DALLAS, TEXAS: policiais comparecem a celebração religiosa pelas cinco vítimas da semana passada / Spencer Platt/Getty Images
Da Redação
Publicado em 11 de julho de 2016 às 20h42.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h53.
O presidente americano Barack Obama chega hoje a Dallas para prestar homenagem aos policiais assassinados na última quinta-feira. Deve voltar também a falar de um tema cada vez mais presente no dia-a-dia do americano médio: a violência policial. Micah Johnson, o atirador de Dallas, matou policiais durante um protesto contra as vidas de homens negros mortos pela polícia naquela mesma semana.
A questão é antiga no país. Na década de 60, a luta civil pelo direito dos negros já tinha embates com departamentos de polícia. Martin Luther King, por exemplo, fez inúmeros discursos contra a brutalidade policial nos anos 1960, e foi preso dezenas de vezes por isso.
Cinco décadas depois, dados do FBI e do censo americano mostram que em 2015 cerca de 1.150 civis foram mortos pela polícia. Estatisticamente, negros têm 3 vezes mais chances de serem mortos pela polícia nos Estados Unidos. Movimentos civis ganham tanto peso no país que o o Black Lives Matter, que fazia o protesto em Dallas, foi escolhido pela revista Fast Company como uma das companhias mais inovadoras de 2015, pela sua capacidade de trazer resultados sobre a discussão racial.
No Brasil, violência policial é um drama ainda mais agudo. A pesquisa “Atlas da violência no Brasil” revela que, só em 2014, cerca de 3.000 pessoas foram mortas pelas polícias, quase 80% delas negras. No Rio de Janeiro, que recebe os Jogos Olímpicos em 24 dias, 645 pessoas foram assassinadas em operações no ano passado. O número de policiais mortos em serviço também é assustador. Calcula-se que, para cada quatro mortes causadas pela polícia, um policial é assassinado. Se nos Estados Unidos a violência policial é um tema fundamental, por aqui é ainda mais.