Gestão Sustentável: apesar dos negacionistas, critérios ESG se consolidam
Entenda em que ponto estamos na jornada mundial em busca da sustentabilidade
Head da Beon - Colunista Bússola
Publicado em 1 de fevereiro de 2024 às 10h00.
Há três semanas, escrevi neste espaço uma coluna com o título “ Estamos diante do pós-ESG?” . O texto tratava de como a politização da sigla, especialmente nos EUA, “inflacionou” artificialmente alguns debates sobre a validade da agenda como alavanca de criação devalor e gestão de riscospara acionistas e outrosstakeholders.
Nesse meio tempo, o noticiário “ anti-ESG ” foi novamente aquecido com manchetes que podem levar a conclusões equivocadas, ainda mais considerando o baixo grau de atenção e de capacidade crítica de nossa sociedade, que inclusive faz o tema das informações falsas e desinformação serem o principal risco global mapeado pelo Fórum Econômico Mundial.
Morte do ESG?
Antes de afirmar que o ESG “ficou para trás” ou “morreu”, convém lembrar que a sigla não é uma coisa só, mas um conjunto de ferramentas em constante atualização que buscam elevar a capacidade de organizações entregarem valor no longo prazo em cenários (ou ecossistemas) em profunda transformação e repletos de riscos ambientais, sociais, econômicos e de governança.
Ao aplicar estas ferramentas de acordo com os principais riscos e impactos de cada negócio, é esperado que as empresas aumentem a sua resiliência – que aliás é o termo que vem sendo usado pela BlackRock em substituição ao ESG, numa aparente tentativa de escapar das críticas ideológicas feitas ao tema nos EUA e retomar o ponto central da tese:
- Práticas de sustentabilidade corporativa são relevantes porque mitigam riscos que em primeiro momento seriam classificados como não financeiros, mas que podem impactar os negócios no médio ou longo prazo.
O objetivo, em outras palavras, é trazer o futuro para o presente, de modo que as ações necessárias sejam adotadas tempestivamente.
E isso é bom para os negócios
Para quem lê as tendências de forma pragmática, o que fica no passado não é a agenda ESG , mas as falsas polêmicas.
Segundo a agência de classificação de riscos Fitch, o volume de emissões de dívidas relacionadas a metas e projetos de sustentabilidade deve crescer em 2024, mesmo com expectativas de crescimento econômico global moderado, taxas de juros altas e regulações que evoluem para tornar esses ativos mais confiáveis, padronizadas e, consequentemente, restritivos.
Adicionalmente, conforme o mercado compreende os mecanismos pelos quais práticas ESG adicionam valor e protegem ativos, é esperado que fundos de investimento integrem esses aspectos em seus mecanismos de avaliação, em um processo que tende a tornar a agenda parte do “pacote básico” do mercado financeiro .
Sou otimista para apostar que em alguns anos, deveremos chegar a esse futuro com “ ESG em todo lugar ”, tão comum que sequer pensaremos na sigla, mas sim nos componentes que ela traz para gestão de riscos.
Esse cenário, aliás, é esperado há muitos anos por nós que atuamos com sustentabilidade no mundo corporativo.
ESG está mais vivo do que nunca. Ele só deixou de ser novidade.
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