(Petmal/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 29 de setembro de 2022 às 10h55.
Mesmo em tempos de crise acentuada, um setor específico continuou prosperando no Brasil. Responsável por alimentar, segundo pesquisa recente da Embrapa, 800 milhões de pessoas no mundo todo, o agronegócio brasileiro é um dos pilares da economia e já representa 27% do PIB do país. Ou seja, praticamente 1/3 de toda riqueza do Brasil vem do agro.
Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da USP, apenas no segundo semestre deste ano mais de 19 milhões de pessoas estão empregadas no agronegócio brasileiro. Esse número representa um aumento de 4,6% em relação ao ano passado, o equivalente a 839 mil novos profissionais.
Para se ter uma ideia, o país já é TOP 1 ou 2 mundial em produção e exportação de praticamente todas as commodities agrícolas, como milho, algodão, soja, trigo, cana, café etc.
E diferente do que muitos pensam, esse crescimento não ocorreu às custas de desmatamentos e aumento de área produtiva. Segundo o IBGE, o agronegócio ocupa apenas 7,6% do total do nosso território, sendo 218 milhões destes de área preservada.
Afinal, qual o segredo para tamanha prosperidade do agronegócio brasileiro?
Antigamente, existia nas cidades o imaginário estereotipado do produtor rural sem instrução, conservador, “caipira” e avesso a novidades. Mas isso não poderia estar mais distante da realidade.
Há 40 anos no Brasil, uma plantação de soja feita em 1 hectare de terra (10.000m2) rendia menos de 2 toneladas de grãos. Hoje, essa mesma área já produz 4 toneladas. Dobrar a colheita sem expandir área não é mágica do produtor rural, mas sim reflexo da ferramenta que fez do Brasil líder mundial no setor: a tecnologia.
As novas práticas de manejo e as melhorias genéticas em sementes aumentaram a produtividade das colheitas; os fertilizantes possibilitaram que solos inférteis dessem frutos, expandindo as fronteiras agrícolas; as inovações tecnológicas garantiram que o produtor não ficasse mais à mercê do tempo e da sorte para plantar, colher e lucrar com o agro.
No entanto, o agronegócio ainda enfrenta um problema. Apesar de ser um setor muito rico, com oportunidades de crescimento profissional e remuneração acima da média, tem sido desafiador encontrar mão de obra qualificada.
Profissionais aptos a entender a realidade do consumidor final dos produtos e que consigam fazer a tradução dessa necessidade em melhoria de performance produtiva. Isso é o que as maiores empresas do agronegócio brasileiro têm buscado nos últimos anos.
Hoje, o número de negócios que já estão digitalizados é de apenas 30% do total de propriedades. Ou seja, são mais de 3 milhões de fazendas que ainda não passaram pela transformação digital e, consequentemente, estão operando abaixo do seu potencial produtivo.
Isso trouxe inúmeras oportunidades no mercado de trabalho, principalmente para jovens executivos e profissionais de TI que buscam ascensão profissional. “Tive segurança para mudar de setor porque as matrizes das multinacionais de agro encaram o Brasil como protagonista. Fica mais fácil trazer investimentos para cá”, comenta Pedro Alves, gerente sênior de planejamento na Yara International, uma multinacional de fertilizantes.
Companhias brasileiras como Amaggi, Bom Futuro, Coteminas e CGG afirmam que o foco agora é profissionalizar e trazer tecnologia à operação. “Queremos profissionais com ambição para nos ensinar a estabelecer processos modernos de controle e gestão”, explica Nereu Bavaresco, diretor de RH da Amaggi.
A importância da tecnologia para o avanço do agronegócio é tanta que as AgTechs, ‘startups’ do agronegócio, já somam 1.574 empresas, número 40% maior do que o registrado em 2019. Segundo a consultoria Market and Markets, o mercado de agricultura de precisão vale hoje R$ 72,2 bilhões, mas deve chegar aos US$ 20,8 bilhões R$ 116,4 bilhões em 2026.
Como consequência, segundo estudo da Agência Alemã de Cooperação Internacional, a estimativa é de que, em dois anos, existam 32,5 mil profissionais qualificados para 178,8 mil oportunidades. Ou seja, cerca de 5 vagas em aberto para cada profissional qualificado no mercado.
Neste momento, a maior demanda tem sido pelos chamados Agro Digital Managers, que são os profissionais responsáveis por entender a demanda do produtor e propor a solução tecnológica mais adequada para resolver esse problema.
Como o objetivo não é colocar a mão na massa e trabalhar no campo literalmente, o Agro Digital Manager não precisa ser formado em agronomia ou veterinária, muito menos morar no campo - sim, é possível exercer essa profissão morando na cidade. Pense nele como um coordenador de projetos digitais, que organiza um time de especialistas (como engenheiros e desenvolvedores) e garante que o negócio funcione da forma mais produtiva e sustentável possível.
Para que você possa conhecer as carreiras disponíveis no agronegócio e entender como migrar para o setor, a EXAME preparou a série gratuita Carreira em Digital Agribusiness.
Programada para acontecer entre os dias 17 e 25 de outubro, o conteúdo vai revelar:
As aulas serão ministradas por Francisco Jardim, sócio-fundador da SP Ventures, uma das gestoras de Venture Capital mais tradicionais do país especializada no agronegócio.
Para participar basta se inscrever clicando aqui ou no botão abaixo.