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Segurança de Carla Zambelli é preso por disparo de arma de fogo

Tiro foi feito após protestos de apoiadores do ex-presidente Lula contra deputada bolsonarista

Deputada Carla Zambelli em plenário (divulgação/Divulgação)

Deputada Carla Zambelli em plenário (divulgação/Divulgação)

Drc

Da redação, com agências

Publicado em 30 de outubro de 2022 às 10h58.

Última atualização em 30 de outubro de 2022 às 11h17.

Um segurança da deputada Carla Zambelli (PL), que não teve a identidade oficialmente revelada, foi preso em flagrante por disparo de arma de fogo pela Polícia Civil de São Paulo, na madrugada deste domingo, 30.

O segurança é um dos envolvidos na confusão entre a parlamentar e o jornalista Luan Araújo durante uma discussão, no bairro de Jardins, em São Paulo. A deputada apontou uma arma de fogo contra ele.

A deputada federal afirma ter agido em legítima defesa após ter sido agredida por "um homem negro" e "militante de Lula".

Vídeos, que viralizaram na internet, mostram a parlamentar, um segurança e seus assessores correndo atrás do jornalista Luan Araújo após uma discussão política entre os dois. No momento da confusão, é possível ver o homem xingando a parlamentar. Ela tenta correr, cai sozinha e depois segue Luan Araújo. O homem grita por socorro enquanto corre, um barulho de tiro é ouvido e alguém pede que a polícia seja chamada. Ao entrar em um bar onde Luan Araújo tentou se refugiar, Carla Zambelli manda que o jornalista deite de no chão. Ele diz que ela quer matá-lo e senta em uma cadeira.

Após o incidente, Luan Araújo registrou queixa em uma delegacia em São Paulo contra a parlamentar por ameaça e racismo. Depois de prestar depoimento, o homem pediu proteção e disse que está assustado.

Carla Zambelli também registrou boletim de ocorrência. Zambelli, que foi reeleita com a segunda maior votação de São Paulo, com 946.244 votos, chegou à delegacia no começo da noite de sábado, 29. 

Versões

Há três vídeos conhecidos sobre o caso. Eles indicam momentos distintos da confusão. O primeiro é retratado por gravação divulgada pela deputada. Ele mostra Luan e um amigo discutindo com o grupo de Zambelli. O jornalista afirma que “amanhã é Lula” deixando claro o motivo da discussão.

De acordo com o criminalista Roberto Beijato Junior, um dos advogados do grupo Prerrogativas que defende Luan, “houve uma desavença verbal e a Carla Zambelli perdeu a cabeça e se exaltou”. Ele negou que seu cliente tenha agredido a deputada. “Ela tropeçou e foi atrás dele, como mostra o vídeo do caso.” A defesa pretendia pedir à polícia que apurasse ameaça, porte de arma e disparo de arma de fogo na rua para saber se houve ou não tentativa de homicídio.

O analista de TI Reinaldo Vieira participava de um chá de bebê na região quando ele e seus amigos se envolveram em uma discussão com a deputada. Seguiu-se troca de ofensas e o rapaz fez um sinal de “L” com a mão e gritou “te amo, espanhola”. “Ela ficou doida de raiva, saiu atrás da gente, mas tropeçou. Os seguranças a acompanharam e um deles deu um tiro na direção da perna do meu amigo”, afirmou Vieira.

Um segundo vídeo mostra o momento em que Luan e seu amigo tentam sair de perto do grupo de Zambelli. Os xingamentos mútuos parecem continuar. É quando Luan e o amigo se afastam e a deputada leva um tombo. Aparentemente, um tropeço. As imagens mostram em seguida o início da perseguição, com a deputada correndo atrás de Luan. Um homem ao lado dela, de camisa cinza, aparece com arma em punho. Outro tenta chutar o jornalista. É aí que acontece o disparo.

O último vídeo exibe o fim da confusão, quando Luan entra em um restaurante. Zambelli, de arma em punho, entra no lugar atrás do jornalista. Pelas imagens, é possível ouvir uma voz semelhante à da deputada pedindo que ele “deite no chão”.

No Instagram, a deputada deu uma versão diferente da mostrada nos vídeos. Na versão dela, um grupo de homens tentou intimidá-la. "Me empurraram no chão. Eles usaram um negro para vir em cima de mim. Eram vários. Tinha uma mulher de camiseta vermelha. Me empurraram, me jogaram no chão, me chamaram de filha da p..., prostituta”, relatou. Ela diz ter apontado o revólver na intenção de deter o sujeito até a chegada de policiais militares. 

"E aí, quando ele me empurrou, eu caí, eu saí correndo atrás dele, falei que ia chamar a polícia, que ele tinha que ficar aqui para poder esperar a polícia chegar. A polícia já está aqui. Aí ele se evadiu, daí eu saquei a arma e saí correndo atrás dele. Pedindo para ele parar, ele ficou com medo e parou dentro de um bar”, disse.

Resolução do TSE

Uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) restringe o transporte de armas 24h antes das eleições. A decisão do TSE foi tomada, por unanimidade, em setembro deste ano, atendendo a um pedido dos chefes de Polícia Civil dos estados, que alertavam para os riscos diante do cenário político polarizado.

“A resolução é ilegal, e ordens ilegais não se cumprem. Eu conscientemente estava ignorando a resolução e continuarei ignorando a resolução do senhor Alexandre de Moraes [presidente do TSE], porque ele não é legislador. Ele é simplesmente presidente do TSE e membro do STF. Ele não pode em nenhum momento fazer uma lei. Isso é ativismo judicial”, avaliou a deputada.

A assessoria da parlamentar divulgou nota em que aborda a proibição. “A deputada federal possui registro de arma de fogo para defesa pessoal. A resolução do TSE que proíbe o porte aplica-se apenas aos CACs [Certificado de Registro Pessoa Física - Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador], ou para ingresso de armas em seções eleitorais”, aponta o texto.

O ministro Alexandre de Moraes determinou a investigação da conduta da deputada federal. Será investigado o possível crime eleitoral por porte ilegal de arma.

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