"Transparência vai ser infinita", diz Pazuello sobre dados da covid-19
Ministro interino da Saúde apresentou uma nova plataforma sobre a doença após o apagão súbito de dados pelo governo federal
João Pedro Caleiro
Publicado em 23 de junho de 2020 às 15h03.
Última atualização em 23 de junho de 2020 às 15h54.
Poucos dias após o Brasil ultrapassar a marca de 1 milhão de casos e 50.000 mortos pela covid-19, o ministro da Saúde, General Eduardo Pazuello, falou novamente ao Congresso Nacional nesta terça-feira, 23.
Ele foi ouvido de forma remota pela comissão mista de acompanhamento das medidas do governo federal contra o coronavírus .
O tema foi o mesmo de sua primeira participação, há duas semanas: a perda de transparência na divulgação de dados oficiais da pandemia. Pazuello demonstrou, durante a reunião, uma ferramenta para o acompanhamento dos casos e prometeu "transparência infinita."
Por meio da plataforma SUS Analítico, será possível explorar a evolução da doença não apenas com dados nacionais mas também regionais, estaduais e até municipais.
"Todos os dados estão sendo colocados e estarão disponíveis no nosso portal. Todos os brasileiros, parlamentares, empresários e cidadãos comuns vão poder acompanhar cada centavo, cada item que foi distribuído para cada município. Quando foi, para que foi, qual a origem e quando foi entregue", disse.
"Os números [ sobre a doença ] já estão disponíveis integralmente. Mas agora vamos disponibilizar na mesma plataforma todos os dados do Ministério da Saúde. A transparência vai ser infinita", completou.
O apagão súbito de dados da doença no início do mês sugeriu que haveria uma tentativa de minimizar a gravidade da pandemia, na linha do que tem feito o presidente Jair Bolsonaro.
Primeiro o ministério passou a adiar os balanços diários, que costumavam sair por volta das 19h, para as 22h. Bolsonaro disse que “acabou a matéria no Jornal Nacional.” Depois os balanços passaram a omitir o número total de mortos acumulados, e em seguida restringiram as informações disponíveis no site.
As mudanças sem esclarecimento geraram forte reação da sociedade civil, autoridades, partidos políticos e organizações internacionais. Iniciativas paralelas de contagem foram estabelecidas pela imprensa e órgãos locais, e a divulgação federal foi restabelecida após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na reunião de hoje, Pazuello também prestou solidariedade às famílias das vítimas e disse que o Ministério da Saúde está empenhado em salvar vidas.
"Deixar a minha solidariedade efetiva e o abraço de nossa equipe a todas as famílias que perderam entes nessa pandemia. Cada uma dessas pessoas não é um número: é um pai, um irmão, uma mãe, um filho, um neto, um avô. A gente tem essa noção e diariamente falamos nisso aqui com muita emoção e muito carinho. A gente pensa todo dia em salvar mais vidas", afirmou.
O ministro confirmou presença como convidado, evitando assim ter de depor, já que na semana passada a comissão já havia aprovado dois requerimentos para sua convocação.
Pazuello segue com título de ministro “interino” apesar de já estar no posto há 40 dias. No período, não deu nenhuma coletiva de imprensa. Não há nenhuma discussão sobre sua substituição de forma permanente.