Inovação é vital para sustentabilidade do negócio, diz CEO do Aché
Executiva da empresa líder em produtos farmacêuticos de prescrição falou à Bússola sobre inovação, oportunidades e desafios para a indústria
Bússola
Publicado em 24 de junho de 2021 às 10h44.
Por Bússola
Apesar do sotaque francês do nome, o Aché é uma empresa 100% nacional, fundada há mais de 50 anos, fruto do empreendedorismo e do sonho de três propagandistas. É líder em produtos de prescrição e uma das maiores indústrias farmacêuticas brasileiras. De lá para cá, a sucessão de inovações, lançamentos, aquisições, alianças e parcerias contribuíram para a ampliação do portfólio da companhia
Para falar sobre os desafios e oportunidades de inovar – no Brasil e na indústria farmacêutica – a Bússola conversou com Vânia Alcantara Machado, CEO do Aché.
Bússola: Como se dá a inovação de produtos na indústria farmacêutica?
Vânia Alcantara Machado: Na indústria farmacêutica, a inovação é vital para a sustentabilidade do negócio, cumprindo ainda papel social e ambiental relevantes ao promover a descoberta de medicamentos para as necessidades não atendidas, prevenir doenças, melhorar a qualidade de vida das pessoas, contribuir para a longevidade, oferecer tratamentos eficazes com maior adesão e conveniência, minimizar custos hospitalares e diminuir o impacto aos recursos naturais, resultando em um mundo mais inclusivo e equilibrado.
A inovação faz parte da essência do Aché e é um pilar estratégico fundamental para o crescimento do nosso negócio, demonstrada em produtos, serviços e processos. Recentemente alcançamos duas importantes conquistas que reforçam nossa vocação para inovar: obtivemos a aprovação de estudo clínico de fase II na FDA (Food and Drug Administration) para terapia experimental oral, contendo um extrato vegetal inovador, para tratamento do vitiligo, e lançamos o inovador InSPIRe Lab, para acelerar ainda mais nosso processo de inovação.
A inovação se dá seja por meio da inovação radical, que consiste na descoberta de novos ativos, sintéticos ou provenientes da biodiversidade, exigindo grande investimento e tempo de pesquisa, ou por meio da inovação incremental, que trata da aplicação de tecnologia em moléculas ou produtos existentes com o objetivo de resolver um problema, melhorar a comodidade, a eficácia e segurança e a adesão dos pacientes ao tratamento.
Nos últimos cinco anos, lançamos 190 produtos e, em 2020 – mesmo em um ano atípico e desafiador –, investimos R$ 104 milhões em inovação.
Bússola: Sendo uma empresa brasileira inovadora, quais as oportunidades e os desafios para inovar no Brasil?
Vânia Alcantara Machado: As políticas públicas brasileiras têm permitido o desenvolvimento e o crescimento da indústria nacional, oferecendo mais condições e clareza para que as empresas iniciem seu processo de inovação, ampliação do uso de novas tecnologias e oferta de opções terapêuticas.
O Brasil avançou muito nas últimas duas décadas, com a implantação de grandes marcos reguladores, como a criação da Anvisa, a promulgação da Lei dos Medicamentos Genéricos, a promulgação da Lei da Biodiversidade em 2015 e a criação do programa de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs), o que permitiu o avanço do segmento de biotecnologia no Brasil, um conhecimento fundamental para o desenvolvimento da indústria na obtenção de medicamentos de alta complexidade, seguros e eficazes, como é o caso da Bionovis, uma empresa controlada por quatro laboratórios nacionais, entre eles o Aché.
Mesmo com tantos avanços, acreditamos ser necessário fomentar o diálogo e a negociação entre os setores do Brasil para que haja uma transformação qualitativa dos processos de gestão. A transformação é fundamental, não apenas para a efetividade da política de saúde, mas também no alcance de objetivos mais amplos orientados ao desenvolvimento social. Temos hoje um setor regulado, onde é preciso que haja políticas de fomento e regras claras de atuação, para que seja um ambiente justo e propulsor de inovação para todos os players, sejam eles nacionais ou internacionais.
Outro ponto a se considerar como um desafio no mercado brasileiro é a alta tributação sobre medicamentos. Hoje, temos uma carga que é cinco vezes maior que a média global – isso, somado a nossa dependência de princípios de países como Índia e China, torna bastante custoso e desafiador inovar no país.
Bússola: Qual foi e está sendo o impacto da pandemia da covid-19 para a inovação em diferentes frentes na companhia e no setor?
Vânia Alcantara Machado: Apesar de desafiador, o impacto da covid-19 representou para o Aché uma oportunidade de se aproximar ainda mais de seu propósito: levar mais vida às pessoas onde quer que elas estejam, e também se mostrar resiliente para – de forma célere e assertiva – driblar as adversidades, ajustar portfólio, continuar com o foco em inovação e seguir atendendo a comunidade médica e o consumidor.
Adotamos todos os protocolos desde o início, visando prioritariamente o cuidado, a saúde e o bem-estar das pessoas, destinamos recursos para doações a populações carentes e equipamentos de proteção para os profissionais de saúde.
Aceleramos ainda mais a evolução digital pela qual já vínhamos passando, para apoiar os médicos e permitir que nossa força de vendas seguisse atuando, virtualmente e com segurança.
No Aché, nos preparamos para este mundo em transformação com otimismo. Nossa mente permanecerá aberta e entre nossas escolhas estratégicas estão o investimento contínuo em pesquisa e inovação, a transformação cultural e digital, a experiência do cliente e sua complexidade e a excelência nos processos resultando em acessibilidade e qualidade de nossos produtos a todos os brasileiros.
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