Como lidar com os recém-chegados na empresa
O ritmo acelerado de contratações e promoções traz um desafio a mais ao dia a dia: como lidar com os novos chefes e os colegas recém-chegados?
Da Redação
Publicado em 2 de abril de 2013 às 10h53.
São Paulo - Desde o ano passado, a taxa de desemprego no Brasil está abaixo de 7%. O que significa que o ritmo das contratações está acelerado. Você já deve ter percebido isso andando pelos corredores da empresa. Há muitos novos colegas chegando de outras companhias, o que exige jogo de cintura e flexibilidade dos colaboradores mais antigos para lidar com situações do dia a dia.
Por exemplo: explicar a dinâmica do trabalho, cooperar com os recém-chegados para preservar o desempenho do grupo e colaborar com eles para cumprir suas próprias metas. Essa realidade é ampliada se considerarmos os estrangeiros que têm vindo ao Brasil para trabalhar e os novatos que foram promovidos recentemente. Como se sair bem nessa tarefa de “anfitrião corporativo”? a melhor dica é saber se colocar no lugar do outro (leia mais ao longo da reportagem).
“Ao fazer isso, o funcionário antigo identifica as dificuldades que os novos enfrentam e, ao entender suas necessidades, conseguirá ajudá-los melhor”, diz Denise Fleck, professora de estratégia e organizações e coordenadora do mestrado do Coppead, na universidade Federal do rio de Janeiro. Essas boas vindas são determinantes, pois definem como será o relacionamento no futuro.
“Embora o discurso seja de respeito às diferenças, na prática tudo muda. respeitá-las é o caminho para construir bons relacionamentos com quem chega”, diz Janaina Ferreira Alves, coordenadora e pós-graduação do Ibmec, escola de administração no rio de Janeiro. Veja a seguir como lidar com os novos chefes e com os colegas recém-chegados.
1Chefe novo chega ao setor
Como agir: Não seja resistente. Mostre-se aberto às mudanças e disposto a encarar a nova aventura ao lado dele. Essas são posturas recomendáveis quando um novo chefe assume. “Desapegar-se do que já foi feito, ter tolerância, apoiar as modificações e ajudar o gestor na avaliação de riscos são atitudes positivas”, diz Claudia Klein, da consultoria carioca Argumentare Desenvolvimento Organizacional.
Cooperar é muito diferente de ser bajulador. Para Claudia, o risco de parecer puxa-saco existe, caso o funcionário se ofereça para resolver assuntos pessoais do chefe dentro da empresa, como cuidar da vaga de garagem dele. Evite atitudes desse tipo. Pode causar uma primeira impressão ruim.
Em sintonia com o chefe
O gerente de manutenção do hotel Caesar Park no Rio de Janeiro, Alexandre Magno, de 36 anos, presenciou a chegada de um diretor italiano em 2010. Como já havia viajado para a Itália e conhecia a cultura do país, sabia o que ele estranharia. “Ajudei-o a compreender nossa forma de trabalhar.” Na primeira semana de gestão do novo diretor, Alexandre e os demais gerentes tiveram uma reunião individual para passar as informações de suas áreas. Para ele, é fundamental ser simples e objetivo para não sobrecarregar o novato. “Acho que me saí bem.”
2Colega novo vem de outra área ou de outro mercado
Como agir: Compartilhe as especificidades da função naquele segmento com o novo colega. Afinal, você conhece bem as demandas e a rotina do negócio. Ao mesmo tempo, não menospreze a experiência do recém-chegado. “É preciso manter uma postura de curiosidade para descobrir do que o outro entende, em vez de achar que ele nada sabe só porque veio de um mercado diferente”, diz Claudia Klein, que também já foi diretora de RH na L’Oréal Brasil.
Tirar dúvidas sobre o trabalho anterior do novo colega o deixa mais à vontade para perguntar. “As respostas devem ser simples. Reações de surpresa e ironia devem ser evitadas para não criar constrangimentos”, alerta Janaina Ferreira Alves, do Ibmec.
Dupla entrosada
O administrador e contador Diego Ramirez, de 29 anos, analista de operações financeiras sênior da Rexam, empresa de embalagens, encarou um grande desafio ao treinar uma colega. A administradora Carla Yamamoto veio não só de outro mercado, o de telecomunicações, como também de outra área, a tributária. Na empresa há dois meses, ela já dá conta de 90% das atividades que eram de Diego. “Procurei identificar seus gaps e, assim, ajudá-la da melhor forma no treinamento”, conta Diego.
3Profissional substitui um funcionário carismático
Como agir: Evite comparações. “Esse tipo de atitude gera prejuízo tanto para quem é comparado quanto para quem gasta energia com a prática destrutiva”, diz Janaina, do Ibmec. Caso um colega compare um e outro, não reforce seu comportamento negativo. “Pelo contrário, destaque o que o novo integrante da equipe tem de bom”, diz Sandra Gioffi, sócia da Accenture.
Além disso, ao entender o que o recém-chegado tem de marcante, o funcionário mais antigo deve tentar descobrir a melhor forma de aprender essas habilidades com ele. E mais: engana-se quem pensa que carisma é tudo. “Ter comunicação clara, focar em resultado, dar feedback construtivo, ajudar no desenvolvimento dos colegas são competências que podem fazer uma pessoa não carismática conseguir a boa vontade dos demais”, acrescenta Janaina.
4Funcionário recém-chegado é estrangeiro
Como agir: Quem recebe um estrangeiro tem duas ótimas oportunidades. Primeira, aprender uma cultura diferente e praticar um segundo idioma. Mas o brasileiro deve ficar atento às diferenças culturais para não cometer gafes nem desrespeitar o outro. O estrangeiro costuma adotar uma postura flexível por estar em outro país. Independentemente da boa vontade de ambos os lados, as saias justas aparecem.
Para se sair bem numa situação vivida há dez anos, quando era menos comum receber estrangeiros no Brasil, até mesmo em multinacional, Sandra Gioffi pediu ajuda a um gerente mais experiente. Tinha de dizer à colega venezuelana que suas roupas exageradas para os nossos padrões criavam barreiras com os clientes. “Com delicadeza, tentei traduzir o jeito de o brasileiro se vestir, e ela aceitou as sugestões. Ficamos amigas íntimas”, diz.
5Líder novato
Como agir: De início, o funcionário precisa apoiar o chefe recém-chegado que quer mudar tudo, ainda que não concorde com a estratégia. Mas deve aproveitar o momento de mudança para sugerir as que julga realmente importantes. Por último, caso discorde de alguma proposta do superior, o subordinado deve pontuar as divergências com um discurso positivo. “Proponha fazer as mesmas mudanças, mas de forma diferente”, sugere Claudia Klein.
Para embasar suas ideias, conte o histórico da área. Caso a cultura organizacional não estimule a troca de opinião por parte dos colaboradores, eles devem criar uma relação de confiança com o gestor para, mais tarde, cavar abertura para fazer sugestões. “Primeiro é preciso ouvir o chefe novo para entender por que a meta de aumento do desempenho foi estabelecida”, complementa Sandra Gioffi.
São Paulo - Desde o ano passado, a taxa de desemprego no Brasil está abaixo de 7%. O que significa que o ritmo das contratações está acelerado. Você já deve ter percebido isso andando pelos corredores da empresa. Há muitos novos colegas chegando de outras companhias, o que exige jogo de cintura e flexibilidade dos colaboradores mais antigos para lidar com situações do dia a dia.
Por exemplo: explicar a dinâmica do trabalho, cooperar com os recém-chegados para preservar o desempenho do grupo e colaborar com eles para cumprir suas próprias metas. Essa realidade é ampliada se considerarmos os estrangeiros que têm vindo ao Brasil para trabalhar e os novatos que foram promovidos recentemente. Como se sair bem nessa tarefa de “anfitrião corporativo”? a melhor dica é saber se colocar no lugar do outro (leia mais ao longo da reportagem).
“Ao fazer isso, o funcionário antigo identifica as dificuldades que os novos enfrentam e, ao entender suas necessidades, conseguirá ajudá-los melhor”, diz Denise Fleck, professora de estratégia e organizações e coordenadora do mestrado do Coppead, na universidade Federal do rio de Janeiro. Essas boas vindas são determinantes, pois definem como será o relacionamento no futuro.
“Embora o discurso seja de respeito às diferenças, na prática tudo muda. respeitá-las é o caminho para construir bons relacionamentos com quem chega”, diz Janaina Ferreira Alves, coordenadora e pós-graduação do Ibmec, escola de administração no rio de Janeiro. Veja a seguir como lidar com os novos chefes e com os colegas recém-chegados.
1Chefe novo chega ao setor
Como agir: Não seja resistente. Mostre-se aberto às mudanças e disposto a encarar a nova aventura ao lado dele. Essas são posturas recomendáveis quando um novo chefe assume. “Desapegar-se do que já foi feito, ter tolerância, apoiar as modificações e ajudar o gestor na avaliação de riscos são atitudes positivas”, diz Claudia Klein, da consultoria carioca Argumentare Desenvolvimento Organizacional.
Cooperar é muito diferente de ser bajulador. Para Claudia, o risco de parecer puxa-saco existe, caso o funcionário se ofereça para resolver assuntos pessoais do chefe dentro da empresa, como cuidar da vaga de garagem dele. Evite atitudes desse tipo. Pode causar uma primeira impressão ruim.
Em sintonia com o chefe
O gerente de manutenção do hotel Caesar Park no Rio de Janeiro, Alexandre Magno, de 36 anos, presenciou a chegada de um diretor italiano em 2010. Como já havia viajado para a Itália e conhecia a cultura do país, sabia o que ele estranharia. “Ajudei-o a compreender nossa forma de trabalhar.” Na primeira semana de gestão do novo diretor, Alexandre e os demais gerentes tiveram uma reunião individual para passar as informações de suas áreas. Para ele, é fundamental ser simples e objetivo para não sobrecarregar o novato. “Acho que me saí bem.”
2Colega novo vem de outra área ou de outro mercado
Como agir: Compartilhe as especificidades da função naquele segmento com o novo colega. Afinal, você conhece bem as demandas e a rotina do negócio. Ao mesmo tempo, não menospreze a experiência do recém-chegado. “É preciso manter uma postura de curiosidade para descobrir do que o outro entende, em vez de achar que ele nada sabe só porque veio de um mercado diferente”, diz Claudia Klein, que também já foi diretora de RH na L’Oréal Brasil.
Tirar dúvidas sobre o trabalho anterior do novo colega o deixa mais à vontade para perguntar. “As respostas devem ser simples. Reações de surpresa e ironia devem ser evitadas para não criar constrangimentos”, alerta Janaina Ferreira Alves, do Ibmec.
Dupla entrosada
O administrador e contador Diego Ramirez, de 29 anos, analista de operações financeiras sênior da Rexam, empresa de embalagens, encarou um grande desafio ao treinar uma colega. A administradora Carla Yamamoto veio não só de outro mercado, o de telecomunicações, como também de outra área, a tributária. Na empresa há dois meses, ela já dá conta de 90% das atividades que eram de Diego. “Procurei identificar seus gaps e, assim, ajudá-la da melhor forma no treinamento”, conta Diego.
3Profissional substitui um funcionário carismático
Como agir: Evite comparações. “Esse tipo de atitude gera prejuízo tanto para quem é comparado quanto para quem gasta energia com a prática destrutiva”, diz Janaina, do Ibmec. Caso um colega compare um e outro, não reforce seu comportamento negativo. “Pelo contrário, destaque o que o novo integrante da equipe tem de bom”, diz Sandra Gioffi, sócia da Accenture.
Além disso, ao entender o que o recém-chegado tem de marcante, o funcionário mais antigo deve tentar descobrir a melhor forma de aprender essas habilidades com ele. E mais: engana-se quem pensa que carisma é tudo. “Ter comunicação clara, focar em resultado, dar feedback construtivo, ajudar no desenvolvimento dos colegas são competências que podem fazer uma pessoa não carismática conseguir a boa vontade dos demais”, acrescenta Janaina.
4Funcionário recém-chegado é estrangeiro
Como agir: Quem recebe um estrangeiro tem duas ótimas oportunidades. Primeira, aprender uma cultura diferente e praticar um segundo idioma. Mas o brasileiro deve ficar atento às diferenças culturais para não cometer gafes nem desrespeitar o outro. O estrangeiro costuma adotar uma postura flexível por estar em outro país. Independentemente da boa vontade de ambos os lados, as saias justas aparecem.
Para se sair bem numa situação vivida há dez anos, quando era menos comum receber estrangeiros no Brasil, até mesmo em multinacional, Sandra Gioffi pediu ajuda a um gerente mais experiente. Tinha de dizer à colega venezuelana que suas roupas exageradas para os nossos padrões criavam barreiras com os clientes. “Com delicadeza, tentei traduzir o jeito de o brasileiro se vestir, e ela aceitou as sugestões. Ficamos amigas íntimas”, diz.
5Líder novato
Como agir: De início, o funcionário precisa apoiar o chefe recém-chegado que quer mudar tudo, ainda que não concorde com a estratégia. Mas deve aproveitar o momento de mudança para sugerir as que julga realmente importantes. Por último, caso discorde de alguma proposta do superior, o subordinado deve pontuar as divergências com um discurso positivo. “Proponha fazer as mesmas mudanças, mas de forma diferente”, sugere Claudia Klein.
Para embasar suas ideias, conte o histórico da área. Caso a cultura organizacional não estimule a troca de opinião por parte dos colaboradores, eles devem criar uma relação de confiança com o gestor para, mais tarde, cavar abertura para fazer sugestões. “Primeiro é preciso ouvir o chefe novo para entender por que a meta de aumento do desempenho foi estabelecida”, complementa Sandra Gioffi.