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Uso de volume morto faz 1 ano ao custo de R$ 120 milhões

Valor inclui todas as obras civis, como a construção de diques e dragagem, a compra de equipamentos e até o gasto com óleo diesel para os geradores de energia

Cantareira: ontem, o sistema operava com - 9,5% da capacidade, atendendo 5,4 milhões de pessoas (Divulgação/Sabesp)
DR

Da Redação

Publicado em 15 de maio de 2015 às 09h26.

São Paulo - "Inaugurada" há um ano como uma solução pontual para a crise hídrica, a captação de água do volume morto do Sistema Cantareira, feita para evitar o colapso no abastecimento da região metropolitana, já custou R$ 120 milhões à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo ( Sabesp ) e ainda não tem data para acabar.

Esse valor inclui todas as obras civis, como a construção de diques e dragagem, a compra de equipamentos e até o gasto com óleo diesel para os geradores de energia que garantem o funcionamento das bombas 24 horas.

O custo se aproxima dos R$ 130 milhões que a Sabesp prevê gastar com a transposição de água da Represa Billings para o Sistema Alto Tietê, considerada a principal obra para evitar o rodízio neste ano.

Foi no dia 15 de maio de 2014, às 10h35, que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) acionou pela primeira vez as bombas flutuantes instaladas na Represa Jacareí, em Joanópolis, para sugar uma reserva de água represada abaixo do nível dos túneis de captação.

"Nós entendemos que com esses 182 milhões (de metros cúbicos), nós passaremos o período seco e chegaremos às próximas chuvas", disse Alckmin durante o evento de inauguração da obra, na margem da represa.

Segundo a Sabesp, o bombeamento efetivo da primeira cota do volume morto, de 182,5 bilhões de litros, começou no dia 16.

À época, o nível do Cantareira, que ainda abastecia 7,3 milhões de pessoas só na Grande São Paulo, estava em 8,2% da capacidade, ainda acima de zero. Ontem, o sistema operava com - 9,5% da capacidade, atendendo 5,4 milhões de pessoas.

Mesmo com o programa de bônus para estimular a economia pela população, a transferência de água de outros sistemas e o racionamento causado pela redução da pressão e pelo fechamento da rede, o volume útil do Cantareira, que é o estoque de 982 bilhões de litros acima do nível das comportas, acabou no dia 10 de julho, no fim da Copa do Mundo e início da campanha eleitoral.

Naquele período, Alckmin já se recusava a falar de "volume morto", temendo desgaste político com o termo técnico cunhado pelo setor elétrico. "É reserva técnica", advertia aos jornalistas.

O tucano dizia que o planejamento da Sabesp considerava o cenário "mais conservador" e não seria necessário usar mais água do volume morto, cuja reserva total aproveitável se aproxima de 400 bilhões de litros.

Na ocasião, a projeção mais pessimista feita pelo governo usava como referência a seca de 1953, quando a vazão dos rios era duas vezes maior do que a registrada em 2014. Hoje, por exemplo, a seca de 1953 virou o cenário mais otimista para a Sabesp.

Agravamento

A primeira cota do volume morto acabou no dia 15 de novembro, ao custo de R$ 80 milhões. Segundo a Sabesp, outros R$ 40 milhões tiveram de ser desembolsados para captar mais 105 bilhões de litros de uma segunda cota, que quase se esgotou no início de fevereiro deste ano, quando havia menos de 5% de todo o estoque disponível.

Foi quando voltou a chover acima da média, recuperando o segundo volume - o que aconteceu no dia 24 daquele mês.

Segundo um relatório divulgado anteontem pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do governo federal, caso a pluviometria fique 50% abaixo da média, como aconteceu em abril, e a retirada de água para atender a Grande São Paulo e o interior seja mantida no padrão atual, a segunda cota do volume morto seria utilizada por mais 163 dias.

Apenas se a chuva atingir a média, nos próximos meses, o volume morto poderá ser 100% recuperado no fim de dezembro deste ano.

Segundo a Sabesp, "a saída do Cantareira do nível da reserva técnica depende diretamente do regime de chuvas e do andamento das obras emergenciais e estruturantes que estão em andamento".

Com o incremento de mais 5 mil litros por segundo no sistema de abastecimento da Grande São Paulo previsto até setembro, a Sabesp pretende reduzir a exploração do manancial.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

São Paulo - Você já parou para pensar em quanta água se perde no caminho entre a estação de tratamento e a torneira da sua casa? Não é pouca coisa. De cada 100 litros de água coletada e tratada, em média, apenas 67 litros chegam são e salvos. Os outros 37% se perdem no caminho, junto com o dinheiro investido no sanemaneto básico. O prejuízo financeiro com as perdas de água em todo o Brasil atinge nada menos do que R$ 8 bilhões ao ano, segundo estudo do Instituto Trata Brasil, feito com base nos dados mais recentes do Minsitéiro das Cidades, relativos a 2013. É uma perda inadmissível, tanto para um recurso tão precioso e cada vez mais escasso como a água, quanto para um setor que ainda caminha a passos lentos para garantir rede de esgoto e água encanada para todos os brasileiros. Ligações clandestinas, infraestrutura desgastada, vazamentos, obras mal executadas ou medições incorretas no consumo de água são as principais causas da perda de faturamento das empresas operadoras, sejam públicas ou privadas. Pelos cálculos da ONG, todo o volume perdido em 2013 equivale a 6,5 vezes a capacidade do Sistema Cantareira (sem considerar as reservas técnicas). Conforme a pesquisa, as perdas de água representam um entrave para a expansão das redes de distribuição do saneamento além de aumentar a pressão sobre os recursos naturais, agravando quadros de escassez hídrica, já que mais água precisa ser retirada da natureza. Segundo o estudo, se em cinco anos houvesse uma queda de 15% nas perdas de faturamento no Brasil, os ganhos totais acumulados em relação ao ano inicial seriam da ordem de R$3,85 bilhões. O estudo traz os dados de perdas das 100 maiores cidades do país, onde estão 81 milhões de pessoas, 40% da população do Brasil. A média de perdas na distribuição nas 100 cidades foi de 42,04%, maior que a média nacional. Veja nas fotos as 30 cidades que mais perdem água (na distribuição) e dinheiro (perdas de faturamento) no País.
  • 2. 1. Macapá

    2 /28(Antonio Milena/Veja)

  • Veja também

    EstadoAmapá
    Índice de perda na distribuição em 201373,56%
    Índice de perda de faturamento73,91%
    Índice de atendimento total de água38,82%
    População em 2013437.256
  • 3. 3. Porto Velho

    3 /28(Wilson Dias/Abr)

  • EstadoRondônia
    Índice de perda na distribuição em 201370,33%
    Índice de perda de faturamento68,87%
    Índice de atendimento total de água30,77%
    População484.992
  • 4. 4. Paulista

    4 /28(Wagner de Lima/ Wikimedia Commons)

    EstadoPernambuco
    Índice de perda na distribuição em 201367,43%
    Índice de perda de faturamento58,49%
    Índice de atendimento total de água85,43%
    População316.714
  • 5. 5. Cuiabá

    5 /28(Divulgação/ Embratur)

    EstadoMato Grosso
    Índice de perda na distribuição em 201367,29 %
    Índice de perda de faturamento64,50%
    Índice de atendimento total de água93,03%
    População569.830
  • 6. 6. São Luis

    6 /28(Wikimedia Commons)

    EstadoMaranhão
    Índice de perda na distribuição em 201367,24%
    Índice de perda de faturamento68,61%
    Índice de atendimento total de água90,15%
    População1.053.922
  • 7. 7. Várzea Grande

    7 /28(Matheus Hidalgo/Wikimedia Commons)

    EstadoMato Grosso
    Índice de perda na distribuição em 201364,35 %
    Índice de perda de faturamento65,91%
    Índice de atendimento total de água98,26%
    População262.880
  • 8. 8. Maceió

    8 /28(Wikimedia Commons)

    EstadoAlagoas
    Índice de perda na distribuição em 201361,28%
    Índice de perda de faturamento59,47%
    Índice de atendimento total de água94,65%
    População996.733
  • 9. 9. Mossoró

    9 /28(Wikimedia Commons)

    EstadoRio Grande do Norte
    Índice de perda na distribuição em 201360,58 %
    Índice de perda de faturamento54,20%
    Índice de atendimento total de água93,74%
    População280.314
  • 10. 10. Rio Branco

    10 /28(Embratur/Fotos Públicas)

    EstadoAcre
    Índice de perda na distribuição em 201360,21%
    Índice de perda de faturamento60,2%
    Índice de atendimento total de água48,97%
    População357.194
  • 11. 12. Olinda

    11 /28(Prefeitura de Olinda/Wikimedia Commons)

    EstadoPernambuco
    Índice de perda na distribuição em 201357,96%
    Índice de perda de faturamento49,91%
    Índice de atendimento total de água85,15%
    População388.127
  • 12. 13. Mogi das Cruzes

    12 /28(Wikimedia Commons)

    EstadoSão Paulo
    Índice de perda na distribuição em 201356,42%
    Índice de perda de faturamento52,68%
    Índice de atendimento total de água90,30%
    População414.907
  • 13. 14. Natal

    13 /28(Camilla Veras Mota/Viagem e Turismo)

    EstadoRio Grande do Norte
    Índice de perda na distribuição em 201354,99%
    Índice de perda de faturamento47,10%
    Índice de atendimento total de água94,79%
    População853.928
  • 14. 15. Aracaju

    14 /28(FRANCO HOFFCHNEIDER/ Guia Quatro Rodas)

    EstadoSergipe
    Índice de perda na distribuição em 201354,77%
    Índice de perda de faturamento48,37%
    Índice de atendimento total de água99,17%
    População614.577
  • 15. 16. Boa Vista

    15 /28(Tiago Orihuela/ Prefeitura Boa Vista)

    EstadoRoraima
    Índice de perda na distribuição em 201354,51%
    Índice de perda de faturamento56,94%
    Índice de atendimento total de água97,72%
    População308.996
  • 16. 17. Cariacica

    16 /28(Lucas Calazans/ Divulgação/Perfil do Facebook de Cariacica)

    EstadoEspírito Santo
    Índice de perda na distribuição em 201354,26%
    Índice de perda de faturamento50,66%
    Índice de atendimento total de água87,58%
    População375.974
  • 17. 18. Teresina

    17 /28(Wikimedia Commons)

    EstadoPiauí
    Índice de perda na distribuição em 201353,75%
    Índice de perda de faturamento49,29%
    Índice de atendimento total de água92,80%
    População836.475
  • 18. 19. Canoas

    18 /28(Divulgação/Prefeitura de Canoas)

    EstadoRio Grande do Sul
    Índice de perda na distribuição em 201352,44%
    Índice de perda de faturamento52,54%
    Índice de atendimento total de água100%
    População338.531
  • 19. 20. Salvador

    19 /28(Mario Tama/Getty Images)

    EstadoBahia
    Índice de perda na distribuição em 201352,42%
    Índice de perda de faturamento52,54%
    Índice de atendimento total de água93,45%
    População2.883.682
  • 20. 22. Osasco

    20 /28(Chadner/ Wikimedia Commons)

    EstadoSão Paulo
    Índice de perda na distribuição em 201351,51%
    Índice de perda de faturamento50,34%
    Índice de atendimento total de água100%
    População691.652
  • 21. 23. Itaquaquecetuba

    21 /28(Divulgação/Prefeitura de Itaquaquecetuba)

    EstadoSão Paulo
    Índice de perda na distribuição em 201351,44%
    Índice de perda de faturamento45,19%
    Índice de atendimento total de água99,97%
    População344.558
  • 22. 24. Ribeirão das Neves

    22 /28(Divulgação/Facebook/Prefeitura de Ribeirão das Neves (MG))

    EstadoMinas Gerais
    Índice de perda na distribuição em 201351,04%
    Índice de perda de faturamento49,18%
    Índice de atendimento total de água99,27%
    População315.819
  • 23. 25. São Vicente

    23 /28(Wikimedia Commons/Fabio Luiz)

    EstadoSão Paulo
    Índice de perda na distribuição em 201350,75%
    Índice de perda de faturamento49,54%
    Índice de atendimento total de água97,42%
    População350.465
  • 24. 26. Guarujá

    24 /28(Priscila Zambotto/Viagem e Turismo)

    EstadoSão Paulo
    Índice de perda na distribuição em 201350,45%
    Índice de perda de faturamento51,59%
    Índice de atendimento total de água86,48%
    População306.683
  • 25. 27. Belém

    25 /28(Divulgação/Embratur)

    EstadoPará
    Índice de perda na distribuição em 201350,37%
    Índice de perda de faturamento45,68%
    Índice de atendimento total de água73,33%
    População1.425.922
  • 26. 28. Recife

    26 /28(REUTERS/Paulo Whitaker)

    EstadoPernambuco
    Índice de perda na distribuição em 201349,82%
    Índice de perda de faturamento56,74%
    Índice de atendimento total de água82,98%
    População1.599.513
  • 27. 29. Caruaru

    27 /28(Facebook/Divulgação/ Prefeitura de Caruaru)

    EstadoPernambuco
    Índice de perda na distribuição em 201349,56%
    Índice de perda de faturamento44,95%
    Índice de atendimento total de água82,02%
    População337.416
  • 28. 30. Governador Valadares

    28 /28(Picasa Web/Wikimedia Commons)

    EstadoMinas Gerais
    Índice de perda na distribuição em 201349,48%
    Índice de perda de faturamento44,67%
    Índice de atendimento total de água99,46%
    População275.568
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