Exame Logo

Receita identifica acesso ilegal a dados fiscais de Bolsonaro e aciona PF

Órgão informou que dois servidores consultaram os dados do presidente sem motivação legal

Bolsonaro: dados fiscais do presidente foram acessados (Ueslei Marcelino/Reuters)
AB

Agência Brasil

Publicado em 5 de abril de 2019 às 19h27.

Última atualização em 5 de abril de 2019 às 21h15.

A Receita Federal acionou a Polícia Federal (PF) para investigar o acesso a informações fiscais do presidente da República, Jair Bolsonaro , e de membros de sua família.

Em nota oficial, o órgão informou que uma sindicância concluiu que dois servidores do órgão consultaram os dados sem motivação legal. Não foi informado quais integrantes da família Bolsonaro tiveram seus dados acessados.

Veja também

A Polícia Federal fez operação em dois escritórios da Receita. Foram feitas operações em Vitória (ES) e em Campinas (SP). Foram apreendidos computadores e dois servidores foram ouvidos - um dos servidores é Odilon Ayub Alves, que atua em Vitória.

A sindicância foi aberta em janeiro depois de a Receita ter identificado o acesso irregular. Os servidores - que não são auditores fiscais - não tinham autorização para acessar os dados e, como o sistema é monitorado, acendeu-se um alerta.

A investigação concluiu que os servidores não tinham motivação para buscar os dados, que não embasavam nenhum procedimento em curso. Por isso, o órgão abriu sindicância e avisou a PF.

Os dois servidores respondem a processo administrativo. Eles não foram afastados de suas funções, mas foi retirado o acesso que tinham ao sistema.

"Gravíssimo"

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a violação dos dados fiscais do presidente é um ato "gravíssimo". À reportagem, Maia ressaltou que a Receita Federal deve abrir procedimento imediato para afastar do serviço público quem acessou as informações ilegalmente.

"É gravíssimo. A Receita deveria abrir logo procedimento para afastá-los do serviço público", disse à reportagem.

Os líderes do PSDB, Carlos Sampaio (SP), e do DEM, Elmar Nascimento (BA), também afirmaram que o acesso irregular é "muito grave" e precisa ser investigado com seriedade pela Polícia Federal.

"Se até o presidente da República sofre abuso de poder, imagina o que acontece com o cidadão comum no dia a dia", afirmou Elmar. "Sem dúvida a quebra de sigilo, sem autorização judicial, é muito grave", disse Sampaio.

A líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), também concorda coma  gravidade do caso e afirmou que significa roubo de dados do mandatário.

"É gravíssimo. Isso é caso de polícia. É roubar dados fiscais do presidente", disse.

Em nota divulgada nesta sexta-feira, 5, a Receita identificou que dois servidores do órgão acessaram de maneira irregular dados fiscais do presidente e de integrantes de sua família.

O órgão abriu sindicância para apurar as circunstâncias do acesso às informações e concluiu que não havia motivação legal para esse ato. A Receita notificou o caso à Polícia Federal e abriu procedimento para apurar a "responsabilidade funcional" dos envolvidos.

A Receita não informou quais integrantes da família de Bolsonaro tiveram seus dados acessados.

Leia a nota da Receita na íntegra:

A Receita Federal informa que, após identificar o acesso a informações fiscais do Sr. Presidente da República e de integrantes de sua família por dois servidores, o órgão abriu sindicância para apurar as circunstâncias em que esse acesso foi realizado.

A sindicância concluiu que não havia motivação legal para o acesso e, por esta razão, a Receita notificou à Polícia Federal ao mesmo tempo em que iniciou procedimento correicional, visando apurar responsabilidade funcional dos envolvidos.

Acompanhe tudo sobre:Jair Bolsonaroreceita-federal

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame