamento a um dos “embaixadores” dos negócios. A função de diretor financeiro, o CFO, ganhou amplitude e, com isso, um novo perfil de executivo tem sido demandado para essa cadeira nas empresas.
“O CFO agora é o porta-voz da empresa tanto internamente quando com os clientes. Eu também passei a representar a companhia em eventos internos e externos”, explica André Takahashi, CFO da Marsh Brasil, há cinco anos.
A grande mudança que ele presenciou na sua função, de uns anos para cá, foi passar a atuar também para gerar negócios estreitando relacionamento com outros diretores financeiros. “O CFO tem tido papel atuante no processo de vendas e gestão dos negócios”, diz Takahashi.
Esse novo escopo de atuação é fruto da transformação tecnológica que acabou (ou diminuiu bem) com a carga de trabalho com elaboração de relatórios contábeis sobre a transações na empresa. O CFO é, sem dúvida alguma, digital.
Boa parte das companhias já adota sistemas digitais integrados de processamento de pagamentos e consolidação das informações contábeis, deixando os processos mais ágeis. “O CFO deixou de ter papel atuante sobre as funções transacionais, como a contabilidade, e passou e se preocupar mais com as análises financeiras, orçamento e projeções”, diz Takahashi. A separação entre controladoria e planejamento financeiro
Do trabalho analítico, surgem insights para o negócio. Com, mais uma habilidade entra em jogo: a de comunicação. “Ela que já tinha uma importância grande no papel de CFO antes dessa transformação tecnológica e de processos, agora passou a ser vital”, diz o CFO da Marsh Brasil.
Leandro Pedrosa, gerente executivo da Michael Page, consultoria de recrutamento executivo, diz que a demanda das empresas é por diretores financeiros que, além de toda habilidade com números, entendimento do ambiente digital e comunicação sejam também integradores.
“O CFO durante muito tempo era conhecido como o mão-pesada da empresa que só falava em números de forma pragmática, que falava não para tudo. Hoje ele precisa ser mais comunicativo e digital. Ainda fala muitos nãos, mas de uma forma mais embasada, com mais visão do negócio porque entende das outras áreas”, diz Pedrosa.
O executivo de recrutamento resumiu os novos papeis do CFO nestas quatro frentes. Confira:
Comunicação baseada em dados e favorável ao negócio
Decisões de investimento, apuração contábil e autorização – ou recuo – de investimentos passam a ser feitas com autoridade técnica e experiência aliadas ciência de dados. A apresentação das informações é feita de forma mais amigável, de fácil entendimento para as demais áreas.
Compliance estruturado como vantagem competitiva
O compliance é mais do que bandeira de transparência. Pedrosa explica que as empresas já enxergar como um projeto interdisciplinar que recruta habilidades jurídicas, soluções tecnológicas e gestão de riscos para transformar boas práticas em crescimento do negócio.
O CFO da Marsh Brasil concorda. “O compliance é sempre meu ponto de apoio em qualquer decisão. Conheço profundamente o código de conduta da empresa e tenho ele como base para minhas decisões”, afirma.
O executivo diz que a postura firme de compliance não é para inviabilizar negócios. Pelo contrário. “Tem que ser pró-negócios! Por muitas, vezes a área legal e compliance é tida como um atravancador, mas a questão fundamental da área de compliance é buscar soluções para viabilizar, entender os riscos e mitigá-los”, diz Takahashi.
Mentoria de decisões lucrativas para outros líderes
Visível a todas as áreas do negócio, o CFO ajuda os líderes de empresa a tomarem decisões mais lucrativas. Segundo Pedrosa o diretor financeiro é mentor de boas e lucrativas oportunidades. Por isso, precisa ser capaz de se colocar no lugar dos acionistas/sócios/investidores/clientes e até rivais de mercado, o tempo todo.
Moderador de conflitos entre média gerência e alto escalão
O novo CFO age como moderador técnico de conflitos nas empresas, evitando que reações impulsivas tragam prejuízo para a companhia, de acordo com Pedrosa.
Tanto na crise e em tempos de bonança e expansão, o CFO está sempre atento à proteção dos ativos. “O CFO é o mais estoico dos líderes, pois não pode se deixar deprimir pelas adversidades, nem se extasiar pelas conquistas”, diz.
Diretores financeiros estão entre os executivos mais bem pagos do mercado. Estudo feito pela Michael Page com mais mil executivos de diversos setores indica que CFOs de empresas nacionais com faturamento acima de 1 bilhão de reais tiveram aumento de 7% na remuneração, ao longo do ano passado. Executivos que trabalham para multinacionais tiveram alta de 5%.
Só os salários mensais cresceram 3,5% para diretores financeiros de empresas nacionais e de 3,25% para os pares de multinacionais. Confira as tabelas de remuneração em empresas nacionais e multinacionais para os cargos de diretor de finanças e diretor de administração e finanças, segundo a consultoria Michael Page:
1- Empresas nacionais:
Porte da empresa | Remuneração média anual total | Salário fixo médio | Bônus anual em salários mensais | Incentivo de Longo Prazo (ILP) em salários mensais |
---|---|---|---|---|
Faixa 1 | 570.560 reais | 32 mil reais | 3,5 | 1 |
Faixa 2 | 904.658 reais | 44,5 mil reais | 5 | 2 |
Faixa 3 | 1.179.140 reais | 58 mil reais | 5 | 2 |
Faixa 4 | 1.741.740 reais | 78 mil reais | 6 | 3 |
2- Empresas multinacionais:
Porte da empresa | Remuneração média anual total | Salário fixo médio | Bônus anual em salários mensais | Incentivo de Longo Prazo (ILP) em salários mensais |
---|---|---|---|---|
Faixa 1 | 521.730 reais | 31 mil reais | 2,5 | 1 |
Faixa 2 | 772.030 reais | 41 mil reais | 3,5 | 2 |
Faixa 3 | 1.035.650 reais | 55 mil reais | 3,5 | 2 |
Faixa 4 | 1.353.950 reais | 65 mil reais | 5 | 2,5 |