Sem testes em massa, Brasil tem obstáculos para rastrear a covid-19
Método que funcionou na Coreia do Sul, "contact tracing" precisa da produção de milhares de kits por dia para conter o avanço do coronavírus
Agência O Globo
Publicado em 13 de abril de 2020 às 09h53.
Última atualização em 13 de abril de 2020 às 10h02.
Especialistas em saúde e autoridades sanitárias discutem, em todo todo mundo, medidas para conter o avanço do novo coronavírus e as mortes causadas pela Covid-19 . O método de "contact tracing", baseado na testagem em massa e isolamento de regiões do país em que portadores do vírus são identificados, foi implementado na Coreia do Sul - um dos primeiros países a controlar o surto da pandemia - e se tonou um dos focos de estudo.
A medida, no entanto, não é tão simples de ser replicada em outras nações, como o Brasil. Sem previsão testes em massa, estrutura ou recursos, especialistas afirmam que, dificilmente, a medida seria implementada no país.
Na Coreia do Sul, as autoridades públicas agiram rápido para conter o surto. Em duas semanas após a primeira confirmação, o país criou uma estrutura de guerra para aumentar a testagem dos sul-coreanos. O país, que tem cerca de 50 milhões de habitantes, passou a produzir 100 mil kits por dia e a controlar cada passo de pacientes com caso positivo.
O país do sudeste asiático ainda usa informações de empresas de telefonia para rastrear por onde cada paciente com caso confirmado para Covid-19 passou e com quem teve contato, como explica o infectologista do Hospital das Clínicas Max Igor Lopes. Segundo ele, a estratégia não poderia ser aplicada no Brasil pela falta de testes e pela demora das autoridades em tomar medidas de contenção dos doentes assintomáticos.
Para os especialistas, o Brasil deve, além de aumentar a testagem na população, insistir nas medidas de restrição para a circulação de pessoas e o acompanhar de perto os pacientes e seus contatos.