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Banheiro multigênero, beach tênis, PLR turbinado: as apostas da Porto para manter seus funcionários

A seguradora aposta em diferentes benefícios para o seu time de 13 mil funcionários, como bolsas para faculdade, flexibilidade no trabalho, reforma no banheiro e até criação de sócios

Anderson Valadares, superintendente de Gente e Cultura da Porto: Com o programa Porto em Ação geramos de fato um orgulho e engajamento nos funcionários que se tornaram sócios da companhia (Porto/Divulgação)

Anderson Valadares, superintendente de Gente e Cultura da Porto: Com o programa Porto em Ação geramos de fato um orgulho e engajamento nos funcionários que se tornaram sócios da companhia (Porto/Divulgação)

Publicado em 3 de abril de 2024 às 06h30.

Última atualização em 4 de abril de 2024 às 14h22.

“Quando falamos em benefícios tradicionais, continuamos competitivos no mercado, mas quando o assunto é bem-estar e diversidade, estamos apostando em várias iniciativas que ainda não são tão comuns”, diz Anderson Valadares, superintendente de Gente e Cultura da Porto, seguradora que está no mercado brasileiro há mais de 75 anos.

O executivo traz com exclusividade à EXAME as iniciativas mais originais da companhia, que inclui reformas nos banheiros, preparação de mulheres e negros para liderança (mesmo sem metas de diversidade) e até geração de sócios.

"A Porto não estabeleceu metas específicas para certos aspectos de diversidade e inclusão, mas isso não significa falta de comprometimento com estes temas. Priorizamos ações concretas, com um foco em mudanças qualitativas e no desenvolvimento de uma cultura inclusiva, ao invés de apenas atingir números específicos", diz Valadares. 

Desafio 1: ser o “porto seguro” para todos os gêneros

A equidade de gênero e racial, por exemplo, não tem meta na Porto, e mesmo assim a companhia tem hoje 57% de mulheres formando o time, sendo que em cargos de liderança o gênero feminino representa 44%. Quando o recorte são profissionais negros, 40% de pessoas negras compõe o time, sendo na liderança 24%.

“Estamos há dois anos com essa porcentagem de mulheres em cargos de liderança, mas a nossa intenção é de ampliar esse número, mesmo que sem metas, para este ano e os próximos”, diz Valadares que aposta na educação interna para mostrar os potenciais femininos e negros que existem hoje dentro da companhia.

“Esse número de mulheres e negros na liderança é resultado de mais de 480 treinamentos, cursos e trilhas que apostamos há vários anos para desenvolver os potenciais líderes no nosso time”, diz. “As mulheres, por exemplo, ganharam no ano passado o Programa Lidera, que tem o objetivo de desenvolver e acelerar o crescimento profissional das participantes.”

Por meio do LOAD, hub de aprendizagem da Porto, Valadares afirma que já foram impactados de janeiro a dezembro de 2023 mais de 7.140 funcionários.

A estrutura física do escritório também está passando por mudanças. Os banheiros dos prédios da Porto, em São Paulo, serão multigêneros a partir deste ano. Para os profissionais autodeclarados trans, a companhia paga 100% os cursos de graduação, enquanto os outros funcionários, que não possuem ensino superior, possuem direito a uma bolsa de 50%.

“Entendemos que é importante apoiar o público trans no início de carreira para democratizarmos esse acesso. Identificamos que muitas dessas pessoas não tiveram condições de ingressar no ensino superior, por isso vimos que faria sentido dar essa oportunidade”, diz Valadares que reforça que a companhia também considera inclusão de parceiros do mesmo gênero nos planos de saúde e na previdência e reembolsa 100% dos custos do cartório para o funcionário que opte em mudar de nome.

Atualmente, com 13 mil funcionários em todo o Brasil, a Porto conta com 22 funcionários que se autodeclaram como trans e 14 pessoas não-binárias.

Desafio 2: ter funcionários saudáveis

Para ajudar os funcionários a entregar resultados de forma saudável a companhia tem apostado no modelo de trabalho de acordo com cada atividade. “Oferecemos diferentes modelos de trabalho, incluindo full home office e modelos flexíveis que são adaptados de acordo com a necessidade de cada área”, diz o executivo de RH da Porto.

Além da flexibilidade com o regime de trabalho segundo cada função, a companhia estimula atividades físicas como Gympass, grupos de corrida e até beach tennis.

“Criamos em agosto do ano passado uma quadra de beach tennis vizinha ao escritório, onde os funcionários podem agendar aulas de futevôlei, funcional e vôlei de praia”, afirma Valadares que comenta que desde a inauguração a quadra já contou com 1.500 acessos.

O grupo de corrida também faz sucesso, segundo o executivo. “Já foram mais de 2.300 participantes em 14 edições”.

Desafio 3: ter sócios ao invés de funcionários

A Porto está apostando em liberar mais espaço para que o funcionário se sinta parte da companhia. “Para isso, ser sócio da companhia não é uma má ideia, né?”, diz Valadares.

Conhecido internamente como “Porto em Ação”, o programa de remuneração variável permite que todos os funcionários CLT no Brasil se tornem sócios da companhia, exceto jovens aprendizes, temporários e estagiários recebendo ações como parte de um programa de remuneração adicional.

“É um programa adicional à PLR. A iniciativa faz parte da estratégia de crescimento da empresa para os próximos anos e tem o objetivo de fortalecer ainda mais o relacionamento dos funcionários com a cultura, o propósito e a história da marca”, diz o CHRO.

Por meio do Porto em Ação, a companhia já conta com mais de 12 mil funcionários que são sócios da companhia. Para receber as ações, a Porto se baseou em um sistema de metas. A empresa estabelece certas metas que, ao serem atingidas, permitem que os funcionários recebam as ações, e a partir deste momento eles se tornam sócios da companhia.

“Isso gerou um senso de pertencimento da companhia muito grande”, afirma Valadares que reforça que o programa está em seu segundo ano, com resultados positivos.

“Engraçado que as pessoas começaram a acompanhar mais as ações da Porto e geramos de fato um orgulho nesses funcionários que começaram a falar que agora são sócios da companhia”, diz o executivo que reforça que os funcionários que não estão familiarizados com o mercado financeiro recebem um suporte educacional. “Isso ajuda os funcionários a entenderem melhor o valor e a importância das ações que recebem.”

No ciclo 2022 até 2023, a Porto liberou 1.473.511 milhão de ações para 12,6 funcionários que são sócios. No ciclo de 2023 até 2024 foram 2.727.750 milhões de ações para 12,2 funcionários.

Com três verticais de negócios (Porto Seguro, Porto Saúde e Porto Bank), a Porto fechou 2023 com resultado positivo: a companhia apresentou 8,4 bilhões de reais de receita e lucro líquido de 688,9 milhões de reais.

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