São Paulo - "Inaugurada" há um ano como uma solução pontual para a crise hídrica, a captação de água do volume morto do Sistema Cantareira, feita para evitar o colapso no abastecimento da região metropolitana, já custou R$ 120 milhões à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo ( Sabesp ) e ainda não tem data para acabar.
Esse valor inclui todas as obras civis, como a construção de diques e dragagem, a compra de equipamentos e até o gasto com óleo diesel para os geradores de energia que garantem o funcionamento das bombas 24 horas.
O custo se aproxima dos R$ 130 milhões que a Sabesp prevê gastar com a transposição de água da Represa Billings para o Sistema Alto Tietê, considerada a principal obra para evitar o rodízio neste ano.
Foi no dia 15 de maio de 2014, às 10h35, que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) acionou pela primeira vez as bombas flutuantes instaladas na Represa Jacareí, em Joanópolis, para sugar uma reserva de água represada abaixo do nível dos túneis de captação.
"Nós entendemos que com esses 182 milhões (de metros cúbicos), nós passaremos o período seco e chegaremos às próximas chuvas", disse Alckmin durante o evento de inauguração da obra, na margem da represa.
Segundo a Sabesp, o bombeamento efetivo da primeira cota do volume morto, de 182,5 bilhões de litros, começou no dia 16.
À época, o nível do Cantareira, que ainda abastecia 7,3 milhões de pessoas só na Grande São Paulo, estava em 8,2% da capacidade, ainda acima de zero. Ontem, o sistema operava com - 9,5% da capacidade, atendendo 5,4 milhões de pessoas.
Mesmo com o programa de bônus para estimular a economia pela população, a transferência de água de outros sistemas e o racionamento causado pela redução da pressão e pelo fechamento da rede, o volume útil do Cantareira, que é o estoque de 982 bilhões de litros acima do nível das comportas, acabou no dia 10 de julho, no fim da Copa do Mundo e início da campanha eleitoral.
Naquele período, Alckmin já se recusava a falar de "volume morto", temendo desgaste político com o termo técnico cunhado pelo setor elétrico. "É reserva técnica", advertia aos jornalistas.
O tucano dizia que o planejamento da Sabesp considerava o cenário "mais conservador" e não seria necessário usar mais água do volume morto, cuja reserva total aproveitável se aproxima de 400 bilhões de litros.
Na ocasião, a projeção mais pessimista feita pelo governo usava como referência a seca de 1953, quando a vazão dos rios era duas vezes maior do que a registrada em 2014. Hoje, por exemplo, a seca de 1953 virou o cenário mais otimista para a Sabesp.
Agravamento
A primeira cota do volume morto acabou no dia 15 de novembro, ao custo de R$ 80 milhões. Segundo a Sabesp, outros R$ 40 milhões tiveram de ser desembolsados para captar mais 105 bilhões de litros de uma segunda cota, que quase se esgotou no início de fevereiro deste ano, quando havia menos de 5% de todo o estoque disponível.
Foi quando voltou a chover acima da média, recuperando o segundo volume - o que aconteceu no dia 24 daquele mês.
Segundo um relatório divulgado anteontem pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do governo federal, caso a pluviometria fique 50% abaixo da média, como aconteceu em abril, e a retirada de água para atender a Grande São Paulo e o interior seja mantida no padrão atual, a segunda cota do volume morto seria utilizada por mais 163 dias.
Apenas se a chuva atingir a média, nos próximos meses, o volume morto poderá ser 100% recuperado no fim de dezembro deste ano.
Segundo a Sabesp, "a saída do Cantareira do nível da reserva técnica depende diretamente do regime de chuvas e do andamento das obras emergenciais e estruturantes que estão em andamento".
Com o incremento de mais 5 mil litros por segundo no sistema de abastecimento da Grande São Paulo previsto até setembro, a Sabesp pretende reduzir a exploração do manancial.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
- 1. Uma conta preocupante
1 /28(Thinkstock)
São Paulo - Você já parou para pensar em quanta
água se perde no caminho entre a estação de tratamento e a torneira da sua casa? Não é pouca coisa. De cada 100 litros de água coletada e tratada, em média, apenas 67 litros chegam são e salvos. Os outros 37% se perdem no caminho, junto com o dinheiro investido no sanemaneto básico. O prejuízo financeiro com as perdas de água em todo o Brasil atinge nada menos do que R$ 8 bilhões ao ano, segundo estudo do Instituto Trata Brasil, feito com base nos dados mais recentes do Minsitéiro das Cidades, relativos a 2013. É uma perda inadmissível, tanto para um recurso tão precioso e cada vez mais escasso como a água, quanto para um setor que ainda
caminha a passos lentos para garantir rede de esgoto e água encanada para todos os brasileiros. Ligações clandestinas, infraestrutura desgastada, vazamentos, obras mal executadas ou medições incorretas no consumo de água são as principais causas da perda de faturamento das empresas operadoras, sejam públicas ou privadas. Pelos cálculos da ONG, todo o volume perdido em 2013 equivale a 6,5 vezes a capacidade do Sistema Cantareira (sem considerar as reservas técnicas). Conforme a pesquisa, as perdas de água representam um entrave para a expansão das redes de distribuição do saneamento além de aumentar a pressão sobre os recursos naturais, agravando quadros de escassez hídrica, já que mais água precisa ser retirada da natureza. Segundo o estudo, se em cinco anos houvesse uma queda de 15% nas perdas de faturamento no
Brasil, os ganhos totais acumulados em relação ao ano inicial seriam da ordem de R$3,85 bilhões. O estudo traz os dados de perdas das
100 maiores cidades do país, onde estão 81 milhões de pessoas, 40% da população do Brasil. A média de perdas na distribuição nas 100 cidades foi de 42,04%, maior que a média nacional. Veja nas fotos as 30 cidades que mais perdem água (na distribuição) e dinheiro (perdas de faturamento) no País.
2. 1. Macapá 2 /28(Antonio Milena/Veja)
Estado | Amapá |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 73,56% |
Índice de perda de faturamento | 73,91% |
Índice de atendimento total de água | 38,82% |
População em 2013 | 437.256 |
3. 3. Porto Velho 3 /28(Wilson Dias/Abr)
Estado | Rondônia |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 70,33% |
Índice de perda de faturamento | 68,87% |
Índice de atendimento total de água | 30,77% |
População | 484.992 |
4. 4. Paulista 4 /28(Wagner de Lima/ Wikimedia Commons)
Estado | Pernambuco |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 67,43% |
Índice de perda de faturamento | 58,49% |
Índice de atendimento total de água | 85,43% |
População | 316.714 |
5. 5. Cuiabá 5 /28(Divulgação/ Embratur)
Estado | Mato Grosso |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 67,29 % |
Índice de perda de faturamento | 64,50% |
Índice de atendimento total de água | 93,03% |
População | 569.830 |
6. 6. São Luis 6 /28(Wikimedia Commons)
Estado | Maranhão |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 67,24% |
Índice de perda de faturamento | 68,61% |
Índice de atendimento total de água | 90,15% |
População | 1.053.922 |
7. 7. Várzea Grande 7 /28(Matheus Hidalgo/Wikimedia Commons)
Estado | Mato Grosso |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 64,35 % |
Índice de perda de faturamento | 65,91% |
Índice de atendimento total de água | 98,26% |
População | 262.880 |
8. 8. Maceió 8 /28(Wikimedia Commons)
Estado | Alagoas |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 61,28% |
Índice de perda de faturamento | 59,47% |
Índice de atendimento total de água | 94,65% |
População | 996.733 |
9. 9. Mossoró 9 /28(Wikimedia Commons)
Estado | Rio Grande do Norte |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 60,58 % |
Índice de perda de faturamento | 54,20% |
Índice de atendimento total de água | 93,74% |
População | 280.314 |
10. 10. Rio Branco 10 /28(Embratur/Fotos Públicas)
Estado | Acre |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 60,21% |
Índice de perda de faturamento | 60,2% |
Índice de atendimento total de água | 48,97% |
População | 357.194 |
11. 12. Olinda 11 /28(Prefeitura de Olinda/Wikimedia Commons)
Estado | Pernambuco |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 57,96% |
Índice de perda de faturamento | 49,91% |
Índice de atendimento total de água | 85,15% |
População | 388.127 |
12. 13. Mogi das Cruzes 12 /28(Wikimedia Commons)
Estado | São Paulo |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 56,42% |
Índice de perda de faturamento | 52,68% |
Índice de atendimento total de água | 90,30% |
População | 414.907 |
13. 14. Natal 13 /28(Camilla Veras Mota/Viagem e Turismo)
Estado | Rio Grande do Norte |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 54,99% |
Índice de perda de faturamento | 47,10% |
Índice de atendimento total de água | 94,79% |
População | 853.928 |
14. 15. Aracaju 14 /28(FRANCO HOFFCHNEIDER/ Guia Quatro Rodas)
Estado | Sergipe |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 54,77% |
Índice de perda de faturamento | 48,37% |
Índice de atendimento total de água | 99,17% |
População | 614.577 |
15. 16. Boa Vista 15 /28(Tiago Orihuela/ Prefeitura Boa Vista)
Estado | Roraima |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 54,51% |
Índice de perda de faturamento | 56,94% |
Índice de atendimento total de água | 97,72% |
População | 308.996 |
16. 17. Cariacica 16 /28(Lucas Calazans/ Divulgação/Perfil do Facebook de Cariacica)
Estado | Espírito Santo |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 54,26% |
Índice de perda de faturamento | 50,66% |
Índice de atendimento total de água | 87,58% |
População | 375.974 |
17. 18. Teresina 17 /28(Wikimedia Commons)
Estado | Piauí |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 53,75% |
Índice de perda de faturamento | 49,29% |
Índice de atendimento total de água | 92,80% |
População | 836.475 |
18. 19. Canoas 18 /28(Divulgação/Prefeitura de Canoas)
Estado | Rio Grande do Sul |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 52,44% |
Índice de perda de faturamento | 52,54% |
Índice de atendimento total de água | 100% |
População | 338.531 |
19. 20. Salvador 19 /28(Mario Tama/Getty Images)
Estado | Bahia |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 52,42% |
Índice de perda de faturamento | 52,54% |
Índice de atendimento total de água | 93,45% |
População | 2.883.682 |
20. 22. Osasco 20 /28(Chadner/ Wikimedia Commons)
Estado | São Paulo |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 51,51% |
Índice de perda de faturamento | 50,34% |
Índice de atendimento total de água | 100% |
População | 691.652 |
21. 23. Itaquaquecetuba 21 /28(Divulgação/Prefeitura de Itaquaquecetuba)
Estado | São Paulo |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 51,44% |
Índice de perda de faturamento | 45,19% |
Índice de atendimento total de água | 99,97% |
População | 344.558 |
22. 24. Ribeirão das Neves 22 /28(Divulgação/Facebook/Prefeitura de Ribeirão das Neves (MG))
Estado | Minas Gerais |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 51,04% |
Índice de perda de faturamento | 49,18% |
Índice de atendimento total de água | 99,27% |
População | 315.819 |
23. 25. São Vicente 23 /28(Wikimedia Commons/Fabio Luiz)
Estado | São Paulo |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 50,75% |
Índice de perda de faturamento | 49,54% |
Índice de atendimento total de água | 97,42% |
População | 350.465 |
24. 26. Guarujá 24 /28(Priscila Zambotto/Viagem e Turismo)
Estado | São Paulo |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 50,45% |
Índice de perda de faturamento | 51,59% |
Índice de atendimento total de água | 86,48% |
População | 306.683 |
25. 27. Belém 25 /28(Divulgação/Embratur)
Estado | Pará |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 50,37% |
Índice de perda de faturamento | 45,68% |
Índice de atendimento total de água | 73,33% |
População | 1.425.922 |
26. 28. Recife 26 /28(REUTERS/Paulo Whitaker)
Estado | Pernambuco |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 49,82% |
Índice de perda de faturamento | 56,74% |
Índice de atendimento total de água | 82,98% |
População | 1.599.513 |
27. 29. Caruaru 27 /28(Facebook/Divulgação/ Prefeitura de Caruaru)
Estado | Pernambuco |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 49,56% |
Índice de perda de faturamento | 44,95% |
Índice de atendimento total de água | 82,02% |
População | 337.416 |
28. 30. Governador Valadares 28 /28(Picasa Web/Wikimedia Commons)
Estado | Minas Gerais |
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Índice de perda na distribuição em 2013 | 49,48% |
Índice de perda de faturamento | 44,67% |
Índice de atendimento total de água | 99,46% |
População | 275.568 |