A IMAGEM DE TEMER: para os observadores internacionais, tudo depende do apoio que será dado às investigações / Mario Tama/Getty Images
Da Redação
Publicado em 31 de agosto de 2016 às 21h08.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h50.
Se em política imagem é tudo, o presidente Michel Temer tem uma questão a resolver fora do Brasil. Embora tenha sido reticente com o discurso de “golpe”, que Dilma repetiu até os últimos minutos na presidência, a imprensa internacional levantou dúvidas sobre o futuro institucional brasileiro. Na Alemanha, o Zeit perguntou “foi um golpe?”, mas admitiu que Dilma tem uma parcela da culpa pelo seu impeachment. O também alemão Die Welt disse que as denúncias de corrupção aceleraram o processo contra Dilma.
O jornal americano USA Today fez a pergunta “quem é o presidente Michel Temer do Brasil?”, não esquecendo de dizer que Temer nomeou um gabinete de ministros bastante controverso, inteiramente branco e masculino. O Der Spiegel, da Alemanha, lembrou que três ministros já tiveram que sair do cargo durante a gestão interina de Temer. O jornal New York Times e a rede de TV Aljazeera lembraram que Temer herda um país “amargamente dividido” e sem humor algum para as medidas de austeridade que ele precisa impor para colocar ordem na casa. O Le Monde, da França, disse que o presidente é tão impopular quanto Dilma e até disse que as articulações poderiam se enquadrar em um “golpe” institucional. O espanhol El País foi ainda mais crítico: “não se encerra uma crise, abre-se outra maior”.
Segundo o professor da Universidade Brown, James Green, especialista em história moderna do Brasil, uma questão está acima de todas as outras para os observadores internacionais: Temer precisa manter o compromisso com as investigações que ajudaram a derrubar Dilma. “Se Temer seguir apoiando as investigações, ganha legitimidade. Se não, perde”, disse. Parece simples. Só parece.