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Mercado de influência, jovem e sudestino, está longe de ser inclusivo

Pesquisa realizada em conjunto por YOUPIX e 99jobs mostra que profissional da área trabalha em agências especializadas

Pesquisa realizada em conjunto por YOUPIX e 99jobs mostra que profissional da área trabalha em agências especializadas (Maskot/Getty Images)

Pesquisa realizada em conjunto por YOUPIX e 99jobs mostra que profissional da área trabalha em agências especializadas (Maskot/Getty Images)

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Publicado em 5 de maio de 2022 às 15h30.

O mercado de influência no Brasil reflete o ambiente de marketing, com uma predominância jovem (68,1% têm entre 26 e 37 anos), pouco diversa e sudestina, o que deixa distante o ideal inclusivo.

Esse é o resultado de uma pesquisa realizada em fevereiro  pela YOUPIX, consultoria de negócios para a Creator Economy, e a 99jobs, empresa de recrutamento inclusivo. O objetivo do estudo, o primeiro a investigar carreiras e influência no país, foi analisar a realidade dos profissionais que atuam no mercado em expansão. Foram ouvidas 661 pessoas.

Segundo Bia Granja, fundadora e CCO da YOUPIX, "o dia a dia do mercado de influência está longe de refletir a diversidade necessária em todo o ecossistema das redes sociais, tanto nos bastidores quanto no conteúdo que ainda faz sucesso de fato. Temos um longo caminho a percorrer até chegarmos no cenário ideal de inclusão."

Na carreira, encontram-se, principalmente, pessoas brancas, hétero e cis. A presença de pessoas brancas é maior no setor de influência do que na população brasileira no geral (42%), e a heteronormatividade é um dos traços da mentalidade dos profissionais do setor.

Onde trabalham

Um dos principais dados coletados na pesquisa é que a maior parte dos respondentes (38,4%) trabalha em agências especializadas em influência. Isso mostra a consolidação desse mercado e o surgimento de oportunidades para novos profissionais. Graças ao crescimento da área, em 2021, essas agências tiveram um aumento de 34,8% em seu faturamento.

O mercado ainda conta com as agências de digital, que empregam 48% dos profissionais que atuam com influência ou mídias sociais. 61% dos respondentes também afirmam que as empresas onde trabalham reservam um departamento exclusivo dedicado à influência. Ou seja, essa é uma área que está, cada vez mais, ganhando protagonismo nas estruturas das empresas.

Ainda assim, essas organizações têm quase sua totalidade de colaboradores sendo pessoas brancas: nas marcas e clientes esse número é de 74% de seu quadro de funcionários, já nas agências, são 72%. Nas consultorias é onde encontramos um ambiente mais inclusivo, com quase metade das pessoas sendo pretas/pardas (48%).

Segundo Fabio Mariano, professor, Head de Cultura Inclusiva e Insights da 99jobs e PhD de Sociologia & Antropologia do Consumo, "apesar das pautas raciais e de políticas afirmativas estarem em ebulição, principalmente nas marcas e depois nas agências, as oportunidades de carreira para as pessoas negras nas ações de reparação ou intencionais passam a quilômetros de distância da área profissional de influência."

"Não estão convidando as pessoas pretas para a festa deste mercado, parafraseando a tão popular definição de Vernã Myers. Consultoria por enquanto é porta de entrada. Está aí oportunidade de ouro para quem quer fazer diferente e entrar para a história", diz ele.

Oportunidades do mercado

Para quem está começando no mercado agora, analista é o cargo de entrada, que concentra metade das pessoas que trabalham há pelo menos 3 anos na área, o que explica por que 38% dos pretos/pardos atuam nessa função. Essas pessoas estão chegando agora para trabalhar com influência, num terreno já iniciado, desbravado e dominado pelas pessoas brancas: 59% têm no máximo três anos de jornada.

Essa é uma área muito horizontal, mas que exige conhecimento específicos e em skills diferentes, como: criatividade, pesquisa, entendimento do cliente, storytelling, análise, negociação, relacionamento e gestão de projetos e pessoas. Todas as habilidades são desenvolvidas no curso IMP, da YOUPIX.

A maioria dos respondentes (57,4%) é contratada em regime CLT. Sendo que, dentre elas, 74% das pessoas com registro são brancas e 82% das pessoas que trabalham nas marcas estão sob o regime CLT e, nas agências, apenas 44% das pessoas são registradas.

A média salarial do mercado de influência está entre R$3.501 e R$7.500 (R$ 38,5% ganha entre esses valores) e, refletindo a realidade das pessoas negras no recorte que o estudo mostrou, os menores salários são pagos a essa parcela de profissionais, que têm 34,5% ganhando até R$3.500,00.

O que a pesquisa mostra

Fica claro que, apesar do trabalho necessário no que diz respeito à inclusão e diversidade, essa é uma área com muito potencial de carreira no setor e de grande importância para o mercado brasileiro como um todo.

"Com essa pesquisa conseguimos ter uma visão clara de carreiras, faixas salariais e benefícios (compatíveis com o mercado) e também entender oportunidades de crescimento. Esse segmento se mostra muito horizontal, com responsabilidades demarcadas e isso reflete como ele é singular, como de fato envolve conhecimentos, habilidades e talentos específicos da área. Por isso, reconhecer formalmente a importância e o valor de um profissional do mercado de influência é uma atitude e tanto para uma área que tem menos de 20 anos", finaliza Bia Granja.

Bate-papo sobre os resultados

O YOUPIX Talks, realizado especialmente para divulgar o material e com um bate-papo especial com Bia Granja, fundadora e CCO da YOUPIX, Natália Costa, Creative Strategist da YOUPIX e Fabio Mariano, consultor da 99jobs, pode ser assistido aqui.

A pesquisa completa, com descobertas e insights exclusivos dos profissionais envolvidos no estudo, pode ser baixada clicando aqui.

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