Existe jeito certo para namorar? Professor de português responde
Na semana do Dia dos Namorados, o professor Diogo Arrais dá uma lição de português para os apaixonados
Da Redação
Publicado em 11 de junho de 2019 às 13h42.
Última atualização em 11 de junho de 2019 às 13h55.
Na língua falada e na informalidade, percebe-se bastante o "tá" em vez de "estar"; "cê" em vez de "você". O nome desse recurso linguístico é aférese.
Essa supressão, no entanto, nem sempre indica informalidade: pode indicar, na diacronia da Língua, evolução e formação de vocábulos. Em termos mais simples e didáticos, foi o que aconteceu entre "enamorar" e "namorar".
Namorar, verbo tradicionalmente transitivo direto (sem a exigência da preposição), pode ser assim exemplificado:
"O poeta namorava todas as palavras de Helga."
À visão dos puristas, não faz sentido algum o uso da preposição "com" na regência desse verbo. Na frase acima, o verbo indica "desejar ardentemente", "cobiçar". Em suma, a preposição tiraria o brilho poético da sentença, uma vez que não se busca a semântica de "companhia, encontro, conversa".
Celso Luft, no seu dicionário de Regência Verbal, cita nossa Literatura:
"E o Dr. Carmo, namorando agora com aquela sem-vergonha."
(José Lins do Rego)
"O Promotor namorava com a filha do coronel Quincas."
(Bernardo Élis)
No Aurélio, vê-se que, moldado como "casar com" ou "noivar com", a regência "namorar com" é perfeitamente legítima.
Para o uso assertivo, leitor, vale planejar o significado pretendido, pois - além de a expressão poder ficar mais elegante - poderá ser muito mais romântica e precisa.
Por essas e outras, caminho convicto: conhecimento gramatical é viajar (com) seguro pelas estradas da representação sentimental.
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DIOGO ARRAIS
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Autor Gramatical pela Editora Saraiva
Professor de Língua Portuguesa
Fundador do ARRAIS CURSOS