Vacinas precisarão de dose de reforço anual, diz Dimas Covas à CPI
Diretor do Butantan afirmou que as novas variantes do vírus “colocam uma dificuldade maior” para a vacinação
Alessandra Azevedo
Publicado em 27 de maio de 2021 às 17h15.
Última atualização em 27 de maio de 2021 às 17h27.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou nesta quinta-feira, 27, à CPI da Covid , que será necessária a aplicação de uma terceira dose da vacina contra a covid-19. Segundo ele, todos os imunizantes deverão ter uma "dose de reforço", para garantir uma proteção maior em relação às novas cepas do vírus.
“Com relação a uma dose adicional, uma terceira dose —eu não tenho chamado de terceira dose, mas de dose de reforço—, isso será necessário neste momento para todas as vacinas", afirmou Covas. Ele apontou que até a Pfizer estuda uma "dose de reforço". O motivo, segundo ele, não é apenas a duração da imunidade, mas também a existência de novas variantes do vírus.
O diretor do Butantan afirmou que as novas cepas “colocam uma dificuldade maior” para a vacinação. Isso porque, em princípio, a resposta dos anticorpos induzidos pelas vacinas a variantes em circulação, como a da África do Sul e a da Índia, é inferior à da cepa original, explicou.
“Isso é, de fato, uma ameaça às vacinas”, considera Covas. “Uma dose adicional, já com as variantes, está sendo pesquisada, inclusive com o Butantan, que incorpora essa variante chamada P1 nos estudos em andamento”, disse o diretor do instituto. Os estudos da Butanvac já preveem a necessidade da terceira dose.
Segundo Covas, a vacina precisará ser reforçada com alguma periodicidade, estimada em um ano. "Tudo indica que haverá necessidade de doses anuais, que nós chamamos de doses de reforço, como acontece com a vacina da gripe, dado que essa infecção tem a possibilidade de se tornar endêmica", explicou.
As doses de reforço só podem ser evitadas se houver mudanças nos imunizantes. "As vacinas que nós temos hoje, neste momento, levariam a uma necessidade anual de vacinação", reforçou Covas."Algumas companhias estão trabalhando na possibilidade dessa terceira dose, inclusive o Butantan, que desenvolve estudos para ter o reforço vacinal pelo menos uma vez ao ano", disse.