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As quatro lições que a maternidade ensina para a gestão

Rotinas, imprevistos, padrões, estado de espírito alterado e hábitos que podem não ser ideais, mas temos que escolher na hora de eleger batalhas

A experiência da maternidade pode trazer lições valiosas para a gestão. (MoMo Productions/Getty Images)
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Bússola

Publicado em 22 de agosto de 2021 às 09h00.

Última atualização em 2 de setembro de 2021 às 11h49.

Por Bruna Sion*

1. Pessoas antes de tudo

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O dia está cheio. A rotina puxa de um lado, os imprevistos de outro. O cliente chama, a crise estoura, o Whatsapp dá pane de tanta mensagem. Mas nada, nada importa mais do que uma pessoa do time que me puxa para conversar. E não estou falando só da conversa do café, embora essa também seja importante. Estou falando daquela conversa que muitas vezes vem acompanhada de um nó na garganta, de um “eu sei que tá foda, mas você tem cinco minutos? Preciso muito conversar”. Pessoas importam. Pessoas importam mais do que tudo.

Em casa, embora eu tenha batalhas escolhidas, nenhuma é mais relevante do que o abraço em um filho. Eu paro o almoço, eu deixo a roupa ficar dura no varal. E eu não desmereço nenhum motivo. Afinal, o motivo é dele e não meu.

E isso vale para o meu filho de três anos ou de alguém do meu time, de 30.

2. Tudo bem não estar bem

A mesma pessoa que entregou um projeto brilhante em um dia pode entregar um arroz com feijão insosso em outro. E isso não quer dizer absolutamente nada, exceto que aquele dia as coisas não estão tão bem. Máquinas têm padrões, seres humanos não.

Meus filhos normalmente comem bem. Mas tem dia que o prato do almoço fica intacto. E isso não quer dizer que eles desaprenderam a comer espinafre. Quer dizer só que naquele dia, naquela terça-feira como qualquer outra, eles resolveram que não estavam a fim. E tá tudo bem.

Você está bem todos os dias?

3. O seu estado de espírito reflete em todo resto

Ah, essa aqui é imbatível. E eu vou trocar a ordem e começar pela maternidade. Você, mãe, já levantou (e não digo nem acordou, porque na imensa maioria das vezes essa condição vem seguida de uma noite mal dormida) esbravejando, irritada, querendo esganar qualquer pessoa que apareça sorrindo na sua frente?

Como normalmente fica o seu filho nesses dias? Por aqui eles, invariavelmente, absorvem o meu estado de espírito, e isso vira um ciclo sem fim. Cabe a mim – como adulta racional e que tem inteligência emocional já desenvolvida – mudar a rota, aproveitando para ensinar aos pequenos como a gente se autorregula.

Como gestora, não é muito diferente. Experimenta (ou melhor, não experimenta) liderar uma reunião sem antes tentar alguma técnica que te acalme. Eu acredito que uma boa discussão é fruto 80% da troca saudável de ideias e só 20% de conhecimentos técnicos. Acalme-se ou a conta não fecha.

4. Em dois anos, isso vai fazer alguma diferença?

Autoexplicativo, né? Às vezes a gente sofre, arranca cabelo e cultiva uma úlcera nervosa por algo que simplesmente some. Tente fazer esse exercício diário. Daqui a dois anos, essa sua angústia vai ter algum impacto? Se a resposta for sim, ok, respira e segue na busca pela melhor solução. Agora, se for não, na maternidade ou na vida profissional, segue porque não vale a sua paz.

Talvez o chocolate todos os dias depois do almoço crie um hábito não muito legal para o seu filho. Mas a piscina gelada vai dar no máximo um resfriado que passa em uma semana. Por outro lado, um funcionário trabalhando infeliz pode impactar entregas relevantes, enquanto pedir um dia a mais de prazo para o cliente vai gerar no máximo um desconforto momentâneo.

Vamos escolher as nossas brigas?

*Bruna Sioné sócia-diretora na Loures e mãe do Tomás e do Felipe

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