3 regras de ortografia que se aprendem na infância
Diogo Arrais, professor de Língua Portuguesa do Damásio Educacional, relembra das regras de ortografia que aprendeu na infância
Da Redação
Publicado em 21 de julho de 2015 às 16h09.
* Escrito por Diogo Arrais, professor do Damásio Educacional
Antes de “p” ou “b”, só se usa “m”. Foi exatamente com essa regra que nasceu, em mim, a paixão por regras ortográficas. Dizem os analistas que paixão é sentimento passageiro, assim como a felicidade. No entanto, duvido. Se vivo estou, devo à Língua.
O mundo estava em 1988, quando a professora (também chamada de tia) Leonora surgia com seu penteado milimétrico, camisa estampada, ombreiras que acentuavam as formas, dezenas de pulseiras que faziam alegres sons e uma caixa de giz artesanal. Dizia com todas as letras: “Meninos, antes de ‘p’ ou ‘b’, vem ‘m’! Essa é a regra mais importante do ano!”
Nos ditados, a regrinha facilitava muito. Bastava recorrer à mente e ao coração (já que lembranças envolvem muito do sentimental) para que viesse o vocábulo adequado à língua-padrão.
Houve ainda o tempo da belíssima professora Elaine: cedilha não ocorre antes de “e” ou “i”, porque a “Ceci” não usa brincos. Meu Deus! Como essa regra reflete a paixão, pela Ortografia, nada passageira em mim.
Elaine, além de excelente didática, tinha uma letra da qual a Geometria sente inveja até hoje: linda, poética, harmoniosa. Não bastasse isso, essa querida professora cuidava para que o pó do giz não viesse aos seus alunos; por isso, sempre andava com um pano úmido, a fim de repelir a excessiva sujeira.
Com a tão temida Bete, pensei que fosse trair o meu amor gramatical, mas não passou de um susto. Professora Bete fazia questão de repetir: “A com acento grave tem relação direta com ‘para a’!” Por isso, mentalmente ainda uso tais conselhos para agradecer à minha paixão: declaração enviada à (para a) Língua.
Tempo bom! Tempo do achocolatado em caixinha, com o canudinho e aqueles barulhos saudosistas da sucção. Tempo dos cadernos coloridos, da caneta quadricolor, do uniforme que misturava azul e branco, da disciplina, dos livros do Sargentim, dos ditados que hoje são sacrificados pela vertente moderna dos Linguistas. Tempo de Leonora, Elaine e Bete. Tempo de P, de B, de Cedilha, de Grave, de Amor.
Um grande abraço, até a próxima e siga-me pelo Twitter!
Diogo Arrais
@diogoarrais
Professor de Língua Portuguesa – Damásio Educacional
Autor Gramatical pela Editora Saraiva
* Escrito por Diogo Arrais, professor do Damásio Educacional
Antes de “p” ou “b”, só se usa “m”. Foi exatamente com essa regra que nasceu, em mim, a paixão por regras ortográficas. Dizem os analistas que paixão é sentimento passageiro, assim como a felicidade. No entanto, duvido. Se vivo estou, devo à Língua.
O mundo estava em 1988, quando a professora (também chamada de tia) Leonora surgia com seu penteado milimétrico, camisa estampada, ombreiras que acentuavam as formas, dezenas de pulseiras que faziam alegres sons e uma caixa de giz artesanal. Dizia com todas as letras: “Meninos, antes de ‘p’ ou ‘b’, vem ‘m’! Essa é a regra mais importante do ano!”
Nos ditados, a regrinha facilitava muito. Bastava recorrer à mente e ao coração (já que lembranças envolvem muito do sentimental) para que viesse o vocábulo adequado à língua-padrão.
Houve ainda o tempo da belíssima professora Elaine: cedilha não ocorre antes de “e” ou “i”, porque a “Ceci” não usa brincos. Meu Deus! Como essa regra reflete a paixão, pela Ortografia, nada passageira em mim.
Elaine, além de excelente didática, tinha uma letra da qual a Geometria sente inveja até hoje: linda, poética, harmoniosa. Não bastasse isso, essa querida professora cuidava para que o pó do giz não viesse aos seus alunos; por isso, sempre andava com um pano úmido, a fim de repelir a excessiva sujeira.
Com a tão temida Bete, pensei que fosse trair o meu amor gramatical, mas não passou de um susto. Professora Bete fazia questão de repetir: “A com acento grave tem relação direta com ‘para a’!” Por isso, mentalmente ainda uso tais conselhos para agradecer à minha paixão: declaração enviada à (para a) Língua.
Tempo bom! Tempo do achocolatado em caixinha, com o canudinho e aqueles barulhos saudosistas da sucção. Tempo dos cadernos coloridos, da caneta quadricolor, do uniforme que misturava azul e branco, da disciplina, dos livros do Sargentim, dos ditados que hoje são sacrificados pela vertente moderna dos Linguistas. Tempo de Leonora, Elaine e Bete. Tempo de P, de B, de Cedilha, de Grave, de Amor.
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