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Logística no Brasil: governo e iniciativa privada destacam inovação e parceria para fim de gargalos

Webinar da Bússola debateu como superar os desafios logísticos de um país continental como o Brasil

(Mineto/Estadão Conteúdo)
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Bússola

Publicado em 27 de janeiro de 2021 às 21h33.

Última atualização em 1 de novembro de 2022 às 20h32.

Num país de dimensões continentais, com 8,5 milhões km2 de extensão territorial, e gargalos de infraestrutura ainda existentes, dois fatores são essenciais para fazer a logística avançar no Brasil: : inovação e parceria. Essa foi a conclusão da live realizada nesta quarta-feira, 27 de janeiro, sobre os desafios logísticos brasileiros. O webinar reuniu representantes do governo e do mercado: Marcelo Sampaio, secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura; Marcelo Lopes, diretor-executivo de Supply Chain do Grupo Carrefour Brasil; Marcelo Guarnieri, CEO e fundador da Kangu; e Marcelo Saraiva, presidente da Brado Logística.

Sampaio destacou um conjunto de ações do Ministério da Infraestrutura para melhorar a posição do Brasil no ranking do Índice de Desempenho Logístico (LPI) do Banco Mundial (56o lugar entre 160 países) e reduzir os custos com logística que, segundo estudo da COPPEAD/UFRJ, representam 12,1% do PIB nacional. Ele citou as concessões como uma das apostas do ministério para acelerar os investimentos em infraestrutura de transporte. Somente em 2021 está prevista a transferência de mais de 50 ativos, o que deverá render quase R$ 138 bilhões em investimentos e gerar 2 milhões de empregos.

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De acordo com o secretário-executivo do MInfra, o novo ano chega com muitas oportunidades para o setor de logística. “Em 2021, acontecerá o maior leilão de aeroportos do nosso país. Serão 22 leiloados, ou seja, um marco histórico. Seguimos firme com a agenda estipulada pelo governo federal de conectar melhor o país ”, afirmou. Para ele, outra concessão que será emblemática é a da Via Dutra (BR-116), que liga São Paulo e Rio de Janeiro, com investimento de R$ 15 bilhões.

Marcelo Lopes, do Grupo Carrefour Brasil, relatou como é a experiência desafiadora do maior varejista do país e líder na distribuição de alimentos. “O Carrefour Brasil detém diferentes formatos e canais, com a bandeira Atacadão, hipermercados Carrefour, os (formatos) Market e Bairro em supermercado, o Express mais próximo.  Tem drogaria, tem postos de gasolina, e o canal de e-commerce, que acelerou demais em 2020. São pouco mais de 200 mil itens diferentes para esses formatos. Para suportar isso tudo temos 24 operações logísticas, entre Centros de Distribuição e plataformas, e mini centros de distribuição, para a última milha”, disse.

Lopes ressaltou que avanço em logística passa também pela discussão tributária e diversificação da matriz de transportes, hoje concentrada no modal rodoviário. “Não dá para se falar de desafio de infraestrutura logística se não tocarmos no tema de logística tributária. A gente infelizmente está em um dos poucos países que a menor distância não é a mais rentável, e isso precisa mudar. E, na área de sustentabilidade, é preciso pensar em uma nova matriz energética, com menos dependência do diesel. E, portanto, investir em outros modais, como cabotagem e trilhos. É o que procuramos no Carrefour”, completou.

Marcelo Sampaio explicou que uma das prioridades do Ministério da Infraestrutura é justamente dobrar a participação das ferrovias para agilizar e baratear o escoamento da produção. A ampliação do modal ferroviário na matriz de transportes vai beneficiar empresas como a Brado, referência nacional em logística multimodal, com soluções na movimentação de contêineres  aos principais polos de produção e consumo do Brasil. Presidente da companhia, Marcelo Saraiva, celebrou os planos do MInfra para expansão das ferrovias já que a Brado se dedica principalmente ao transporte de cargas por longas distâncias ferroviárias.

Saraiva falou ainda sobre como o caminhão e o trem podem ser complementares de maneira estratégica. “O caminhão é o nosso parceiro. E acreditamos que cada vez mais o perfil do caminhoneiro vai mudar para um profissional que se dedicará a fazer trechos mais curtos, de cerca de 300 quilômetros, enquanto o trem movimenta cargas por longas distâncias, acima de 2.000 quilômetros. O caminhão sempre vai ser complementar, principalmente nas pontas de origem e destino”, esclareceu.

Logística na pandemia

A infraestrutura de transporte se tornou ainda mais importante com a pandemia, que impôs novas e complexas demandas logísticas. Com as limitações trazidas pelo coronavírus, os consumidores recorreram ao e-commerce, que se expandiu rapidamente e virou a alternativa para as empresas sobreviverem à crise. Sistemas de entrega precisaram ser adaptados, ampliados e, no caso de pequenos negócios, criados. E a inovação foi fundamental para superar esses desafios.

Criada em 2019 para oferecer uma solução efetiva a empresas no momento final do processo logístico, a Kangu investe para mudar o modelo de entrega e distribuição de mercadorias com o uso de tecnologia e ganhou visibilidade com a pandemia. Segundo o CEO da empresa, Marcelo Guarnieri, por meio de uma rede colaborativa entre vendedores, transportadoras e pontos de coleta, é possível, sim, ter resultados positivos com uma logística estruturada e ainda sustentável. Por meio da plataforma Kangu, é possível ter acesso a uma ampla variedade de empresas de transporte e escolher a opção de envio mais conveniente, usando veículos adequados para cada perfil de entrega e região.

Ainda é possível enviar, receber ou devolver encomendas via 4.000 “Pontos Kangu”, estabelecimentos comerciais parceiros capacitados para serem locais de recebimento e armazenagem de pacotes. No Brasil, Colômbia e México já são mais de 20 milhões de pacotes entregues.  “Por meio da nossa tecnologia, os estabelecimentos podem complementar a cadeia e encurtar o caminho para os vendedores, trazendo mais facilidade e menos custos para eles, e fazer com que essa logística flua de forma mais suave até o destinatário, levando um produto entregue com mais qualidade, sustentabilidade, gerando um impacto sempre positivo para a sociedade”, explicou Guarnieri.

O executivo da Kangu detalhou ainda como se deu a ampliação da rede a partir da pandemia. “Por meio dessa vocação digital, conseguimos fazer a conexão com os estabelecimentos comerciais de bairro e, com isso, foi possível ampliar essa malha muito rápido. Alcançamos uma escalabilidade muito grande no nosso negócio e, quanto mais isso ocorre, mais abrimos espaço para que os vendedores de e-commerce tenham um local de envio de seus produtos, com menos custos e prazo menor”, contou.

Saraiva, da Brado, também comentou as mudanças trazidas pela Covid: “O segredo foi se reinventar. Precisamos falar em disrupção e inovação, e o processo começa na nossa cabeça. Tanto o provedor, quanto o contratante”. Ele ainda elogiou a dedicação dos colaboradores. “Adotamos uma série de procedimentos de prevenção à Covid-19 junto aos nossos times operacional e administrativo. Para quem atua nas áreas operacionais foi distribuído álcool em gel, máscaras de proteção e adotada a higienização correta dos ambientes. Em áreas administrativas, foi adotado o home office”, disse.

O secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura explicou como o governo tem atuado para assegurar ao Brasil a eficiência logística necessária durante a pandemia, respondendo a desafios que vão desde a expansão do e-commerce ao transporte de equipamentos, insumos e remédios contra a crise sanitária. “Definimos três grandes eixos de atuação. O primeiro deles é garantir que a nossa agenda ordinária, de concessão, leilão, malha rodoviária, se mantivesse de forma intensa. Depois, precisamos nos estruturar para resolver a crise com o que estava posto - e definimos objetivos muito claros. Terceiro, na contenção do pós-crise. O importante neste cenário é se ater aos métodos para conseguir atender toda população”, finalizou.

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