Sem citar JBS, Temer grava vídeo pedindo punição a criminosos
O vídeo, que deve ser divulgado nas redes sociais na tarde desta segunda, é mais uma resposta aos novos ataques desferidos pelo executivo Joesley Batista
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de junho de 2017 às 09h46.
Última atualização em 19 de junho de 2017 às 11h44.
Brasília - Antes de embarcar para Rússia e Noruega, o presidente Michel Temer gravou um vídeo que será exibido nesta segunda-feira, 19, nas redes sociais no qual afirma que os criminosos não ficarão impunes.
A afirmação é mais uma resposta aos novos ataques desferidos pelo empresário, Joesley Batista , um dos donos da JBS , a ele, agora por meio de entrevista à Revista Época, na qual diz que o presidente "comanda a maior organização criminosa do País".
Temer está incomodado com as acusações e mais ainda com o fato de o Ministério Público ter feito acordo de delação premiada com o empresário que o presidente chama da "bandido" - e pelo fato de o MP lhe permitir estar completamente livre, apesar dos crimes cometidos.
Por isso, Temer aproveita o vídeo para dizer que os responsáveis pelos crimes não ficarão impunes, mas não sem antes lembrar que a ascensão, expansão e enriquecimento de Joesley Batista não aconteceu em seu governo, referindo-se indiretamente ao PT.
A resposta de Temer virá em um dia em que, apesar de estar saindo para uma viagem de cinco dias ao exterior, o governo está à espera de uma denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução de Justiça.
O governo está convencido de que este discurso de criticar ao Ministério Público, que aceitou fazer um acordo de delação premiada sem prender, um dia sequer, um "bandido notório" como Joesley, pode "pegar" junto à opinião pública.
O presidente viu necessidade de aparecer falando e mostrando que não está refém das denúncias, ao contrário, que está enfrentando e vai enfrentar Joesley.
O presidente mostra, por exemplo, que todo este problema político trouxe prejuízos bilionários ao País e está atrapalhando a recuperação da economia, que começou a dar sinais positivos.
Sem citar o PT, o presidente também lembrar que não foi no seu governo que Joesley Batista conseguiu as maiores benesses.
Com, esse pronunciamento nas redes sociais,Temer quer mostra à sociedade que vai enfrentar e resistir à crise política, não se rendendo aos ataques do empresário.
Para o governo, Joesley ataca o presidente sem citar que foi o PT que teria proporcionou que o empresário se tornasse bilionário e expandisse seus negócios mundo afora, com dinheiro do BNDES.
O discurso é de que Joesley acusa Temer para esconder seus delitos e evitar ser preso ou se desvencilhar de qualquer tipo de punição.
A gravação foi feita depois de o presidente se reunir com alguns dos seus principais ministros, quando preparou não só a estratégia política para estes cinco dias que estará ausente do Brasil, mas também a estratégia jurídica.
O peemedebista ingressa nesta segunda-feira com ação civil e criminal contra Joesley, conforme anunciou no sábado, 17 em dura e longa nota distribuída em sua defesa.
Nos encontros do fimde semana, o presidente discutiu também a estratégia de defesa contra a já esperada denúncia da Procuradoria-Geral da República, a ser apresentada nos próximos dias. O Planalto quer mostrar que está se armando e pronto para esta e outras batalhas que vierem.
Além disso, com sua fala, Temer quer mostrar que o governo não está parado diante da crise política, a mais grave desde que o peemedebista assumiu a Presidência, depois da gravação de Joesley no Jaburu, divulgada há um mês e, agora, agravada com a entrevista à revista Época.
Economia
A gravação do vídeo, de quatro minutos, foi feita no Palácio da Alvorada, e será divulgada na tarde desta segunda-feira, data do seu embarque.
No vídeo, Temer também falará da importância da viagem para a abertura de mais mercados e novas oportunidades de negócios.
Em Moscou e Oslo, o presidente vai falar a investidores sobre o que o governo chama de momento de modernização econômica que vive o Brasil - com responsabilidade fiscal, de maior racionalidade e de mais segurança jurídica.