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Intersetorialidade é o caminho necessário na educação

A pandemia inaugurou um tempo inédito, sacudiu planejamentos, formas de trabalhar e tantas outras áreas da vida

Iniciativas multissetoriais costumam ter mais fôlego e promover resultados mais sistêmicos (mixetto/Getty Images)
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Bússola

Publicado em 20 de novembro de 2021 às 16h37.

Última atualização em 22 de novembro de 2021 às 15h51.

Por Renata Chagas*

O mês de março de 2020 inaugurou um tempo inédito, o de uma pandemia que sacudiu planejamentos, formas de trabalhar e tantas outras áreas da vida. Passados pouco mais de um ano e meio de distanciamentos sociais e um novo olhar para as relações em geral, o que aprendemos?

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O trabalho da organização PonteaPonte me chamou a atenção nesse sentido. Avaliando centenas de iniciativas sociais que buscaram enfrentar e mitigar os efeitos sociais e econômicos da pandemia, foram levantadas sete grandes reflexões e aprendizados.

Gostaria de destacar aqui a terceira delas: “as iniciativas multissetoriais ou construídas em rede tendem a ter mais ‘fôlego’ e conseguiram se manter ativas por mais tempo do que as centenas de microações que surgiram no início da pandemia, além de promoverem resultados mais sistêmicos”.

De certa forma, é a confirmação da importância da intersetorialidade. Isto é, trabalhar, governar e construir políticas públicas de forma articulada entre diferentes setores — como saúde, assistência social, educação e emprego. A intersetorialidade fortalece e reúne conhecimentos, práticas e estruturas sociais e culturais entre diferentes setores, para que dialoguem e somem esforços na execução conjunta de ações que beneficiem o cidadão.

Um exemplo disso é o Balcão de Ideias e Práticas Educativas, um programa desenvolvido em parceria entre o Instituto Neoenergia e o CIEDS — Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável. Por meio da sua frente de formação, realiza a capacitação de professores e gestores escolares com o objetivo de fortalecer a formação dos atores escolares das redes de municípios na Bahia, São Paulo, Rio Grande do Norte e Paraíba, estimulando a criação de novas práticas educativas, alinhadas às dez Competências Gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), inspirando conhecimento.

Por meio da frente de assessoria, apoia o corpo gestor das redes municipais, visando minimizar os impactos causados pela covid-19, considerando o crescimento das desigualdades e defasagens de aprendizagem dos alunos. Dentre suas estratégias destaca-se o fomento às ações intersetoriais, estreitando os vínculos entre os setores públicos e maior aproximação com as famílias para a garantia do direito à educação, à saúde e à assistência.

Ao longo de um processo colaborativo, que fomentou a maior articulação e integração entre os profissionais das redes, foram cocriadas e implementadas práticas educativas inovadoras. A intersetorialidade em rede está presente, envolvendo desde as famílias e professores, os profissionais das secretarias de educação e também outros setores públicos.

Um processo que se adaptou à realidade, como ao lançarmos a página “educação e covid-19”, possibilitando que os profissionais da área da educação divulgassem seus conteúdos e iniciativas relacionadas ao contexto de pandemia. Os cursos presenciais tiveram sua versão em EAD considerando os desafios das redes educacionais, como dificuldade de acesso à internet e distância entre escolas e moradia dos alunos. Foram criados cursos assíncronos (que podem ser feitos a qualquer momento) com os tutores, que utilizaram diversas estratégias para apoiar os educadores no uso dos recursos nessa nova realidade.

Vimos que a experiência do Balcão de Ideias é uma constatação da força da intersetorialidade, uma vez que problemas complexos necessitam de integração e articulação. Ou seja, precisam ser pensados e resolvidos por vários setores. E que a intersetorialidade está impregnada de uma dimensão democrática de participação das decisões de construção de políticas públicas.

A pandemia de covid-19 exigiu o distanciamento social e escancarou a necessidade de aproximar os setores públicos entre si e eles e a população, para a garantia de direitos básicos como direito à educação e à saúde individual e coletiva. Sem dúvida, articular diferentes entes federativos é um desafio, à distância ainda mais. Mas, há boas práticas em andamento e é importante compartilhá-las.

* Renata Chagas é diretora-presidente do Instituto Neoenergia

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