Veja os estados mais e menos afetados proporcionalmente pela covid-19
Análise feita por pesquisadores da PUCPR mostra que Amazonas, Ceará e Pará têm a maior taxa de mortes por 100 mil habitantes
Clara Cerioni
Publicado em 23 de maio de 2020 às 09h00.
Última atualização em 23 de maio de 2020 às 09h00.
Se levar em conta o tamanho da população, a lista dos estados mais afetados pela pandemia de coronavírus tem uma ordem diferente. Amazonas, Ceará e Pará estão com as maiores taxas de mortes por 100 mil habitantes.
É o que constata uma análise feita por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). O recorte foi feito com base nos dados divulgados pelo Ministério da Saúde no dia 21 de maio. Na última semana, o país passou a marca dos 300 mil infectados e 20 mil mortes pela covid-19.
No Amazonas a taxa é de 39,1 mortes para cada 100 mil habitantes. O número é quatro vezes maior que a média nacional, de 9,5. Ceará (23,7), Pará (21,5), Pernambuco (20,1), Rio de Janeiro (19,8), e Amapá (17,9) também estão em pior situação. São Paulo é o estado com maior número de casos, mas tem uma taxa de 10,5 mortes para cada 100 mil habitantes.
José Rocha Faria, médico e coordenador do Centro de Epidemiologia e Pesquisa Clínica da PUCPR, defende que a análise da pandemia no país seja feita sempre de forma regional.
"É um erro olhar o dado do Brasil como um todo, porque isso vai contra os estados que estão sofrendo com a pandemia. É uma análise para chamar a atenção de que os estados têm diferenças socioeconômicas e de capacidade de atendimento médico", diz o chefe da pesquisa.
O médico ainda pondera que no caso de doenças crônicas não transmissíveis, é possível analisar o país como um todo porque a região tem menos impacto na incidência. "Os dados de mortes por infarto em estados do Sul são muito parecidos com os da região Norte", diz.
Olhando para o número de casos confirmados, o estado do Amapá aparece em primeiro lugar. A taxa é de 613,43 infectados por coronavírus a cada 100 mil habitantes. O hanking ainda tem o Amazonas, com 612,04, seguido do Acre, com 351,84, e do Ceará, com 343,98.
Na outra ponta da lista, a de menos afetados pela pandemia, estão os estados do Paraná (22,87), Minas Gerais (26,43) e Mato Grosso do Sul (26,84).
Capacidade de testagem
O número de casos e mortes confirmadas de coronavírus está ligado diretamente com a capacidade de testagem dos estados.
Na última semana, o Ministério da Saúde divulgou que até o dia 20 de maio repassou aos estados mais de 3 milhões de testes RT-PCR, que são mais precisos. Destes, pouco mais de 423 mil já foram realizados e mais de 2,6 milhões ainda estão em estoque. A média diária de processamento é de 7 mil análises.
Segundo o governo, São Paulo foi o estado que mais realizou testes, enquanto o Rio de Janeiro é o que tem mais em estoque. Os dados não levam em conta os testes adquiridos pelos estados diretamente com o fornecedor.