Tempestade em SC afeta 26 cidades e deixa 1 morto e 830 desabrigados
Estima-se que 80% das empresas em Tangará foram afetadas pelo tornado
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de agosto de 2020 às 19h03.
Última atualização em 17 de agosto de 2020 às 16h10.
Pelo menos uma pessoa morreu e duas estão internadas em estado grave, após a passagem de dois tornados por Santa Catarina na tarde de sexta-feira, 14, e madrugada de sábado, 15. As tempestades com ventos fortes e granizo deixaram um rastro de destruição. Os estragos foram registrados em 26 cidades catarinenses e os prejuízos ainda são contabilizados.
O Laboratório de Clima da Defesa Civil do Estado informou que o primeiro tornado fez um traçado nos municípios de Água Doce, Ibicaré e Tangará, no Oeste catarinense. Já o segundo afetou o município de Irineópolis, no Planalto Norte. Houve, ainda, micro explosões e chuva de granizo intensa. Em Vargem Bonita, com 4,7 mil habitantes, 80% das residências foram danificadas.
Um dos municípios mais atingidos foi Água Doce, onde 11 pessoas ficaram feridas, duas em estado grave; 700 casas foram danificadas, sendo 25 completamente destruídas. O prefeito Antônio José Bissani (PP) decretou situação de calamidade. Em Ibicaré, duas igrejas e dois pavilhões foram destruídos. E em Tangará ocorreram destelhamentos em todos os bairros. Estima-se que 90% das casas e empresas foram atingidas. Cinco pessoas ficaram feridas na cidade.
A morte registrada até a tarde deste domingo, 16, ocorreu no mar na região do Litoral Norte. Um pescador de 22 anos foi surpreendido pela tempestade e não conseguiu retornar. O corpo foi encontrado na tarde de sábado.
Até o momento são 16 feridos nas 26 cidades atingidas, sendo 830 pessoas desabrigadas e 197 desalojados. A Defesa Civil ainda faz levantamento dos estragos. O chefe do órgão, João Batista Cordeiro Jr, viajou para o Oeste, onde mantém diálogo direto com as prefeituras atingidas. O principal foco, neste momento, é a entrega de itens de assistência humanitária, como lonas, colchões e alimentos.
A Metsul, que monitora fenômenos no Sul do País, informou que, pelos danos observados, os tornados que atingiram Santa Catarina são compatíveis com tornados variando de F1 a F2 na escala de Fujita, logo, em alguns pontos, o vento pode ter ficado perto ou mesmo atingido os 200 km/h. A escala vai de F0 (tornados menos destrutivos) a F5 (arrasador).
Em 30 de junho e 1º de julho, o estado de Santa Catarina já tinha sido atingido por um ciclone bomba, que deixou nove mortos em SC e um no Rio Grande do Sul.
Na sexta-feira, 14, até as 20h, foram divulgados 16 alertas de curtíssimo prazo pela Defesa Civil do Estado, elaborados com base nas imagens de radar e de satélite. Foram emitidos oito observações, sete atenções e um alerta. Alertas de instabilidade também haviam sido disparados ao longo da semana passada.
A biomédica Mariana Denk registrou o fenômeno em Irineópolis pela janela de casa, e disse que foi "uma cena de filme". "O tornado estava começando e eu saí para chamar minha família, que estava ali [fora] lidando com as vacas. Deu tempo de só de entrarmos, quando vimos o redemoinho se dividindo em dois. Ele se deslocou em direção à serra e, lá do outro lado, destruiu casas, garagens, estufas, o que tinha pela frente", lembra. "Uma cena que eu nunca imaginava ver na minha vida, cena de filme, um horror", conta.