Quero ser presidente para que mulheres não sejam subestimadas, diz Marina
"Se estão me dando uma frestinha, de 21 segundos (no rádio e TV), pouco dinheiro, andando em avião de carreira, é por essa frestinha que vou passar", disse
Reuters
Publicado em 28 de agosto de 2018 às 17h54.
São Paulo - A candidata da Rede à Presidência, Marina Silva , fez um aceno ao eleitorado feminino nesta terça-feira e afirmou durante sabatina em São Paulo que quer tornar-se presidente da República para que as mulheres não sejam mais subestimadas e não precisem mais passar por "frestas", mas por portas para serem bem-sucedidas.
Em sabatina organizada pelo jornal O Estado de S. Paulo e pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) na capital paulista, Marina afirmou ainda que, nesta campanha eleitoral, terá uma "fresta" de 21 segundos, se referindo ao tempo que terá na propaganda de rádio e TV e criticou adversários que têm estrutura e recursos maiores para campanha.
"O que é viável mesmo na política? Viável é substituir a população pelo centro? Viável é trocar a coerência pelo tempo de televisão? Viável é se entregar para a mentira do marqueteiro em vez de discutir sinceramente com o povo brasileiro? Essa viabilidade eu não quero", disse ela durante a sabatina.
"Se estão me dando uma frestinha, de 21 segundos, pouco dinheiro, andando em avião de carreira, acordando às quatro e meia da manhã, indo dormir quase todo dia depois de uma da manhã, é por essa frestinha que eu vou passar", afirmou ela.
Em um cenário em que as mulheres são a maioria entre o eleitorado e também representam parcela significativa entre os indecisos, Marina buscou acenar para as eleitoras. A candidata da Rede e Vera Lúcia (PSTU) são as únicas mulheres na corrida presidencial.
"Eu quero falar com as mulheres brasileiras. Eu nunca mais quero ver uma mulher sendo subestimada. Não quero ver uma mulher sendo tratada como se não pensasse, como se não pudesse. Nós podemos, e nós vamos transformar essa fresta em grandes portais de transformação", disse a candidata da Rede.
Marina, que aparece na segunda posição nas pesquisas de intenção de voto nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deve ficar impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa, teve no debate realizado neste mês pela Rede TV um forte embate com o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, após o adversário afirmar que a disparidade salarial entre gêneros não merecia ser alvo de preocupação.
Bolsonaro, autor de declarações polêmicas, algumas delas apontadas por críticos como misóginas e machistas, tem dificuldade entre o eleitorado feminino, de acordo com as pesquisas.