Como fazer marketing pessoal de um jeito mais eficiente
Entenda as diferenças entre marca, branding e marketing pessoal e confira como usar tudo isso a seu favor na carreira
Da Redação
Publicado em 16 de janeiro de 2018 às 15h00.
Última atualização em 16 de janeiro de 2018 às 15h00.
Marcia Auriani entrou no mundo de branding pessoal por acaso.
Quando ainda estudava Administração de Empresas, no fim dos anos 1990, conheceu um designer num escritório vizinho ao seu e aceitou o desafio de ajudá-lo a gerir sua empresa e a visão estratégica do negócio.
Já interessada, fez pós-graduação em Marketing e teve a chance de dar aulas sobre o assunto para alunos de design do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.
Rapidamente notou que tinham o mesmo problema que o primeiro designer que conheceu: eram ótimos profissionais criativos, mas precisavam de ajuda para entender e administrar todo o resto.
Não era um problema só de uma categoria específica. Muita gente precisava (e precisa) de ajuda para entender os conceitos de uma boa gestão de marca pessoal, que transmite uma mensagem clara sobre quem você é como profissional.
Foi pensando nisso que o Estudar Na Prática desenvolveu um novo curso, o Marketing Pessoal Na Prática, que está com inscrições abertas até 15/02 para edições em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Branding pessoal e marketing pessoal: o que muda?
Para quem quer começar já, o NaPrática.org conversou sobre o assunto com Marcia, que hoje é consultora em branding e gestão de design, coordenadora de pós-graduação no Belas Artes e gestora executiva do portal InfoBranding.
Aos jovens interessados em saber mais sobre marketing e branding pessoal – termos cada vez mais em voga –, sua primeira lição é que é preciso distinguir bem os termos.
“Branding pessoal é o mesmo que gestão da marca pessoal e seu objetivo é construir uma marca de destaque no mercado”, começa. “Já o marketing pessoal ajuda a construir essa marca ao definir estratégias ideais para o sucesso profissional e pessoal.”
Como acontece com o marketing de um produto ou serviço, tais estratégias servem para alavancar o sucesso daquilo que está sendo divulgado para outros. Os resultados de uma má gestão são os mesmos: a percepção do mercado será negativa.
É aí que entra a importância do assunto num mundo cada vez mais competitivo e transparente. “Como o gestor da sua marca pessoal é você mesmo, entender de branding pessoal é fundamental”, afirma ela.
Como criar sua marca pessoal
Qual é a diferença entre marca pessoal e marketing pessoal?
Marcia Auriani: É essencial não confundir marca pessoal com marketing pessoal. Marca pessoal é a reunião de seus talentos e de seus atributos, bons e ruins.
Marketing pessoal é como você vai mostrar ao mundo todas essas características, ou seja, as estratégias que vai adotar para refletir ao mercado o diferencial do seu produto e o valor da sua marca pessoal.
Por que o marketing pessoal é importante profissionalmente?
MA: A marca pessoal é a percepção que seu público tem da sua identidade, seus talentos e atributos. É o que determina que imagem você quer passar.
Como acontece em empresas, o profissional precisa revelar qual é a sua missão (razão de ser), visão (como quer ser lembrado) e valores (princípios éticos).
A partir destes três elementos, é possível estabelecer uma estratégia de marketing pessoal, que é como o profissional mostra suas características ao mercado, e que esteja focada em ações estratégicas para construir uma marca de valor – nesse caso, você.
A credibilidade é despertada a partir da consistência da gestão desta marca pessoal, conhecida também como branding pessoal.
O que é constante quando se trata de marketing pessoal?
MA: Os famosos 4 Ps: produto, preço, ponto de venda e promoção.
A grande diferença é como utilizá-las a favor da marca pessoal: a metodologia é a mesma, mas a atitude do profissional é o grande diferencial no processo de construção de marca de valor.
Imagine que sou uma jovem cliente sua. Como posso entender minha história e saber como me apresentar? Há reflexões que você recomenda?
MA: Com certeza irei começar com uma pergunta: qual é sua paixão? O que te chama atenção no dia a dia e te enche de vontade de aprender mais sobre o assunto?
Em seguida vou perguntar: qual é seu propósito?
Tudo começa com o propósito. É o que conduz à marca pessoal e sua determinação é o ponto de partida.
A maioria das pessoas vive uma corrida insana com suas responsabilidades, compromissos, metas profissionais, questões financeiras e esquece que o sucesso é resultado deste propósito, que exige pensar mais além e de maneira mais abrangente.
Um propósito de vida muito bem definido e planejado nos ajuda a encontrar ou concretizar a razão de ser da marca pessoal.
Quando o profissional sabe o que quer, fica mais fácil definir sua missão de vida, sua visão de longo prazo e os valores que irão conduzi-lo ao melhor caminho.
Quais são os erros mais comuns que as pessoas cometem quando se trata de marketing pessoal?
MA: O primeiro é não estarem apaixonadas pela carreira que escolheram. O sucesso na vida profissional é resultado da escolha certa.
Quando o profissional gosta daquilo que faz, tem foco, um posicionamento estratégico claro de sua marca pessoal e será diferenciado, pois vai querer saber mais e mais sobre a área escolhida.
Como acontece nas empresas, o marketing pessoal não consegue colocar um produto no mercado se ele não for bom.
Em termos de atitude e comportamento, qual é o melhor jeito de se apresentar?
MA: As atitudes e o comportamento de uma marca pessoal são o que comprova seu valor e dão credibilidade para o conteúdo.
Por exemplo, vamos pensar que precisamos de um cardiologista para uma consulta. Chegando na clínica, nos deparamos com o médico fumando.
Como vou me consultar com um cardiologista que está fumando? É um comportamento inadmissível para um profissional desta categoria.
Outro exemplo: digamos que eu preciso de um designer e em nossa primeira reunião ele me entrega um cartão de visita mal impresso. Se ele não está se preocupando com a apresentação da sua empresa, como vai cuidar da apresentação da minha?
São detalhes que fazem a diferença para um profissional. A maneira como você se relaciona com as pessoas, o jeito que trabalha, como arruma a mesa, como fala, se veste ou escreve – tudo faz parte da gestão da sua marca.
Mesmo que você nunca tenha pensado nisso de forma estratégica, é com base nestes itens que as pessoas vão lembrar de você e se referir à sua marca pessoal.
Há algum elemento que você considera um diferencial quando se trata de marca pessoal?
MA: A paixão. Numa entrevista, é perceptível quando o entrevistado é apaixonado pela área escolhida.
A paixão é a parte externa e a mais visível da sua marca. É o “brilho nos olhos” que altera a percepção de valor da sua marca no mercado. Um alimenta o outro.
Se você for apaixonado pelo que faz, terá uma obsessão natural e saudável por saber mais, buscar mais, querer mais. E quanto mais você busca, mais aumenta a sua paixão.
E vale ressaltar que uma marca sem conteúdo pode ter o melhor trabalho de marketing pessoal, mas com certeza um dia se atrapalhará – e o estrago será muito maior se descobrirem que você é uma fraude.
Muitos jovens pensam que não têm nada para falar sobre si mesmos. Como contornar esse pensamento?
MA: Todos nós temos histórias para contar, não importa a idade.
Se um jovem foi escolhido pelos colegas para ser representante de sala, por exemplo, isso demonstra liderança e com certeza diz muito sobre sua marca pessoal.
Lembre-se: toda marca tem uma personalidade que foi se desenvolvendo com os aprendizados recebidos em casa e fora dela. Tudo nos torna pessoas melhores e com marcas diferenciadas.