São Paulo - Ser aprovado num concurso público pode ser muito difícil. Diante disso, sobram justificativas - legítimas ou não - para abandonar os estudos.
De acordo com Vincenzo Papariello Junior, sócio-fundador da VP Concursos, a maioria das desistências se apoia em argumentos falsos.
“Normalmente é um autoboicote”, explica. “A pessoa não acredita na sua capacidade de ser aprovada, então encontra desculpas, coloca obstáculos o tempo todo”.
Os pretextos podem ser de inúmeras ordens, do tempo consumido na rotina pelos filhos à falta de dinheiro para pagar cursos e livros.
Felipe Lima, coach especializado em concursos públicos, também já viu muitos candidatos fugirem do desafio após sentirem o sabor amargo de sua primeira reprovação.
“Eles querem resultados imediatos e esquecem que ser aprovado num concurso é projeto demorado e exigente”, afirma.
Quando faz sentido jogar a toalha?
Num contexto de crise econômica , em que a busca por estabilidade aumenta a competição por cargos públicos, é preciso redobrar a perseverança para estudar.
Por isso, mais do que nunca, é fundamental diferenciar razões justas de meras "desculpas" para abandonar um concurso.
Mas quais seriam alguns motivos que realmente sustentam a decisão? Veja a seguir as respostas dos especialistas ouvidos por EXAME.com:
1. Você descobriu que não tem vocação
Para Marcus Bittencourt, advogado da União e especialista em concursos, este é o único argumento válido para cancelar os seus planos. Afinal, muita gente se candidata a um cargo unicamente pelo salário e pela estabilidade que ele pode proporcionar.
Para evitar frustrações a longo prazo, é importante refletir se a carreira pública é mesmo para você. “Durante a preparação, o candidato pode encontrar um propósito na vida que não seja ligado ao setor público", diz Bittencourt. "Nesse caso, a desistência é claramente justificável".
2. Você recebeu uma oferta melhor
Cargos públicos podem ser extremamente disputados, mas não necessariamente são o máximo que um indivíduo pode mirar na carreira.
Muitas pessoas desistem - e com razão - de um concurso simplesmente porque receberam uma oportunidade de emprego na iniciativa privada. No entanto, alerta Rodrigo Menezes, é preciso ter cuidado com esse tipo de decisão. “Recomendo pesar muito bem se vale a pena abrir mão da estabilidade que a carreira pública proporciona”, diz o diretor do site Concurso Virtual.
3. A sua vida pessoal não deixa outra escolha
De doenças a divórcios, são inúmeras as situações de ordem particular que podem afetar a sua disponibilidade para os estudos. Segundo Papariello, vale a pena repensar se você terá condições emocionais de chegar preparado para a prova.
A desistência, entretanto, pode ser apenas temporária. “Assim que os problemas ficarem mais leves, meu conselho é respirar fundo e retomar os estudos”, afirma Rodrigo Lelis, professor do Universo do Concurso.
4. Não há tempo hábil para se preparar
Muitos candidatos usam a falta de tempo como pretexto para abandonar um concurso. No entanto, existem casos em que o cronograma realmente impossibilita candidaturas.
Segundo Papariello, é preciso avaliar a viabilidade caso a caso. “Se você tem um mês e meio para estudar 20 disciplinas que não domina, é melhor deixar para a próxima”, afirma.
- 1. Edson Mosquéra, aluno do curso Ênfase
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O melhor de estudar para concursos públicos: “Sinto muito orgulho quando consigo cumprir minhas próprias metas de estudo. Com o tempo, as questões se tornam mais fáceis, os conceitos mais claros e a leitura mais rápida.” O pior de estudar para concursos públicos: “Menos contato com a família, amigos e pessoas queridas. Com a imersão no mundo dos concursos, é natural que haja um afastamento desses núcleos afetivos. Compreensivelmente, o isolamento leva à cobrança do afeto perdido. As pessoas esperam que eu compareça a aniversários, celebre reuniões e divida momentos de alegria. No fundo, também desejo tudo isso, mas, ao mesmo tempo, minha mente torna-se uma fonte implacável de ansiedade e cobrança pessoal, o que dificulta o desfrute destes momentos.”
2. Érika Pacheco, aluna do Concurso Virtual 2 /8(Divulgação)
O melhor de estudar para concursos públicos: “É muito bom quando estudo uma matéria nova, difícil, começo a acertar as questões e vejo que estou no caminho certo e que é só não desistir. Aprender, a cada dia, novas matérias e assuntos me completa como pessoa e me fortalece como estudante. O pior de estudar para concursos públicos: “Quando as pessoas olham pra mim e dizem: ainda não passou? Está estudando há tanto tempo!".
3. Juliana Queiroz, aluna do Universo do Concurso 3 /8(Divulgação)
O melhor de estudar para concursos públicos: “É a situação em que, após um árduo período de estudo, começo a colher os frutos a partir de um aumento significativo de acertos em simulados e provas”. O pior de estudar para concursos públicos: “Quando, mesmo tendo estudado demasiadamente, eu percebo que ainda há muito o que estudar. É o momento em que percebo que todo o esforço feito foi pouco, e preciso encontrar forças para continuar nesse caminho.”
4. Pollyana Dieine, professora e concurseira 4 /8(Divulgação)
O melhor de estudar para concursos públicos: “Quando minha bebê dorme e eu consigo completar 3 horas de estudos sem ser interrompida por choros. Quando consigo estudar um tema por inteiro, sem cochilar, e ver que aquelas três horas de estudo renderam mais do que as seis horas de antigamente.” O pior de estudar para concursos públicos: “Quando minha filha dorme, começo a estudar e logo sou interrompida, pelo chamado ‘mamãe’ ou quando vejo que o cansaço da maternidade exclusiva não vai me permitir ler mais do que meia hora. Ou quando alguém vira e fala que eu não faço nada o dia todo e que já era para ter passado.”
5. Fernanda Albuquerque, aluna do Universo do Concurso 5 /8(Divulgação)
O melhor de estudar para concursos públicos: “Sinto-me realizada e gratificada por tamanha dedicação, foco e persistência. Estou quase chegando lá. O gosto pela matéria aliado a um professor com boa didática é tudo”. O pior de estudar para concursos públicos: “As pessoas da família que querem minar a sua determinação e ficam falando ‘chega de estudar, é exagero, ninguém estuda tanto assim’. Prefiro me fazer de surda nestas horas.”
6. Luciana Brites, advogada e concurseira 6 /8(Divulgação)
O melhor de estudar para concursos públicos: “É a esperança de uma vida mais segura em termos econômicos”. O pior de estudar para concursos públicos: “O fato de que é preciso delimitar mais o tempo, ser excepcionalmente seletivo. Não se sabe até quando será preciso essa disciplina, tendo em vista o cargo almejado”.
7. Deborah Cal, concurseira 7 /8(Divulgação)
O melhor de estudar para concursos públicos: “Chegar ao final da semana e verificar que concluí com êxito o cronograma de estudos. Verificar que consegui estudar todas as matérias previstas e resolver questões. A sensação de dever cumprido é maravilhosa e ajuda muito a me deixar motivada. Terminar de estudar o cronograma do edital meses antes da prova também é muito gratificante, me dá tranquilidade para revisar diversas vezes e me deixa muito mais segura para a prova.” O pior de estudar para concursos públicos: “Chegar na prova tendo estudado e revisado bem a matéria, mas deixar que o psicológico atrapalhe seu desempenho é terrível. Ao final a sensação de frustração é imensa.”
8. Agora, veja os prós e os contras da carreira pública, segundo concurseiros aprovados 8 /8(Creative Commons)