Quantidade de cesáreas feitas no país cai pela 1ª vez desde 2010
Em 2015, o País havia sido apontado pela Organização Mundial de Saúde como um exemplo negativo de "cultura de cesárea" no mundo
Estadão Conteúdo
Publicado em 11 de março de 2017 às 16h43.
São Paulo -- O número de cesarianas apresentou queda no País pela primeira vez desde 2010, ano em que as cesárias passaram a ser realizadas com mais frequência que os partos normais. Dados divulgados ontem pelo Ministério da Saúde apontam queda do procedimento de 1,5 ponto porcentual em 2015 - e os números preliminares de 2016 apresentam a mesma tendência.
Dos 3 milhões de partos feitos no Brasil em 2015, 55,5% foram cesáreas e 44,5%, normais. Os números mostram ainda que, considerando apenas a rede pública, o porcentual de normais permanece maior - 59,8% ante 40,2% de cesarianas.
O Ministério da Saúde comemorou os dados. Em 2015, o País havia sido apontado pela Organização Mundial de Saúde como um exemplo negativo de "cultura de cesárea" no mundo e se avaliava que a prática se tornou "uma epidemia". Nesta semana, como o Estado adiantou, o ministério avançou em regras para reduzir a violência obstétrica, conscientizar mulheres e estimular o parto normal.
Para o governo, a mudança na curva ascendente de cesarianas foi possível com a implementação da Rede Cegonha e investimentos em 15 centros de parto normal, além da qualificação das maternidades de alto risco e de ações da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) com as operadoras de planos de saúde. Na mesma linha, o ministério anunciou a capacitação de profissionais de saúde em 86 hospitais-escola do País, responsáveis por mais de mil partos por ano, para estimular o conhecimento sobre o parto normal entre os futuros médicos.
Para o obstetra José Guilherme Cecatti, pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que investiga cesáreas desnecessárias, a queda era esperada. "Com todo o esforço já há alguns anos do Ministério da Saúde, das universidades e das mulheres - por um retorno a valores mais tradicionais com relação ao parto e pela sua humanização -, era de se esperar que uma hora isso começasse a virar", disse. "Há um movimento internacional nesse sentido (de estímulo ao parto normal)."