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Compliance é movimento sem volta na construção, diz diretora do Sinicon

Grande empregador, setor renovado pode se tornar um vetor de transformação no Brasil

Tatiane Ollé: "o setor da construção civil se fortaleceu nos quesitos da ética e da integridade" (Bússola/Divulgação)

Tatiane Ollé: "o setor da construção civil se fortaleceu nos quesitos da ética e da integridade" (Bússola/Divulgação)

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Publicado em 23 de junho de 2021 às 14h20.

Última atualização em 23 de junho de 2021 às 14h23.

Na última década, as empresas de infraestrutura no Brasil, especificamente as de construção pesada, mudaram sua configuração, adotando processos estruturados em governança, transparência, monitoramento, controle e responsabilização, em todos os níveis. Intensificado pelos resultados da operação Lava Jato, passou de conjunto de ações reativas para um movimento proativo.

A Bússola conversou com Tatiane Ollé, Diretora Jurídica e Gestora de Conformidade do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon), sobre como as instituições do setor vêm estruturando políticas preventivas e reativas de sistemas de compliance e sobre como essas ações podem ampliar as oportunidades de negócios.

Bússola: A cultura da integridade e da gestão de riscos vem crescendo, assim como a necessidade de maior transparência e medidas de controle. Como o Sinicon vê essa tendência?

Tatiane Ollé: Esse é um movimento sem volta. As instituições precisam estar alinhadas para que possam conquistar e manter sua condição de operar em países que exigem transparência e integridade. No Brasil, esse movimento foi intensificado com os resultados da operação Lava Jato, que atingiram particularmente empresas da indústria de construção pesada.

A transformação ocorrida no setor, com a promoção de uma cultura de integridade e gestão de riscos, foi evoluindo de uma motivação reativa para uma ação proativa. Essa evolução se consolida e se fortalece a cada dia com a constatação de que um ambiente negocial mais íntegro e transparente é bom para todos, pois reduz custos para a sociedade, mitiga riscos e adiciona valor aos negócios.

Bússola Exame: O que defende, de fato, o Conselho de Ética do Sinicon e que empresas participam dele?

Tatiane Ollé: No atual mandato, estão representadas no conselho as empresas Andrade Gutierrez, Camargo Correa Infra, Ferreira Guedes, Galvão, Queiroz Galvão e OEC. O conselho apoia o Sinicon na definição de políticas e práticas internas de integridade que orientam seus dirigentes e colaboradores, além de ser um foro de discussão em matérias de integridade e compliance, buscando formas de ampliar e difundir essas práticas em toda a indústria de construção pesada.

Bússola Exame: O setor de infraestrutura no Brasil sofreu o maior baque de sua história com os esquemas de corrupção denunciados pela operação Lava Jato, em 2015. As maiores empresas do setor precisaram recorrer a acordos com a justiça para sobreviver, acumularam dívidas bilionárias e mancharam sua imagem por anos. Com isso, todo o país sofreu impactos, com redução de obras, investimentos e oportunidades. O que mudou ao longo desses anos?

Tatiane Ollé: Nesses últimos anos, o setor da construção civil se fortaleceu nos quesitos da ética e da integridade. A evolução dos programas de compliance aumentou os controles e implementou novas rotinas, capazes de revolucionar e fortalecer a cultura de integridade, que a cada dia se torna mais enraizada.

Desta forma, o mercado amadureceu com os fatos ocorridos no passado, fazendo com que as áreas de compliance sejam cada vez mais um ativo empresarial e funcionem como uma condição de sobrevivência. A tolerância zero para corrupção edifica o setor, que por meio de iniciativas coletivas e individuais, contribui para o aumento da confiança e, consequentemente, da oferta de novas oportunidades de negócio.

Bússola: Podemos dizer que há um amadurecimento de gestão nas empresas do setor?

Tatiane Ollé: As companhias vêm se transformando. Se olharmos para empresas grandes, que se relacionam principalmente com clientes privados, a evolução de práticas de compliance foi bastante acelerada. Essas empresas investiram em sistemas integrados, equipes qualificadas e também em governança corporativa. Mas acreditamos que há um longo espaço para melhoria da gestão de compliance em empresas menores. Esse processo requer tempo e será fundamental que grandes contratantes e empresas líderes do setor ajudem e estimulem empresas menores nessa implantação.

Bússola: Ainda há espaço para crescimento na implementação de medidas de conformidade entre as organizações?

Sinicon: Nossa atividade é, por definição, muito complexa e desafiante. Execução de atividades de compliance nesse ambiente também requer muita resiliência, pois existem muitos fatores externos na realização de um empreendimento. Por essa razão, é fundamental ter ações de integridade ágeis e eficazes. O segredo é focar no que é relevante e monitorar e acompanhar os riscos e processos críticos. Uma vez que é um grande empregador, o setor pode ser um vetor de transformação cultural do Brasil.

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