Ramagem diz que Bolsonaro autorizou gravação de reunião no Planalto sobre investigação de Flávio
Ex-diretor da Abin explicou que gravou o encontro para "registrar um crime", que, segundo ele, acabou não acontecendo
Agência de notícias
Publicado em 15 de julho de 2024 às 19h43.
Última atualização em 15 de julho de 2024 às 19h52.
O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e hoje deputado federal, Alexandre Ramagem (PL-RJ), afirmou nesta segunda-feira que gravou a reunião sobre a investigação envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) com autorização do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A gravação foi apreendida pela Polícia Federal no notebook de Ramagem e compõe o inquérito que apura a suposta espionagem ilegal praticada durante o governo passado para beneficiar o ex-mandatário, seus filhos e aliados.
— Essa gravação não foi clandestina. Havia o aval e o conhecimento do presidente — disse Ramagem em vídeo postado na rede X. Ele explicou que gravou o encontro de 1 hora e 8 minutos com o objetivo de registrar um crime e proteger o então presidente. Segundo Ramagem, "havia a informação" de que viria no encontro uma pessoa próxima do então governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, com uma "proposta nada republicana". Na época, Bolsonaro tratava Witzel como um adversário político que visava tomar o seu lugar no Palácio do Planalto.
— A gravação, portanto, seria para registrar um crime, um crime contra o presidente da República. Só que isso não aconteceu e a gravação foi descartada — afirmou ele.
A reunião ocorreu em agosto de 2020 no Palácio do Planalto e contou com Bolsonaro, Ramagem, o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional ( GSI ), Augusto Heleno, e duas advogadas de Flávio. No áudio, as defensoras falam de supostas irregularidades cometidas por auditores da Receita Federal que elaboraram um relatório de inteligência fiscal que originou investigação da chamada "rachadinha" contra Flávio Bolsonaro.
Durante o encontro, Bolsonaro e Ramagem falam sobre estratégias para blindar o filho 01 da investigação da chamada "rachadinha". Entre as sugestões dadas à defesa de Flávio, eles falam em falar com o chefe da Receita e vir uma ação "de dentro" do órgão.
— Quando o presidente se manifestou, ele sempre informou que não queria favorecimento, sempre se manifestou que não queria jeitinho muito menos tráfico de influência — ressaltou Ramagem.