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Reforma ministerial é estratégia para evitar impeachment

Avaliação é de professor de ciência política da Unicamp Marcos Nobre; anúncio da reforma foi adiado para a próxima semana


	Dilma Rousseff: para Marcos Nobre, presidente errou ao adiar anúncio de reforma ministerial
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Dilma Rousseff: para Marcos Nobre, presidente errou ao adiar anúncio de reforma ministerial (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2015 às 12h54.

São Paulo - A reforma ministerial que vem sendo discutida pelo governo e pode resultar em mais pastas para o PMDB é, em primeiro lugar, uma estratégia da presidente Dilma Rousseff para evitar seu impeachment, avalia o professor de ciência política da Unicamp Marcos Nobre. Diante disso, a aprovação do ajuste fiscal passou para o segundo plano, aponta o professor.

"O ajuste é algo que nitidamente não será aprovado, não da forma como foi enviado pelo governo, porque os líderes do PMDB já se declararam contra. O objetivo da reforma é enfrentar o impeachment para garantir o governo e, em um segundo momento, voltar com o ajuste", afirma.

Havia a expectativa de que nesta semana a presidente concluísse as negociações sobre a reforma ministerial e anunciasse as mudanças, dando mais espaço para o PMDB, que tem se mostrado resistente em aprovar as medidas de austeridade propostas pela equipe econômica. No entanto, as conversas ainda não terminaram e Dilma viajou para os Estados Unidos, adiando o anúncio da reforma.

A decisão de manter a viagem para os EUA, que já estava agendada, foi um grave erro da presidente, avalia Nobre. "Nesse momento de extrema fragilidade do governo, uma viagem como essa atrapalha tudo e cria mais instabilidade porque, quanto mais você demora para resolver isso, pior fica a situação para negociar lá na frente", disse.

Para o professor da Unicamp, reformas ministeriais precisam ser feitas "de uma vez". "Se você dá tempo, as disputas começam a aparecer e os problemas vão se tornando insuperáveis. Se a presidente diz que vai cortar dez ministérios, e não diz quais são e quem fica e espera um mês para decidir, isso gera uma guerra, o governo cria uma crise. Tem que resolver tudo de uma vez", afirmou.

Propaganda do PMDB

Sobre a propaganda veiculada na quinta, 24, pelo PMDB, na qual o partido fala que é preciso "alguém para reunificar o País", Nobre classificou-a como um "ufanismo fúnebre". "É um ufanismo que prepara o enterro do governo. Eles disseram o seguinte: nós estamos preparados para qualquer coisa. A situação está favorável para eles porque não precisam fazer nada, só ficar parado", disse.

O programa do PMDB foi ao ar na quinta noite, em cadeia nacional de rádio e TV, e durou dez minutos. Na abertura, a apresentadora diz que "é hora de deixar o estrelismo de lado". Após sua fala, um mosaico inicialmente formado por dezenas de integrantes da sigla se transforma, ao final, no rosto do vice-presidente da República e presidente do PMDB, Michel Temer, o primeiro a falar.

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