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Todos juntos por Geddel

Em janeiro, o ministro da Economia do Japão, Akira Amari, pediu demissão após a revelação de que tinha recebido 400.000 reais em doações de campanha de uma construtora. Em 2014, a ministra do Comércio e Indústria, Yuko Obuchi, deixou o governo após a oposição descobrir que ela distribuiu leques e brindes em reuniões e eventos […]

GEDDEL: homem de confiança de Temer foi acusado de pressionar ministro da Cultura, Marcelo Calero, para liberar obra embargada onde comprou apartamento / Foto: Agência Brasil
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Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2016 às 17h18.

Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h18.

Em janeiro, o ministro da Economia do Japão, Akira Amari, pediu demissão após a revelação de que tinha recebido 400.000 reais em doações de campanha de uma construtora. Em 2014, a ministra do Comércio e Indústria, Yuko Obuchi, deixou o governo após a oposição descobrir que ela distribuiu leques e brindes em reuniões e eventos em valores que passavam do limite legal. Trata-se dos dois políticos mais importantes do programa de recuperação econômica do Japão, o Abenomics, levado a cabo desde que Shinzo Abe assumiu o governo, em 2012. Apesar dos esforços, a economia do país não cresce há 20 anos.

O Brasil, definitivamente, não é o Japão, um dos países mais ricos e desenvolvidos do mundo. Mas, nesta terça-feira, o governo brasileiro e os congressistas de sua base de apoio deram mais uma mostra disso de que continuamos a anos luz de distância nos valores republicanos. Durante a tarde, a base aliada divulgou um manifesto de apoio ao ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima. Ele é acusado pelo ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, de pressioná-lo para liberar a construção de um edifício em Salvador, onde Geddel comprou um apartamento.

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No final da tarde, capitaneados pelo líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), os parlamentares marcharam do Congresso até o Palácio do Planalto como sinal de apoio a Geddel. Moura disse que “estão fazendo tempestade em um assunto tão pequeno”. O presidente da casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a permanência de Geddel é “vital” para o governo; o presidente do Senado, Renan Calheiros, disse que a discussão é um “fato superado”. O líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), disse que o comportamento de Geddel “não é adequado”, “mas temos problemas enormes no país para resolver”. Como se o principal problema que o país busca resolver no momento não fosse justamente corrupção.

Se comprovada, a atitude de Geddel poderia ser enquadrada como pelo menos três crimes, de tráfico de influência, advocacia administrativa ou abuso de poder. Ficou para dia 14 de dezembro a decisão do Conselho de Ética da Presidência da República, que não tem poder de sanção, mas pode recomendar ao presidente Michel Temer, amigo de Geddel há 30 anos, penas que vão de uma simples advertência até a recomendação de exoneração. A chance de Geddel entregar o cargo é tão grande quanto a de o Japão crescer 5% este ano.

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