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Sérgio Vale: governo Bolsonaro teria tensão entre liberais e anti-liberais

"Bolsonaro escuta cabeças liberais, como Paulo Guedes, mas também a de um monte de gente que não é liberal", diz economista chefe da MB Associados

Jair Bolsonaro, candidato do PSL, vota no Rio de Janeiro, dia 07/10/2018 (Pilar Olivares/Reuters)

João Pedro Caleiro

Publicado em 7 de outubro de 2018 às 22h13.

Última atualização em 7 de outubro de 2018 às 22h20.

São Paulo - Para o economista Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, o resultado de hoje mostra que o candidato Jair Bolsonaro conseguiu um resultado notável: eleger uma bancada significante no Congresso disposta a seguir suas ideias.

Por outro lado, resta saber se essa bancada seguirá a agenda reformista proposta pelo economista Paulo Guedes, conselheiro de Bolsonaro.

Veja a entrevista realizada na noite deste domingo:

Que país surge das urnas?

O que é interessante, não só na eleição presidencial, é que as eleições regionais estão dando força para o candidato Jair Bolsonaro. Até agora havia uma discussão forte sobre a governabilidade dele caso vencesse a eleição. Agora, ele entra com peças importantes no Senado e na Câmara.

Com governabilidade mais bem estabelecida, ele tem mais chances de fazer as reformas que a gente precisa. Com certeza o mercado financeiro vai abrir com bom resultado amanhã.

Quais serão as dificuldades de um governo Bolsonaro ao fazer reformas?

Uma coisa é ter base, a outra é o que ele vai fazer com a base. Boa parte das cabeças do legislativo que apoiam Bolsonaro não são reformistas. Por isso, vejo que será um governo de estresse entre liberais e anti-liberais, de briga ao longo do mandato sobre a execução das reformas.

Bolsonaro não tem um perfil de aglutinar pessoas ao seu redor, como tinha Lula e FHC. Nesse sentido, Bolsonaro se parece mais com Dilma, Collor e Sarney. Diria até que ele é um amálgama dos três ex-presidente. É um problema, porque Brasil é um país grande e diverso.

Precisa ter governo com capacidade de aglutinar interesses. Bolsonaro escuta cabeças liberais, como a do economista Paulo Guedes, mas também a de um monte de gente que não é liberal. A dúvida que fica é quem ele vai ouvir num governo.

O PT pode surpreender no segundo turno?

O antipetismo está imenso. O partido pode surpreender se conseguir mostrar que agenda liberal de Paulo Guedes não é a agenda mais popular entre os brasileiros. Se Haddad for hábil em desconstruir Bolsonaro, pode ser que consiga ir a um empate. Para isso, terá bastante tempo de televisão. Mas será uma campanha muito curta, de três semanas. Tem que ver se vai dar tempo para reverter o antipetismo.

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