A cultura é feita de pessoas e do que comunicamos (10'000 Hours/Getty Images)
Bússola
Publicado em 15 de julho de 2021 às 11h26.
Última atualização em 15 de julho de 2021 às 16h01.
Por Marcela Quintella*
Para mim, uma das coisas mais importantes dentro de uma empresa é sua cultura. Como ela vê o funcionário e o que ela faz por ele? Ao longo da minha trajetória, trabalhei em algumas organizações com as quais me identificava e outras não. E construir uma cultura com a qual os colaboradores se identifiquem é algo que eu me preocupo muito aqui na Education Journey.
A cultura organizacional é o conjunto das crenças, costumes e comportamentos presentes em uma empresa. É o que indica para os funcionários, por exemplo, como agir em determinadas situações, o dress code do escritório, o que é esperado deles e, mais importante ainda, o cenário maior em que eles estão inseridos. Inclusive, ela também pode ser considerada uma ferramenta de gestão pelo seu poder de influência em todos os aspectos do negócio.
Sempre foi algo importante. É a “cola” que mantém as pessoas unidas durante os momentos bons e ruins. É a razão pela qual os funcionários fazem seus esforços discricionários todos os dias para o trabalho. E é fundamental para construir uma marca empregadora, que atrai e retém talentos de alto desempenho.
Não há dúvidas de que a pandemia de covid-19 mudou a forma como vivemos e exigiu adaptações em diversas áreas de nossas vidas, principalmente em relação ao trabalho. A cultura organizacional também foi impactada nesse contexto. Alguns funcionários se adaptaram bem ao trabalho remoto, outros nem tanto — e se sentem em uma ilha, sozinhos. A interação com os colegas agora é por chamadas de vídeo, e o contato do dia a dia e aquele bate papo do corredor foram se perdendo.
Como manter uma cultura positiva neste momento de trabalho à distância? Como transpor o convívio pessoal ao ambiente virtual sem perder a essência da companhia? E como criar uma cultura para os funcionários de uma empresa que já nasceu em regime remoto? É com esse último desafio que lidamos na Education Journey, que fundamos no meio da pandemia.
Algo que aprendi nesses meses à frente de uma startup em fase inicial é que a cultura é feita de pessoas. Quando chega gente nova, é natural que ela mude, evolua ou seja influenciada pela bagagem trazida pelos novos membros do time de outras culturas que viveram.
Olhar para a cultura é garantir consistência ao crescimento da organização, sem perder de vista os valores que a fizeram chegar aonde está e que vão pavimentar o caminho para seus próximos passos.
A cultura é composta, essencialmente, do que comunicamos, em todas as suas formas, e do significado que as pessoas extraem disso. Estão incluídos aí a escolha do local onde vamos trabalhar, a forma, o nome, a grafia, as cores, o jeito como falamos, as palavras que escolhemos e o tom de voz que usamos em cada situação.
Tudo que falamos, fazemos e decidimos comunica a forma como vemos o mundo, como nos posicionamos dentro dele e com que tipo de pessoas queremos nos relacionar. E como esperamos que as pessoas respondam a isto.
Desenvolver uma cultura parece fácil, mas na hora de implementá-la conscientemente, muitas empresas falham. Ser bem sucedido tem a ver com a consistência com a qual geramos e atendemos às expectativas criadas. Com os exemplos que damos. Com as decisões que tomamos. Com as histórias que contamos. E, principalmente, com as pessoas que entram e que saem.
Pouco a pouco, os colaboradores passam a compreender, espelhar e multiplicar o que valorizamos, até que se torna da natureza da organização ser daquele jeito.
Aqui, na Education Journey, tentamos estar perto de todos mesmo virtualmente. Temos reuniões com cada colaborador mensalmente, realizamos sessões de trabalho de time por videochamada para executar uma tarefa em conjunto, marcamos happy hours e cafés virtuais de 10 minutos no meio da agenda lotada.
Também criamos iniciativas como o clube do livro — em que cada mês uma pessoa escolhe um livro para aqueles que se interessarem lerem e discutirem juntos — ou momentos de descontração ao final da reunião de time em que escolhemos um tema e cada funcionário pode contar uma curiosidade (como, por exemplo, os livros ou filmes que marcaram sua vida). Além disso, cultivamos uma cultura de feedback com formulários mensais e mecanismos mais informais, como o incentivo às conversas sobre o desempenho dos times e os rumos do negócio a cada oportunidade.
Mas o mais importante e o que mais fazemos é estar presente. Achamos especialmente relevante neste momento estar perto e estar disponível para quando um precisa do outro, não importando a hora ou o assunto. A empresa não tem cultura, ela é a cultura e é feita por todo o time.
*Marcela Quintella é cofundadora e COO da Education Journey, plataforma focada em desenvolver o ecossistema de inovação na educação
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