Ex-funcionária que processou empresa por discriminação sexual perde nos tribunais
Na tarde dessa sexta-feira (27), o Tribunal Superior de São Francisco, na Califórnia, teve um veredicto final no caso Ellen Pao
Da Redação
Publicado em 28 de março de 2015 às 12h52.
Na tarde dessa sexta-feira (27), o Tribunal Superior de São Francisco, na Califórnia, teve um veredicto final no caso Ellen Pao, o processo de discriminação de gênero que abalou o Vale do Silício nessas últimas quatro semanas.
A companhia Kleiner Perkins Caufield & Byers não foi responsabilizada por cometer discriminação contra a ex-funcionária, que pedia 16 milhões de dólares em compensação e poderia ganhar até 144 milhões de dólares em danos.
Para tomar a decisão, a bancada do júri composta por seis homens e seis mulheres teve de responder uma série de perguntas para, então, concluir se a companhia tinha realmente cometido discriminação sexual contra a funcionária, que na época trabalhava como sócia minoritária na empresa.
Ellen processou a Kleiner Perkins por ter permitido tal discriminação enquanto ela trabalhava como investidora na empresa de capital de risco, entre 2005 e 2012. Ela foi demitida em 2012, logo depois de prestar queixas sobre seu caso.
Dentre as diversas afirmações na ação judicial, ela alega ter sido pressionada e rebaixada por um ex-parceiro amoroso, teve três de seus colegas promovidos e com salários bem maiores que o dela, foi excluída de vários e-mails e decisões importantes e até deixou de ser convidada para as confraternizações da firma.
Ellen atualmente é CEO interina da Reddit. Em comunicado, ela afirma que se sente grata por ter conseguido contar sua história:
Eu gostaria de agradecer à minha família e amigos pelo carinho e apoio durante esse momento desafiador. Eu agradeço meu time de advogados por ter me conseguido um dia na corte, e à todos ao redor do mundo - homens e mulheres - que expressaram apoio de várias maneiras diferentes, e àqueles que se identificaram com meu caso também e estão orgulhosos por eu ter conseguido contar minha história. Eu contei minha história, e milhares de pessoas me escutaram.
Se eu ajudei de alguma forma a nivelar as mulheres e minorias no campo de jogo do capital de risco, então a batalha valeu a pena. Agora é hora de eu voltar a me dedicar à minha carreira, minha família e amigos. Obrigada a todos.
Já a Kleiner Perkins declarou que as afirmações de Ellen Pao não tinham mérito legal:
O veredicto de hoje provou que as queixas de Ellen Pao não tinham mérito legal. Nós somos gratos aos júris por terem examinado o caso tão cuidadosamente. Não há dúvidas de que a diversidade de gênero no ambiente de trabalho é uma questão importante. A KPCB continua empenhada em apoiar as mulheres nas áreas de tecnologia e investimentos de risco em nossa firma e em toda a indústria.
Apesar de ter perdido no julgamento, Ellen Pao lançou luz sobre o problema de discriminação contra minorias que trabalham com tecnologia e investimentos. Tanto que os últimos relatórios de diversidade do Google, Facebook, Apple, Yahoo! e Twitter mostram que as mulheres não compõem nem 40% do quadro de funcionários global dessas empresas.
Um levantamento realizado pelo site Glassdoor ainda revela que muitas mulheres ganham menos que homens com a mesma experiência e formação que elas. De acordo com a ação judicial do processo de Ellen Pao, a sócia ganhava cinco vezes menos que seus colegas homens, que entraram na companhia no mesmo ano que ela.
A história de Ellen acabou lançando luz sobre esse problema e encorajou outras mulheres a denunciar assédios e discriminação no trabalho. As gigantes do Vale do Silício, como Google, Twitter e Facebook também foram acusadas por funcionárias e ex-funcionárias que se sentiram assediadas e discriminadas de diferentes formas por seus superiores.
Confira abaixo o documento sobre o veredicto do caso de Ellen Pao: