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O nó górdio de Bolsonaro

Analista político observa os desafios do governo com o fim do auxílio emergencial e a fragilidade da economia

Bolsonaro vestiu o figurino responsável, mas também avisa àqueles que aprovam seu governo que a ajuda terá um fim (Alan Santos/PR/Divulgação)

Isabela Rovaroto

Publicado em 9 de outubro de 2020 às 20h37.

Última atualização em 9 de outubro de 2020 às 20h53.

O presidente Jair Bolsonaro merece um elogio por ter dito que o auxílio emergencial não é para sempre. E surpreende os críticos que o chamam de populista, sem nenhum apreço à responsabilidade fiscal e com olhos somente na reeleição. Escrevo ajoelhado no milho.

Do ponto de vista fiscal, Bolsonaro vestiu o figurino responsável, mas também avisa àqueles que aprovam seu governo que a ajuda terá um fim. Redução gradual: depois de ter caído de 600 para 300 reais, ficará zerada em 2021 para mais de 30 milhões de pessoas. Certamente não gostarão. Mas avisados o foram. É tentativa de vacina contra a impopularidade.

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Uma coisa não pode ser negada a Bolsonaro, sua franqueza. Espontâneo, simples e próximo dos eleitores, o presidente às vezes discute decisões com seus apoiadores. Pede confiança. Tem tido crédito neste processo.

O grande desafio é saber até onde irá esse crédito. Há sinais, além do fim do auxílio, de fragilidade na economia e risco de queda no emprego nos próximos meses. Esse é o nó górdio a ser desatado.

Na lenda, o rei Górdio deixou um nó impossível de ser desatado. Quem conseguisse ganharia a coroa. Alexandre, o Grande, observou o nó e, após um tempo, sacou sua espada, cortou as cordas e desfez as amarras.

A economia hoje precisa ser desatada para crescer. É necessária a condução do Ministério da Economia e o apoio do Congresso para restaurar a fé na retomada pós-pandemia. E muito crédito na praça.

*Analista político da FSB Comunicação

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