Temer não espera que partidos percam ministério por voto
Temer disse que irá "examinar no futuro" a possibilidade de alguma mudança no ministério em consequência de votações de projetos no Congresso
Reuters
Publicado em 20 de abril de 2017 às 17h11.
Última atualização em 20 de abril de 2017 às 17h12.
Brasília - O presidente Michel Temer afirmou nesta quarta-feira esperar que nenhum de seus ministros perca o cargo porque seus respectivos partidos deixaram de apoiar projetos do governo no Congresso, mas que isso poderá ser analisado se necessário.
Perguntado por jornalistas se existe ameaça de partidos da base perderem postos no ministério por não votarem com o governo, Temer respondeu: "Eu espero que não".
Acrescentou, no entanto, que irá "examinar no futuro" a possibilidade de alguma mudança no ministério em consequência de votações de projetos do governo no Congresso.
Na quarta-feira, depois te ter sido derrotado no dia anterior na primeira tentativa de aprovar a urgência para a reforma trabalhista, o governo reagiu e pressionou a base para melhorar o resultado e conseguiu aprovar a medida por 287 votos, 30 a mais do que o necessário --mas menos do que precisa para a Proposta de Emenda à Constituição da Previdência.
De acordo com uma fonte, o Palácio do Planalto vai endurecer sim as negociações com os partidos da base, já que vários --inclusive o PMDB, partido de Temer-- deram votos contrários à urgência no primeiro dia.
Temer salientou que vários partidos "melhoraram a performance" na quarta-feira, em comparação com o dia anterior. Perguntado se iria "discutir a relação" com a base, o presidente respondeu que discute "permanentemente".
"Discutir a relação nós discutimos permanentemente.O que mais eu faço é dialogar. A todo momento nós estamos dialogando com todos os partidos. Não pensem que é só em um partido que existe problema. Vamos dialogando, dialogando, e o importante é que nós vamos tendo vitórias", defendeu.
Cunha
Ao final da entrevista, o presidente foi perguntado se não via problemas nas tentativas do ex-deputado Eduardo Cunha de acusá-lo de "faltar com a verdade" e "omitir detalhes" sobre a reunião que teria acontecido em seu escritório sobre propina da Petrobras para o PMDB.
"Não digo nada sobre isso. Desejo a melhor felicidade a ele", respondeu Temer.
Em delação premiada no âmbito da Lava Jato, o executivo da Odebrecht Márcio Faria da Silva disse que Temer participou de reunião na qual foi acertado pagamento de propina de 40 milhões de dólares ao PMDB em 2010, quando era candidato a vice-presidente da República.
Segundo o delator, além de Temer, também participaram da reunião os ex-deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
Desde a divulgação da delação, Temer vem negando repetidamente qualquer participação em negociações escusas.
"É fato que participei de uma reunião em 2010 com representante de uma das maiores empresas do país", afirmou Temer em um vídeo que gravou especificamente para se defender.
"A mentira é que nessa reunião eu teria ouvido referência a valores financeiros ou negócios escusos da empresa com políticos", disse o presidente, acrescentando que isso nunca teria acontecido nesta ou em qualquer outra reunião.