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TV pública para surdos também retirou vídeos sobre feminismo e Jean Wyllys

Além dos vídeos sobre Marx e Nietzsche, a TV Ines também descartou conteúdos que abordavam temas sobre diversidade

Feminismo: vídeo estava no ar até, pelo menos, 2 de janeiro de 2019 (GoogleCache/Reprodução)
CC

Clara Cerioni

Publicado em 31 de janeiro de 2019 às 12h15.

Última atualização em 31 de janeiro de 2019 às 14h38.

São Paulo — O Ministério da Educação, sob gestão de Ricardo Veléz Rodriguez , está excluindo conteúdos do canal " TV Ines ", doInstituto Nacional de Educação de Surdos (Ines).Os programas são todos gravados em Libras.

Além daqueles que contavam histórias de Karl Marx, Friedrich Engels e Friedrich Nietzsche , como revelou o jornal O Globo, o MEC também removeu uma aula explicativa sobre feminismo e uma entrevista com o ex-deputado federal Jean Wyllys.

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De acordo com uma ferramenta do Google, chamada GoogleCache, que funciona como um histórico próprio do site, é possível comprovar que os dois vídeos estavam no ar até, pelo menos, 2 de janeiro de 2019.

Tanto o vídeo sobre feminismo quanto o de Wyllys foram excluídos do site da TV Ines e do canal do YouTube. (Veja abaixo)

A vida em Libras — Feminismo

Vídeo sobre feminismo, que estava no ar em 2 de janeiro de 2019 (GoogleCache/Reprodução)

No ar desde 2018, o conteúdo trazia a descrição. " Segundo dados recentes da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, uma mulher é violentada a cada doze segundos no Brasil. O programa passa informações importantes sobre a situação das mulheres no País e no mundo, além de fornecer o vocabulário em Libras para termos como, feminismo, direitos humanos, feminicídio, sororidade, equidade de gênero, machismo, Lei Maria da Penha, além de sinais de personalidade feministas como Simone de Beauvoir".

Abaixo, os prints mostram que o vídeo não está mais nem no site da TV Ines, nem no canal do YouTube.

Site da TV Ines, nesta quinta-feira (31), sem o vídeo (TV Ines/Reprodução)

 

Canal no YouTube da TV Ines, nesta quinta-feira (31), sem o vídeo (TV Ines/YouTube/Reprodução)

Café com Pimenta — Jean Wyllys I

Entrevista com ex-deputado federal Jean Wyllys, que estava no ar em 2 de janeiro (GoogleCache/Reprodução)

Gravada em 2014, a entrevista trazia a descrição: "O Deputado Federal Jean Wyllys conversa com Nelson Pimenta sobre seus projetos para o segundo mandato. Neste primeiro de dois episódios, o ex-campeão do Big Brother Brasil reforça o seu posicionamento em defesa dos direitos das minorias".

A seguir, as páginas sem o vídeo.

Site da TV Ines, nesta quinta-feira (31), sem a entrevista (TV Ines/Reprodução)

 

Canal no YouTube da TV Ines, nesta quinta-feira (31), sem a entrevista (TV Ines/YouTube/Reprodução)

Vídeos sobre pensadores marxistas

A coluna de Ancelmo Gois, no jornal O Globo, mostrou na última terça-feira (29), que vídeos sobreKarl Marx, Friedrich Engels, Marilena Chauí, Antonio Gramsci e Friedrich Nietzche foram descartados da TV Ines.

EXAME conseguiu confirmar a informação relativa aos vídeos de Karl Marx e Friedrich Nietzsche.

Vídeo sobre Nietzsche, que estava no ar em 1 de janeiro de 2019 (GoogleCache/Reprodução)

A descrição da gravação era: "Irreverente e um grande crítico das ideias da época, apontado como um precursor da pós-modernidade, Friedrich Nietzsche, tem o perfil apresentado no programa Manuário, que indica qual o sinal dele em Libras. Não perca!"

Vídeo sobre Marx, que estava no ar em 2 de janeiro de 2019 (GoogleCache/Reprodução)

A descrição: "O programa apresenta a história de um revolucionário pensador alemão que foi um dos redatores do manifesto comunista e fundador do marxismo. Fique por dentro do sinal e da polêmica história de vida de Karl Marx".

MEC rebate

No Twitter, o Ministério da Educação, questionou a veracidade das informações do jornal O Globo. O órgão chamou o jornalista de "ex-integrante da KGB", espécie de Polícia Federal da Rússia, por ele ter estudado no país nos anos 60.

https://twitter.com/MEC_Comunicacao/status/1090742121768906754

Segundo o instituto, uma sindicância foi aberta para apurar as causas da exclusão dos vídeos, que, de forma preliminar, "identificou que os vídeos foram retirados em abril e em novembro de 2018".

No entanto, conforme os registros acima, os vídeos estavam no ar nos primeiros dias de gestão de Rodriguez.

A reportagem entrou em contato com o MEC e pediu um posicionamento sobre as novas exclusões. Ainda não houve resposta por parte da instituição.

Acompanhe tudo sobre:FeminismoGoverno BolsonaroMEC – Ministério da EducaçãoRicardo Vélez Rodríguez

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