Saúde anuncia reserva de vagas de mestrado e doutorado para o Mais Médicos; entenda
A reserva é fruto de parceria com o Ministério da Saúde, que busca trazer atrativos na nova versão da política que leva profissionais a regiões onde há escassez ou ausência deles
Agência de notícias
Publicado em 11 de outubro de 2023 às 18h30.
Profissionais do Mais Médicos vão ter vagas reservadas para o programa de pós-graduação profissional da R ede Nordeste em Saúde da Família (Renasf). Serão 48 vagas de doutorado e 120 de mestrado. As inscrições vão de 9 a 23 de novembro.
A reserva é fruto de parceria com o Ministério da Saúde, que busca trazer atrativos na nova versão da política que leva profissionais a regiões onde há escassez ou ausência deles. A manutenção dos médicos no programa, principalmente em áreas de difícil acesso, é um desafio. Por isso, a retomada de editais neste ano já previu bônus salariais por fixação em cidades vulneráveis, e o governo prometia mais oportunidades de capacitação.
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“Os médicos externavam essa vontade de ter mais oportunidade de formação. Incluir o mestrado nessa nova etapa de retomada do programa é um ponto fundamental, inclusive para estimular a sequência dos médicos no programa, que é um objetivo importante dessa retomada”, diz Felipe Proenço, secretário-adjunto de Atenção Primária à Saúde. Levantamento da secretaria revelou que 41% dos participantes do Mais Médicos desistiam do posto de trabalho por estarem em regiões remotas e sentirem a necessidade de sair à procura de capacitação e qualificação.
Por ser um programa de educação para o trabalho, os dois primeiros anos do médico já são dedicados a uma especialização em saúde da família e da comunidade. Trata-se de uma pós-graduação lato sensu oferecida pela Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (UNA-SUS). O mestrado e o doutorado são considerados stricto sensu, ou seja, há um maior aprofundamento no campo do saber ao qual se destina.
Pós-graduação profissional
Mesmo para entrar no mestrado, o médico vai precisar já ter concluído essa formação lato sensu ou residência na área de saúde da família e da comunidade. Por isso, inclusive, a ideia da gestão era só fazer a oferta de vagas nesse tipo de programa a partir de 2025, com a conclusão dos primeiros dois anos desses profissionais. No entanto, conforme Proenço, os planos foram adiantados pois já há médicos que cumprem os pré-requisitos.
Ao contrário dos mestrados e doutorados acadêmicos, os profissionais são menos teóricos e têm foco no mercado. Segundo Proenço, o trabalho de conclusão inclusive terá de envolver um problema da sua equipe ou da comunidade onde atua.
“Vamos supor que o médico avalia que uma das dificuldades dentro da equipe de saúde da família é consolidar as informações que são necessárias para planejar as atividades. Então, durante o mestrado, vai estudar tudo o que tem de referência sobre esse sistema, como usar dados em saúde, como planejar as atividades de uma equipe para acompanhar melhor as gestantes, como identificar a situação de vacinação das crianças e acompanhar os hipertensos e diabéticos. E, nesse trabalho de conclusão, fará uma proposta de como melhorar isso”, exemplifica.
Nordeste
A Renasf é uma das iniciativas da Fiocruz Ceará, em parceria com instituições de ensino e pesquisa da região, com as secretarias estaduais e municipais de Educação, Saúde, Ciência e Tecnologia. A rede oferece o programa de pós-graduação em saúde da família de forma descentralizada, com participação de 11 instituições para o mestrado e três para o doutorado dividas em seis estados do Nordeste brasileiro.
As linhas de pesquisa em saúde da família e da comunidade foram priorizadas devido ao papel dessa área da medicina para o SUS. Ela atua na porta de entrada da saúde pública ao acompanhar famílias da área de abrangência de uma unidade de saúde, com foco de promoção da saúde, além de prevenção e acompanhamento de doenças.
As aulas de mestrado e doutorado serão presenciais e divididas entre as instituições da Rede Nordeste. Segundo Proenço, por se tratar de um programa profissional, há uma “concentração periódica” das atividades para que os médicos consigam conciliar os estudos com o trabalho.
Não há uma proibição que impeça profissionais do Mais Médicos alocados em outras regiões de fazerem parte do programa de pós-graduação, no entanto, a necessidade de deslocamento para as aulas presenciais pode ser um impeditivo. Por isso, a pasta trabalha para que haja reserva de vagas em mestrados e doutorados em outras regiões. As tratativas estão “avançadas”, conforme Proenço.
Residência
Em maio deste ano, o Estadão já havia conversado sobre o assunto com Proenço, em uma reportagem que apresentou as novidades do programa. Ele comentou que o bônus salarial e a possibilidade de pós-graduação eram uma “resposta importante”, mas a pasta entende que só isso não resolve o problema de fixação e má distribuição regional. “É bastante complexo. Depende também da oferta de residência”, diz.
A reportagem questionou o secretário sobre o planos nesse sentido. “A residência tem um calendário muito ‘fechadinho’. Propostas podem ser apresentados até junho e todos os programas de residência têm que começar no dia 1° de março”, disse.
“Já fizemos incentivos neste ano. A Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação está preparando edital para apoiar os programas de residência, mas como esse calendário da residência é muito fechado ao longo do ano, a gente só consegue fazer os anúncios nessas datas. Então ainda está sendo preparado”, completou.