São Paulo — Qual tipo de profissional tem mais chances de atrair um recrutador : um profundo conhecedor de uma área bastante específica ou um “pau para toda obra” com perfil generalista e versátil?
Um estudo conduzido por pesquisadores da Columbia Business School e da Tulane University dá uma resposta categórica à velha dúvida. “Os especialistas são definitivamente castigados pelo mercado ”, diz uma das responsáveis pela pesquisa ao Harvard Business Review. “Além de receberem menos ofertas de emprego , eles ganham bônus menores”.
Para chegar ao resultado, os estudiosos acompanharam cerca de 400 estudantes que se formaram nos melhores MBAs dos Estados Unidos entre 2008 e 2009 e seguiram carreira em bancos de investimento.
A amostra foi dividida em dois. O grupo dos especialistas era formado por pessoas que já trabalhavam com investimentos antes do MBA, fizeram estágio na área e se aprofundaram em finanças.
Já a turma dos generalistas consistia naqueles que atuaram em outras áreas antes do curso, como publicidade, fizeram estágio em uma consultoria e só mais tarde foram para o mundo dos investimentos.
Resultado: os bônus recebidos pelos especialistas eram até 36% mais baixos do que os de seus colegas generalistas. Em alguns casos, o primeiro grupo ganhava até 48 mil dólares a menos por ano.
Mas por quê?
Segundo Jennifer Merluzzi, professora na Tulane University e coautora do estudo, o problema está na oferta excessiva de programas de especialização, em especial de MBAs.
“Os cursos dão uma forte ênfase à formação de uma pessoa de finanças ou uma pessoa de marketing, o que produz muitos profissionais parecidos no mercado”, diz ela ao HBR.
Ironicamente, o especialista vira “commodity”: como há muitas pessoas com foco exclusivo em uma área no mercado, aqueles que trazem um repertório mais amplo e eclético saltam aos olhos das empresas.
Merluzzi afirma que recrutadores ouvidos pelo estudo não esconderam sua preferência pelos generalistas. Profissionais com experiências e competências diversas são mais interessantes do que aqueles que só conhecem um ângulo do trabalho, disseram eles.
É claro que, em algumas áreas, ser especialista é uma enorme vantagem competitiva. “Se alguém precisa de um cirurgião para uma operação arriscada, por exemplo, é óbvio que vai querer um expert que já fez isso centenas de vezes”, diz a professora. “No mundo dos negócios, porém, a especialização não é tão benéfica”.
No futuro, diz Merluzzi, os generalistas continuarão a ter mais chances nas empresas porque têm habilidades diversas, podem ser transferidos para outras áreas e tendem a assumir posições de liderança mais rapidamente.
Generalista, não “superficialista”
Outro estudo, lançado recentemente pela firma de inteligência de mercado IDC em parceria com a Microsoft, vai na mesma direção.
Conduzida nos Estados Unidos, a pesquisa analisou mais de 76 milhões de vagas de emprego para selecionar aquelas que teriam maiores salários e melhores condições de ascensão profissional entre 2016 e 2024.
A conclusão é a de que as oportunidades mais promissoras exigem competências multifuncionais (“cross-functional”, no original em inglês), em detrimento de habilidades técnicas ou específicas — e isso em áreas tão diversas quanto TI, direito e saúde.
Segundo Pietro Delai, gerente de pesquisa da IDC Brasil, os requisitos dos melhores empregos incluem excelente comunicação oral e escrita, capacidade de filtrar e processar múltiplas fontes de informação e pensamento lógico aplicado à análise de probabilidades.
“As habilidades exigidas pelos melhores empregos trespassam diversas ocupações (...). Por outro lado, competências específicas são menos aplicáveis e deveriam receber menos ênfase no currículo das escolas”, aponta o estudo.
Isso não significa que a profundidade seja dispensável. “O tipo de generalista que se dá bem não é o ‘superficialista’”, diz Delai. “Ele precisa ter a capacidade de se debruçar sobre um problema, ir a fundo na investigação de hipóteses e buscar pessoas que ajudem a resolver aquela questão, inclusive especialistas”.
Profissionais com habilidades multifuncionais, aplicáveis a uma vasta gama de situações, também são candidatos naturais à liderança.
“O que vemos na crise é que muitas empresas demitem os especialistas, contratam terceiros para substituí-los e colocam um generalista para administrar os fornecedores”, afirma Delai. "Elas preferem entregar o comando a quem tem uma visão sistêmica e multidisciplinar".
- 1. Bem pagos
1 /31(Marcos Santos/usp imagens)
São Paulo - Um novo levantamento da consultoria Michael Page divulgado com exclusividade por
EXAME.com mostra os cargos executivos mais valorizados pelo
mercado de trabalho brasileiro em 2016. Não se trata dos maiores
salários em termos absolutos, ressalta Henrique Bessa, diretor da consultoria responsável pelo estudo. "A lista mostra os cargos com maior remuneração proporcionalmente ao seu nível de senioridade", diz ele. Isso significa que há executivos mais bem pagos do que os apresentados no estudo, mas em camadas hierárquicas muito altas. A sua liderança em termos salariais não traz, em si, nenhuma novidade. Segundo Bessa, o levantamento mostra uma realidade menos óbvia: a ideia é indicar os profissionais cuja remuneração é considerada alta para o seu nível de senioridade e tem crescido mais rapidamente do que a média. Como era de se esperar, a lista é dominada por executivos que ajudam as empresas a enfrentar a
crise econômica . Seja ao aumentar diretamente a receita, seja ao diminuir custos, eles são peças fundamentais para que as organizações ganhem eficiência em um ambiente incerto. O levantamento se baseou em dados reunidos nos últimos 12 meses a partir de entrevistas de emprego feitas pela Michael Page. A consultoria faz em média 100 mil conversas com executivos por ano.
Navegue pelas imagens para ver os resultados do estudo. - 2. Diretor de distressed credit
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Área: Bancos
Salário: 35 mil - 45 mil reais Muitos bancos contam com a área de distressed credit, dedicada a "salvar" alguns negócios com dificuldades financeiras. "Como há muitas empresas nessa situação agora, o diretor dessa área ganhou um papel ainda mais estratégico", diz Henrique Bessa, diretor da consultoria Michael Page.
- 3. Diretor tributário
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Área: Finanças
Salário: 30 mil - 40 mil reais Este profissional tem sido muito valorizado porque sua atuação gera importantes cortes de custos para a empresa, diz Henrique Bessa, diretor da Michael Page. Seu papel é fazer a gestão de compliance tributário, sobretudo com viés consultivo para outras áreas de negócio.
- 4. Diretor de tesouraria
4 /31(Vangelis Thomaidis/ Stock.XCHNG)
Área: Finanças
Salário: 30 mil - 40 mil reais De acordo com Bessa, o diretor de tesouraria é procurado principalmente por empresas com alto nível de endividamento. Ele também tem sido valorizado por companhias de capital intensivo de grande porte.
- 5. Especialista sênior em treasury sales
5 /31(Archerix/ Getty Images)
Área: Bancos
Salário: 25 mil - 40 mil reais Este profissional pensa em alternativas de receita dentro da área de tesouraria de um banco, e essa função estratégica é o principal motivo por trás de sua boa remuneração. São preferidos para a posição executivos com forte bagagem técnica e facilidade de relacionamento com clientes.
- 6. Diretor de operações
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Área: Engenharia
Salário: 25 mil - 35 mil reais Com sua visão generalista das verticais de uma indústria, o diretor de operações é cada vez mais demandado no Brasil, ainda mais num cenário difícil para a economia, com quadros mais enxutos. "Por centralizar as diretrizes de todas as áreas, o COO estabelece uma única interface das operações com o comando das empresas, o que facilita a comunicação e unifica a estratégia do grupo", explica Bessa.
- 7. Superintendente/diretor clínico
7 /31(Arquivo/Agência Brasil)
Área: Saúde
Salário: 25 mil - 35 mil reais Bessa afirma que o cenário hospitalar no Brasil passa por um processo de profissionalização e pelo estabelecimento de novas políticas de gestão. No entanto, ainda é difícil encontrar um executivo do setor com competências para funções administrativas e operacionais, com foco em resultados financeiros, o que explica sua valorização.
- 8. Gerente de leasing/locações
8 /31(STUDIO GRAND OUEST/Thinkstock)
Área: Construção e imobiliária
Salário: 25 mil - 30 mil reais Como o mercado corporativo de lajes comerciais está saturado, diz Bessa, muitas empresas têm renegociado aluguéis ou se mudado para espaços com melhor custo-benefício. Assim, elas procuram - e remuneram bem - quem trabalha com transições imobiliárias, especialmente leasing /locações. Esses profissionais são buscados tanto em empresas prestadoras de serviços de real estate quanto incorporadoras.
- 9. Diretor de novos negócios
9 /31(Thinkstock/anyaberkut)
Área: Vendas e marketing
Salário: 24 mil - 32 mil reais A principal responsabilidade deste profissional é diversificar o mercado de atuação da empresa. Ao buscar oportunidades não mapeadas de receita, ele ajuda o negócio a sobreviver em meio à difícil condição econômica do país.
- 10. Diretor de tecnologia (e-commerce)
10 /31(Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)
Área: Tecnologia da informação
Salário: 20 mil - 30 mil reais A popularização do e-commerce no Brasil tem exigido uma rápida atualização da infra-estrutura das empresas. "Se o sistema cai, as vendas são interrompidas", diz Bessa. Por isso, é fundamental contar com um profissional de nível sênior para garantir a eficiência da área. Como o e-commerce é uma realidade relativamente recente no país, ainda há poucos executivos maduros com experiência nesse setor. É o que explica sua posição de destaque no mercado, diz o diretor da Michael Page.
- 11. Diretor comercial de seguros (Pequenas e médias empresas)
11 /31(Thinkstock/Fuse)
Área: Seguros
Salário: 20 mil - 25 mil reais Segundo Bessa, o mercado de seguros para PMEs costuma ser bem menos explorado em cenários mais positivos para a economia, porque os grandes clientes vão bem - e todas as atenções das seguradoras estão voltadas para eles. Quando há dificuldades conjunturais, esta frente acaba abrindo oportunidades novas de negócio, e exige diretores comerciais com habilidades específicas para lidar com esse público.
- 12. Advogado/especialista de compliance para América Latina
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Área: Direito
Salário: 20 mil - 25 mil reais "É cada vez mais forte a necessidade de regular movimentações internas e fluxos das empresas, ainda mais depois da publicação de lei que aborda o tema", diz Bessa. Os últimos movimentos do cenário econômico nacional obrigam as companhias a buscar extrema transparência em suas operações, o que explica a crescente valorização do profissional de compliance.
- 13. Especialista em capital management
13 /31(Thinkstock/BrianAJackson)
Área: Bancos
Salário: 18 mil - 35 mil reais O papel deste profissional tão valorizado pelo mercado é analisar o custo de capital alocado em diversas áreas de uma instituição financeira. Diante do endurecimento de diversas regras do Banco Central, sua missão é buscar o maior retorno possível para o banco.
- 14. Gerente de contencioso
14 /31(Oxford/Getty Images)
Área: Direito
Salário: 18 mil - 25 mil reais Voltados ao atendimento de todas as ações de uma empresa, estes profissionais são analíticos e capazes de estruturar estratégias que permitam bons índices de redução de despesas processuais. De acordo com Henrique Bessa, diretor da Michael Page, eles são ainda mais valorizados quando atuam de maneira preventiva, no modo pré-contencioso, justamente por obterem maior controle do passivo.
- 15. Gerente de remuneração
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Área: Recursos humanos
Salário: 18 mil - 25 mil reais O cenário econômico atual vem aumentando a necessidade de rever estruturas e adequar faixas de salários e benefícios. Isso justifica o atual status do gerente de remuneração no mercado, afirma Bessa.
- 16. Gerente sênior de inteligência de mercado e precificação
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Área: Vendas e marketing
Salário: 18 mil - 24 mil reais O papel deste executivo é fundamental neste momento porque ele pode criar novas estratégias de atuação para a empresa. Entre suas atribuições, está a avaliação de concorrentes, preços, tendências de mercado e necessidades do público-alvo.
- 17. Gerente sênior de atacado
17 /31(Germano Lüders/EXAME)
Área: Vendas e marketing
Salário: 18 mil - 24 mil reais A missão deste profissional é buscar novos canais multimarcas para diversificar os pontos de venda de uma empresa. Sua atuação é especialmente relevante diante da queda geral no varejo.
- 18. Gerente de análise de crédito (Commodities, petróleo e gás)
18 /31(Thinkstock/anyaberkut)
Área: Bancos
Salário: 18 mil - 24 mil reais "Este é um mercado específico, em que há poucos profissionais especializados", diz Henrique Bessa, diretor da consultoria Michael Page. A única forma de atrair executivos competentes é, portanto, aumentar a oferta salarial.
- 19. Gerente técnico / comercial (Linhas financeiras e garantias)
19 /31(Thinkstock/from2015)
Área: Seguros
Salário: 18 mil - 22 mil reais Este mercado ainda conta com poucos profissionais, o que justifica até certo ponto sua boa remuneração. "Apesar de essa linha de negócios ter sempre existido, ela cresceu muito nos últimos 18 meses por causa do cenário econômico complicado no país", diz o diretor da Michael Page.
- 20. Gerente médico
20 /31(Thinkstock)
Área: Saúde
Salário: 18 mil - 22 mil reais Este profissional precisa obrigatoriamente ser médico - e ter experiência com atendimento -, mas também ter uma forte visão de negócios. Seu papel é cuidar da administração da empresa, com um olhar de quem também conhece a rotina do profissional de saúde. Poucos médicos topam seguir por essa área, já que a maioria segue na carreira clínica. O perfil é ainda mais "mosca branca" em função de todas as especialidades clínicas existentes.
- 21. Gerente de compras
21 /31(Thinkstock/ismagilov)
Área: Supply chain
Salário: 16 mil - 22 mil reais A capacidade de reduzir custos das empresas nas negociações com fornecedores é o que explica a boa contrapartida financeira oferecida a este profissional.
- 22. Gerente de operações de RH
22 /31(Thinkstock)
Área: Recursos humanos
Salário: 15 mil - 25 mil reais Nos últimos anos uma boa parte do mercado abraçou um novo modelo de administração das rotinas de RH e outras áreas: os centros de serviços compartilhados. O objetivo é centralizar fluxos transacionais para ganhar eficiência. Segundo Bessa, o gerente de operações de recursos humanos tem sido valorizado por garantir o desempenho dos processos operacionais da área, diminuindo custos para a empresa.
- 23. Gerente de facilities
23 /31(Stock.Xchange)
Área: Construção e imobiliária
Salário: 15 mil - 20 mil reais De acordo com Bessa, as posições de facilities são altamente demandadas em momentos difíceis de mercado. Isso porque o profissional da área tem papel decisivo na racionalização de custos, renegociação de contratos de prestação de serviços, implantação de projetos de eficiência e redução de custos.
- 24. Consultor/gerente de big data e analytics
24 /31(Thinkstock/Huchen Lu)
Área: Tecnologia da informação
Salário: 15 mil - 20 mil reais A internet permite que as empresas tenham um acesso sem precedentes a informações sobre o consumidor. A análise deste imenso volume de dados, conhecido como "big data", passa então a ser fundamental para o negócio. Não por acaso, quem se especializa nessa área tem sido muito disputado pelo mercado, segundo Bessa.
- 25. Advogado tributário
25 /31(Ken Funakoshi/Flickr/Creative Commons)
Área: Direito
Salário: 15 mil - 18 mil reais As empresas esperam deste profissional a capacidade de ajudá-las a navegar no complexo ambiente fiscal brasileiro. "Ele pode agir de forma consultiva ou elaborar estratégicas de administração do contencioso para evitar o crescimento do passivo da companhia", explica Bessa.
- 26. Gerente de acesso em saúde
26 /31(Thinkstock)
Área: Saúde
Salário: 15 mil - 18 mil reais Seu papel é criar estratégias de desenvolvimento do produto com o governo e as operadoras de saúde. Segundo Bessa, é um cargo relativamente novo na indústria, e hoje é fundamental para o desenvolvimento da estratégia dos negócios em saúde.
- 27. Gerente de qualidade
27 /31(BartekSzewczyk/Thinkstock)
Área: Engenharia
Salário: 15 mil reais Num contexto competitivo de mercado, com margens curtas e um rigor crescente dos consumidores, as indústrias apostam na seniorização das cadeiras de qualidade, diz Bessa. O objetivo é alcançar a diferenciação de seus produtos em relação aos dos concorrentes. "Com essa tentativa, buscam minimamente manter e até ampliar seu market share ", explica o diretor da Michael Page.
- 28. Desenvolvedor/líder de projetos web e mobile
28 /31(Thinkstock/Reprodução)
Área: Tecnologia da informação
Salário: 15 mil reais A migração de transações físicas para digitais muda completamente a interação das empresas com o consumidor final. Nesse novo cenário, novas plataformas precisam ser criadas, sobretudo para ambientes web e mobile. Estes profissionais têm sido valorizados porque permitem uma melhor experiência do cliente final, o que é fundamental para o sucesso do negócio.
- 29. Gerente de produto (Bank assurance)
29 /31(Minerva Studio/Thinkstock)
Área: Seguros
Salário: 13 mil - 18 mil reais Há poucos profissionais com perfil específico para esse mercado. Para ser contratado, é preciso combinar tanto uma visão sólida sobre seguros quanto uma experiência profissional consistente em bancos.
- 30. Parceiro de negócios em RH
30 /31(Getty Images/Pool)
Área: Recursos humanos
Salário: 12 mil - 20 mil reais De forma geral, o parceiro de negócios faz um diagnóstico preciso das áreas em que atua. Neste caso, ele permitirá a melhor aplicação das políticas de RH e ajudará diretamente na retenção das equipes. "Encontrado com frequência sem a gestão de uma equipe, ele cabe muito bem em estruturas mais enxutas, que demandam grande capacidade de se envolver na execução quando necessário", explica Bessa.
- 31. Veja agora 20 carreiras que passam por uma gangorra salarial
31 /31(Thinkstock)